Acordei casada romance Capítulo 30

— Fred... Fred...

Acordei com o som da minha voz chamando pelo Fred, senti uma forte dor na cabeça e ao abrir os olhos notei que estava em um quarto de hospital, então por impulso me levantei, sentando na cama.

— Filha, você acordou, que susto nos deu — disse minha mãe me vendo sentar na cama.

— Mãe, por que estou no hospital?

— Você desmaiou e caiu batendo a cabeça na mesinha que tinha do lado da sua cama e como estava demorando em acordar, te trouxemos para o hospital, mas graças a Deus não foi nada grave, só vai ficar com um galo no meio da cabeça. Você teve muita sorte, pois se tivesse batido a nuca, seria perigoso.

— Mãe, eu preciso saber do Fred — falei me lembrando do motivo que me fez desmaiar, e mesmo sentindo dor na cabeça, me levantei, procurando meu celular.

— Filha, calma, eu já liguei para mãe dele, achei o telefone dela no seu celular. Ele não estava nesse voo, pois foi mais cedo para a Espanha.

— Sério? Que alívio! — falei pegando meu celular, que estava com ela e me sentei de novo na cama, antes que pudesse me conter comecei a chorar do nada. Fiquei com tanto medo de perdê-lo para sempre com esse acidente, que tudo que eu mais queria agora era ele comigo. Mas não podia ficar com ele.

— Filha, você o ama! Por que vive fugindo dele? Você já me explicou, mas não acho que seja motivo para não estar com ele. Pelo que sabemos ele continua sozinho e sofrendo por você, desde o dia que viemos para cá, ele liga todos os dias, só que você sempre me pede para mentir. Se realmente ele tivesse outra, não ficaria atrás de você como faz. Não acredito que ele seja como você pensa, ele mudou por você e você sabe disso!

— Mãe, eu não sei o que fazer, eu o amo mais que tudo, mas não posso ficar com ele. Não seria justo para ele, pois Fred ama crianças e vai querer ter um filho comigo, eu não vou poder dar um filho para ele — falei colocando a mão no rosto e comecei a chorar mais ainda.

— Mas por quê? Se você também ama crianças. Não entendo! — minha mãe falou se aproximando e me abraçou.

— Mãe lembra o quanto eu sofria com cólica menstrual? A dor era tanta que eu até desmaiava e o fluxo era intenso, parecia hemorragia.

— Sim, lembro.

— Depois que vim morar aqui, resolvi tratar e descobri que tinha Endometriose no útero e no ovário esquerdo, estava muito avançado e para preservar um dos ovários, a retirada do útero foi parcial, o médico disse que não havia chances de eu engravidar. Isso quer dizer que não posso ser mãe biológica e nem dar um filho para o Fred. Mãe, eu nunca contei isso para ninguém, nem para vocês, pois não queria que sentisse pena de mim — falei, enquanto sentia as lágrimas aumentarem em meus olhos e escorrerem desenfreadamente pelo rosto.

— Eu nunca pensei que tudo que passou com a menstruação fosse tão grave, por isso nunca te levei ao médico. Desculpe-me, filha, talvez se tivesse descoberto mais cedo tinha como tratar.

— Não precisa se desculpar, a senhora não fez por mal.

— Mas se o Fred te ama como demonstra, ele não vai se importar com isso, já que vocês juntos podem criar a Beka e adotar outra criança, um menino, talvez. Deixa de ser boba e liga agora para o Fred. Se você não ligar, ligo eu e vou contar tudo a ele. Vai, filha não fica aí parada, ponha sua vida nos eixos, pois só assim vai ser feliz — Ela falou limpando minhas lágrimas.

— Tá certo, se ele me ama vai me aceitar como sou! Mas, mãe, quem era essa tal de Bárbara que ligou para ele há três semanas?

— Filha pode ser cliente, não acho que seja nada importante, pois se não ele não estaria sozinho, concorda? Agora liga para ele.

Com o celular na mão, liguei para ele, que no terceiro toque atendeu e no mesmo instante meu coração disparou e fiquei muda no celular.

— Oi, Sophia, você está aí? — Só que fiquei ali paralisada ouvindo ele me chamar.

— Vai filha, fala! — minha mãe falou me dando um cutucão.

— Oi, Fred... Tudo bem?

— Tudo, como é bom ouvir sua voz, senti falta disso — Ele falou de um jeito que me deu um frio na barriga.

— Fred, eu estou te ligando para perguntar se ainda quer conversar comigo sobre a gente?

— Claro que quero, é tudo o que eu mais quero.

— Então podemos nos encontrar?

— Com certeza, assim que eu voltar para Porto Alegre eu te ligo e combinamos, vou ficar uns dois dias aqui. Acho que você não faz ideia de como me deixou feliz com sua ligação. Posso te ligar amanhã?

— Claro que pode. Fred preciso desligar agora, amanhã conversamos.

— Tá certo, linda, estou sentindo muito sua falta, beijos e até amanhã. Ah, já estava me esquecendo, Bárbara é a Babi, a mulher de um cliente, desculpa, nem me lembrei dela quando me perguntou, mas o marido dela veio tirar satisfação comigo porque desliguei na cara dela e não fui à reunião que remarcaram, foi então que me dei conta que quem atendeu foi você, agora entendo porque daquilo tudo aquele dia. Tudo bem eu mereci, pois sempre fui safado e dei motivo antes de te conhecer, mas nunca na minha vida ficaria com uma mulher de sessenta anos, viu?! Recado dado. Tchau, minha linda, até.

