Além do horizonte romance Capítulo 12

Atílio se aproximou e ia lhe dar um beijo na boca, Lupe abaixou o rosto e ele beijou sua testa. Como estava com os braços feridos ele apenas pegou em sua mão, Ester foi falar com a filha depois da chuva de arroz, enquanto Leonel bebia tudo o que via pela frente. A família de Gabriel decidiu não ir a cerimônia, pareciam estar prevendo que o filho pudesse aprontar alguma por lá.

– Me fale agora mesmo, o que aconteceu? – Ester perguntou enfurecida e não aceitaria nenhuma resposta a não ser a verdade.

– Gabriel queria me levar embora daqui, Atílio atirou em Raio de sol e caímos na estrada de terra.

– Meu Deus um tiro, não devia ter se casado com ele!

– E o que eu deveria ter feito Ester? Aceitado ver minha noiva ir embora com outro? – Atílio escutou e tratou de se defender.

– Já chega de gritos, estou muito cansada...mamãe não se preocupe comigo.

– Como não vou me preocupar se agora tenho certeza de que esse homem é um completo louco e Gabriel?

Atílio engoliu seco com ciúmes da preocupação da sogra com seu rival.

– Está bem e foi embora, leve o papai para casa.

Ester chorou e abraçou forte a filha, até se esqueceu dos machucados que ela tinha.

– Não chore mais, por favor! – Guadalupe secou as lágrimas da mãe.

Enxuguei as lágrimas de minha mãe, nada que eu pudesse dizer a ela traria conformidade.

– Vamos para casa cuidar desses ferimentos. – Atílio pegou em sua mão.

– Sim.

Eles entraram, Amélia deu algumas ordens aos empregados para servirem as comidas e bebidas da festa pois alguns convidados ainda estavam ali.

Entrei em casa de mãos dadas com ela, estava calada e hostil.

– Vou pedir a Amélia que prepare um banho de ervas. – Atílio a ajudou a subir as escadas.

Fomos para o quarto, eu mesmo havia preparado tudo para nossa primeira vez. Exigi que todos os lençóis daquele dia fossem brancos, assim teria a certeza de que Guadalupe só havia sido minha. Ela passou a mão sobre a cama e se sentou, respirava fundo.

– Minhas roupas? – Ela perguntou com voz embargada.

– Estão no armário, junto com belos vestidos e presentes que encomendei na cidade para você.

– Pode chamar Amélia para me ajudar?

– Sou o seu marido e posso me encarregar de você!

Me sentei atrás dela e fui abrindo cada um dos botões de seu vestido de noiva, ela tentou se levantar, mas a abracei pela cintura fazendo-a se sentar de novo.

– Guadalupe - Não quero que se incomode. – Ela tremia e queria fugir.

– Não quer é que eu te toque e fique perto, preferia ele não é? – Atílio gritou revoltado.

– Com licença filho, Sebastião disse que mandou me chamar. – Amélia interrompeu aquele momento.

Graças a Deus que ela tenha chegado para me acalmar os ânimos, antes de cometer uma loucura movido pelo ciúme daquele maldito. Me levantei, Guadalupe segurava contra os seios o vestido que eu havia aberto.

– Prepare um banho de ervas e traga. – Atílio pediu olhando para ela.

– Eu já volto Lupe.

– Obrigada Amélia.

Esperei Amélia sair do quarto para continuar a conversa de onde paramos.

– Por que ia embora com ele?

– Eu não ia! – Guadalupe gritou.

– Como saberia que você viria só com Sebastião? Como saberia exatamente como fazer para sumirem minutos antes de subirmos ao altar?

– Não sei.

– Não sabe, mas eu sei. Achou que seria mais esperta do que eu, é apenas uma caipirinha pobre e graças a mim vai deixar de viver na lama para se deitar em lençóis de seda fina.

– Eu preferia dormir com os porcos do que com alguém arrogante e orgulhoso como você! – Ela gritou e deu dois passos para trás.

– Devia ter atirado nos dois.

– Ainda pode desfazer o erro comigo, ainda está com sua arma?

Guadalupe me desafiava e as coisas entre nós apenas pioravam a cada segundo. Amélia entrou e percebeu o clima ainda mais pesado do que havia deixado a minutos atrás.

– Venha Lupe, vou te ajudar a se lavar e tratar esses ralados. – Amélia se aproximou, mas Atílio a impediu.

– Deixe a panela com as ervas e saia por favor.

– Mas eu pensei que me deixaria cuidar disso....

– Saia Amélia! – Ele pediu rispidamente.

Guadalupe sabia que não adiantaria nada implorar e chorar, talvez fosse ainda pior adiar as coisas entre eles. Amélia saiu e fechou a porta, ficou alguns minutos encostada do lado de fora da porta pedindo a Deus que acalmasse os ânimos de Atílio.

Ele pegou a travessa com a infusão das ervas, havia apenas o chá. Foi até o banheiro e encheu a banheira com água morna, do quarto Guadalupe ouvia tudo o que estava acontecendo.

Ela se levantou da cama, Atílio chegou mais perto.

– Vou tirar seu vestido. – Ele disse olhando o para ela de maneira intensa.

Delicadamente a despiu pelos ombros, retirando devagar as mangas que estavam rasgadas para que não ferisse ainda mais. Naquela época todas as mulheres usavam uma peça chamada anágua, semelhante a uma saia rodada e longa por baixo dos vestidos.

Estava com os seios cobertos pelos cabelos longos e apenas aquela peça de roupa debaixo, Atílio a olhou em total encantamento e desejo. Respirou fundo para se concentrar no que tinha que fazer antes a pegou em seus braços e levou para a banheira.

Senti a água morna me aquecer o corpo, me sentei devagar na banheira.

Atílio pegou um sabonete líquido e espalhou nas mãos dela, sabia que se a tocasse perderia totalmente o juízo.

– Se...se lave e assim que acabar me chame. – Evitava olhar para ela.

Ele guiou a mão dela até o sabonete em barra, preferiu sair um instante.

Fui para fora daquele banheiro, estava excitado e o corpo dela exalava feromônios eu transpirava de desejo. Aquele fogo me queimava de dentro para fora, chegava a ser uma dor física e inexplicável.

Uns minutos mais tarde.

– Atílio! – Ela chamou.

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