Além do horizonte romance Capítulo 33

Igor chegou em casa pensativo, distante e silencioso. Guadalupe fazia parte de seu passado, mas depois daquele encontro parecia mais viva do que antes em seus desejos.

Lucília descia as escadas, esse era um dos raros dias em que ele a permitiu sair do repouso. O viu sentado no sofá, com uma expressão perdida.

– Acho que vai ser um menino. – Ela se sentou no colo de Igor e pegou a mão dele, colocando-a no próprio ventre. Lucília e Igor não se amavam e quase nunca trocavam carinhos a não ser na intimidade, mas ela fazia de tudo para conseguir o afeto dele.

– Eu espero mesmo que seja um varão, Deus está em débito comigo por ter tirado minha primeira esposa e meu filho.

– Não blasfeme Igor, Deus tem os motivos dele.

– Então está justificando o fato de um inocente ter perdido a chance de conhecer este mundo, Lucília?

Ela se levantou irritada, ele já não acreditava em Deus e nada que ela pudesse dizer o faria mudar de ideia ou tirasse toda a amargura que havia dentro dele.

Atílio chegou na prisão e logo foi falar com o delegado.

– Vim buscar Sebastião. – Atílio disse ao delegado.

– Ele saiu daqui a algumas horas com Luíza e Saulo.

Atílio ficou feliz em saber que ele estava tendo o apoio da mulher que amava, ainda mais depois de toda aquela confusão.

Guadalupe voltou para casa e algumas horas depois, todos estavam almoçando.

– Consegui uma mulher aqui da região para te ajudar no serviço de casa Amélia, não é justo que você, Jamile e Guadalupe fiquem com todas as obrigações da casa e tenho dito isso já a um tempo. Meu novo peão a indicou, disse que é uma senhora bondosa e prestativa, além de ser parteira.

– Fico feliz que tenha conseguido uma pessoa de confiança Atílio e assim quando nosso bebê nascer, Amélia vai poder me ajudar com ele. – Guadalupe disse alisando a barriga e Jamile respondeu.

– E não se esqueça de mim, quero ajudar a cuidar do meu irmão.

– Claro que sim, mas você e Gabriel logo terão os próprios filhos.

Gabriel ficou sério, Jamile se entristeceu com a fala e Guadalupe.

Saulo e Luíza deixaram Sebastião em casa.

– Se o senhor me permite o atrevimento, eu gostaria de falar um instante com sua filha. Claro, com todo o respeito! – Sebastião pediu para Saulo.

– Está bem, vou esperar aqui fora.

– Eu já volto papai. – Luíza responde descendo do cavalo com ajuda de Sebastião.

Os dois entraram, Sebastião queria muito poder abraça-la e provar um beijo dela pela primeira vez, mas saberia esperar.

– Você aceitou meu pedido de casamento, mas era uma situação diferente pois eu estava na cadeia.

– O fato de você estar livre muda tudo Sebastião!

Ele ficou triste, estava evidente que Luíza havia aceitado o pedido por misericórdia.

– Sim, muda tudo e terá que marcar logo a data do nosso casamento.

– Então não mudou de ideia Luíza?

– Não. – Luíza responde e Sebastião pegou a mão dela e beijou, estava tão feliz e realizado.

Os dois saíram e deram a boa notícia a Saulo, decidiram fazer um jantar simples no dia seguinte e na casa da noiva, para assim poderem comunicar a todos sobre o casamento.

No caminho de volta para casa, Luíza e Saulo viram Gabriel cavalgando ao lado de Jacinto e aproveitaram para fazer o comunicado e o convite.

– Diga a Lupe, que finalmente vou me casar e que esperamos todos vocês amanhã lá em casa. – Luíza disse com um sorriso para Gabriel.

– Estou feliz em saber que vai se casar com um bom homem e trabalhador. – Gabriel saiu para dar a boa notícia.

Sebastião

Acho que eu deveria ter esperado um pouco mais para firmar esse noivado e se Atílio não me quiser mais como seu peão?

Na casa de Raul

– Meus filhos estarão de volta em poucos dias. – Raul dizia ajeitando o bigode.

Os pertences dos dois haviam sido trazidos a pedido dele, Raul não havia gostado de saber que Atílio andava dando apoio ao agressor de seu filho.

– Patrão, eu soube que o tal Sebastião saiu da cadeia hoje mesmo. –Fernando disse a ele, Raul se enfureceu.

– Assim que Leandro voltar, decidiremos o que fazer com esse miserável.

Algumas horas depois, Mabel chegou ao condado. Trajando seu belo vestido bordado a mão e com uma legião de empregados e caixas de inutilidades. Chegou em sua nova casa...

– Não posso acreditar que tenha comprado uma casa neste verdadeiro fim de mundo! – Mabel diz segurando o chapéu, pois ventava forte e olhando ao seu redor.

– Seja bem-vinda, minha cara esposa. Assim que se estabelecer, vai entender por que escolhi este lugar.

Dia seguinte

Leandro e Celina estavam no trem e voltavam para a cidade, ele estava totalmente recuperado. Pelo menos fisicamente, pois seu coração havia ficado ali preso aquele lugar, chegaram na casa de Atílio.

Amélia abriu a porta para eles e ficou muito feliz em ver que Leandro estava bem. Atílio desceu as escadas de braço dado com Guadalupe e depois Jamile fez o mesmo.

– Fico feliz em ver que está recuperado primo. – Atílio diz para Leandro.

– Ainda vou te dar muito trabalho.

Celina deu um forte abraço em seu primo, até Jamile ficava ultrajada ao perceber como ela se oferecia para seu pai.

– E pelo visto você não conseguiu um noivo por lá. – Jamile odiava a forma como Celina olhava para seu pai e decidiu irritá-la com aquela insinuação.

– Não fui com esse objetivo e sim, para cuidar do meu irmão!

– Não se exaltem donzelas. – Leandro resolveu intervir.

– Vamos para a sala, desde que saíram daqui muitas coisas aconteceram. – Atílio os convida para atualizá-los sobre as novidades do lugar.

Eles foram até lá. Guadalupe estava silenciosa, ter Celina de novo por perto tirava novamente a sua paz.

– Nossa colheita foi parcialmente incendiada a um mês atrás.

– E quem faria uma covardia dessas Atílio? – Leandro perguntou.

– Igor Antunes, um novo e poderoso inimigo. Na noite em que Guadalupe e eu comemorávamos a gravidez dela, o miserável mandou atear fogo na plantação e perdemos muito.

– Gravidez? – Celina perguntou demonstrando surpresa.

– Sim, vamos ter um filho! – Guadalupe disse com um belo e espontâneo sorriso.

Jamile adorou ver a expressão de Celina mudar ao saber que suas chances diminuíram ainda mais.

– Minha princesa vai me dar em breve, um herdeiro ou herdeira. – Atílio sorriu e acariciou a mão da esposa.

– Fico feliz em ver que a felicidade dos dois, só cresce a cada dia. – Leandro diz, mesmo percebendo que a irmã havia ficado decepcionada.

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