Ele nem me deixou falar nada e desligou, mesmo assim me senti aliviada de saber que Bárbara era uma mulher de sessenta anos.

Meu coração estava aos pulos de tanta alegria por saber que Fred não estava no voo e que ainda queria conversar comigo e que nunca me traiu.

— E aí, filha, como foi? Pelo visto foi tudo bem só pelo sorriso estampado no seu rosto. Fico feliz de ver esse sorriso.

— Ah, mãe foi tão bom fal...

— Boa tarde, Senhorita Sophia, pelo visto está bem — falou o médico entrando e cortando nossa conversa. E continuou: — Fizemos alguns exames na sua cabeça, mas está tudo bem, não há lesão interna, vai ficar com galo e como já acordou e vejo que está muito bem, vou te dar alta, não há necessidade de passar o resto da tarde aqui e nem a noite. De medicação para dor pode tomar o que está acostumada e tenha um ótimo dia – ele falou nos cumprimentando com aperto de mão e saiu em seguida.

— Nossa que medico doido, não deixou nem a gente falar nada e já foi saindo — falei olhando para minha mãe. — Vamos embora, te conto no caminho. A senhora veio de carro?

— Sim, deixei seu pai com a Milla e vim te trazer, ele só me ajudou te colocar no carro. Então vamos — disse ela pegando sua bolsa e eu peguei a minha e juntas nós saímos do hospital.

No caminho para o meu apartamento, eu contei tudo a ela sobre a conversa que tive com o Fred, ela ficou toda alegre de ver que eu contava feliz, principalmente sobre a Bárbara.

Chegamos ao apartamento, meu pai e Milla, vieram ao meu encontro me enchendo de perguntas querendo saber como eu estava, conversei um pouco com eles e avisei que eu iria tomar um banho para relaxar um pouco.

Já era quase sete da noite, quando eu saí do quarto. Tomei um banho tão demorado que nem vi a hora passar, pois depois do banho me joguei só de toalha na cama e fiquei pensando no Fred e na conversa que mudaria minha vida.

Cheguei à cozinha e a mesa já estava posta.

— Mãe, me desculpe demorei muito no quarto, nem te ajudei com a janta.

— Imagina, filha, não se preocupe, pois você precisava mesmo descansar. Bom, a janta está pronta — Ela falou saindo da cozinha e foi chamar meu pai e Milla para jantar.

Sentamos à mesa e saboreamos batatas recheadas com frango desfiado, cheddar, acompanhadas de muita batata palha. Minha mãe sabe que eu adoro.

Depois de comer, agradeci pelo jantar delicioso e ajudei com a louça.

— Mãe, eu estou com dor na cabeça, quer dizer no galo, vou tomar um medicamento e vou me deitar. A senhora se importa?

— Claro que não, filha, amanhã seu dia vai ser bastante agitado, é bom descansar bastante.

— Mas amanhã é sábado, eu não trabalho.

— Eu sei, filha.

— Então por que disse que vai ser agitado? Não entendi.

— Por nada, filha, vai dormi, vai! Amanhã conversamos.

Fui até ela sem entender nada do porquê meu dia seria agitado e dei um beijo de boa noite, fui até meu pai e Milla que estavam na sala assistindo TV e dei boa noite para eles, então fui para meu quarto.

Demorei um pouco para dormir, pois a dor de cabeça estava me incomodando bastante, mas quando finalmente passou, eu acabei adormecendo.

— Sophia, eu posso entrar?

Acordei com a voz da Bia, eu deveria estar sonhado, pois o que Bia estaria fazendo em minha casa àquela hora. Olhando no celular eram sete horas da manhã, em pleno sábado. Devia ter acontecido alguma coisa.

— Sophia, acorda...

Quando fui me levantar para abrir a porta, Bia abriu e foi entrando.

— Vamos levantar, dorminhoca. Temos um dia longo hoje — Ela falou abrindo a janela.

— O que faz aqui, Bia?

— Ah, Sophia, você já se esqueceu do nosso compromisso de hoje.

— Que compromisso?

— A festa das princesas do aniversário da Malu? Você recebeu o convite na segunda-feira dessa semana e já esqueceu?

— Não gosto de festa à fantasia.

— Eu sei, mas é aniversario da Malu e Léo ficará muito triste se você não for.

— Mas o aniversário dela não é em dezembro?

— Claro que não. É em outubro, lembra?

— Não lembro. Bom, vou pelo Léo, mas a festa é só à noite.

— Sim, mas vamos provar os vestidos, fazer as unhas, o cabelo e maquiagem, por último, claro! Vamos! Levanta e vai se trocar.

Saí da cama meio sonolenta e fui me trocar. Uma festa de princesas, isso é coisa de criança. Malu sempre foi toda delicada e infantil, eu não deveria estar tão surpresa com o tema de sua festa, mas era compreensível meu desconforto, não acha? Se ela gostava de sonhar cor de rosa, outras pessoas não. Mas ok, esse era o jeitinho dela e como era um amor de pessoa, eu iria a essa festa.

Depois de pronta, saí do banheiro vestindo uma saia curta vermelha bem rodadinha, uma blusa tomara que caia branca e coloquei uma rasteirinha bem confortável.

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