Além do horizonte romance Capítulo 23

Atílio e Guadalupe tomaram água e conversaram na cozinha, tempos depois eles voltaram para a sala e ele estava bem mais calmo, Jamile ainda estava analisando o comportamento daquele homem e avaliando se de fato havia sido boa ideia procurá-lo depois de tantos anos.

Jamile

Não sei o que esperar dele, me parece rude e um tanto hostil. Não se parece nada comigo a não ser fisicamente, não sei se ele seria capaz de me amar ou de me aceitar como sua filha depois da reação horrível que teve.

– Amélia? – Guadalupe perguntou.

– Sim filha, estou aqui.

– Coloque por favor mais dois lugares à mesa, eles irão ficar conosco.

– Não sei se isso é uma boa ideia, moça! – Jamile respondeu olhando assustada para Gabriel.

– Sou Guadalupe, esposa do seu pai e nossa casa agora é sua também.

Jamile sorriu timidamente, ainda era uma situação desconcertante para todos naquela sala. Amélia subiu as escadas e chamou Leandro e Celina de volta...

– O que aconteceu lá embaixo? Quem eram os dois? – Leandro perguntou para a governanta da casa.

– A mocinha é filha do menino Atílio e o rapaz é marido dela.

– Meu primo sempre foi devasso, mas nunca imaginei que tivesse herdeiros assim espalhados pelo mundo. – Celina sorriu ao dizer.

– Deixem de ser venenosos, eles irão ficar, então tratem de manter o respeito e nada de comentários desnecessários ainda mais hoje, que os nervos de todos estão a mil. – Amélia diz e Celina deu uma revirada de olhos maliciosa, já pensava até em usar isso para chatear Guadalupe. Eles foram até a sala de jantar, Gabriel se sentou ao lado de Jamile a timidez dela era ofuscada pelo olhar desafiante do marido para Atílio.

– Vejo que temos companhia para o jantar! – Leandro chegou usando de sua ironia.

– Me chamo Gabriel e essa é minha esposa Jamile.

– Muito prazer conhecê-los, sou Leandro Fontes.

Celina logo percebeu o quanto aquele jovem era belo e forte, seus hormônios estavam a flor da pele desde que chegou naquela casa. Eram tantos homens maravilhosos, que ela agora se sentia no verdadeiro paraíso.

– Vou servi-los agora. – Amélia os serviu atenciosamente.

– Jamile, acho que vai gostar da comida e quero que se sinta em casa. Amélia cozinha muito bem! – Guadalupe diz para Jamile e a moça não tem contém ao perguntar.

– Você nasceu assim, cega?

Gabriel deu uma olhada furiosa para e Jamile, como poderia ser tão indelicada em perguntar algo assim em plena mesa de jantar.

– Desculpe pela pergunta dela, minha esposa é um tanto impulsiva.

– Nada demais, só perguntou o que qualquer outra pessoa perguntaria também! – Celina aproveitou a indelicadeza de Jamile para magoar ainda mais Guadalupe.

– Eu nasci assim.

– Mas é uma mulher completa e dona dessa casa. – Atílio respondeu com irritação e olhando dentro dos olhos da filha que acabara de descobrir.

Jamile quis se levantar irritada, mas Gabriel a segurou forçando a ficar sentadinha na cadeira. A comida mal descia pela garganta de Atílio, estar no mesmo ambiente que Gabriel era um martírio. Amélia tocou em um assunto e só depois percebeu a grande bobagem que fez.

– E Leandro foi fazer mais uma visita a Luíza?

– Luíza? – Gabriel se surpreendeu ao ouvir o nome da irmã naquela mesa e ainda mais não tendo sido dito por Guadalupe.

– Sim, por que? Por acaso a conhece? – Leandro questionou.

– Eles são irmãos. – E Atílio tirou logo a dúvida dele.

Leandro

Era só o que faltava, além de Atílio agora o irmão para zelar da honra de Luíza!

Tudo ficou silencioso e Guadalupe tratou de tocar em um assunto diferente.

– Foram procurar uma propriedade mais cedo, encontraram alguma bela fazenda?

– Sim Lupe, uma que fica perto daqui inclusive. Iremos amanhã negociar pessoalmente com o dono, Atílio pediu até ao advogado dele que venha intermediar todo a compra. – Leandro respondeu.

– Vejam só, Guadalupe devia estar ansiosa para ficar a sós com Atílio e acabou ganhando uma filha e já com marido e tudo! – Celina sorriu e Atílio não gostou do tom da prima.

– Para mim chega, fiquem à vontade. Guadalupe e eu iremos nos deitar, boa noite. – Atílio saiu puxando a esposa pela mão, mal esperou que ela terminasse de comer. Pouco importava para ele parecer mal educado diante das visitas, aquelas pessoas passaram dos limites.

Guadalupe

Chegamos no quarto, Atílio estava nervoso e eu podia ouvir sua respiração acelerada. O abracei forte pelas costas apoiando minhas mãos em seu peito largo.

– Não fique assim amor, não te quero triste.

Senti ele virar o corpo para mim e me tocar as mãos, estava frio e trêmulo.

– Eles te ofenderam princesa, Gabriel está aqui para me afrontar. Como posso ficar alheio diante disso?

– Eu não me importei com nada do que elas disseram, não compre minhas dores, você já tem as suas. Olhe pelo lado bom, tente estabelecer um laço de amor com sua filha abra o coração para ela e ela fará o mesmo.

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