O Egípcio romance Capítulo 18

Karina

No dia seguinte, chego ao meu trabalho um pouco mais cedo, embora não tenha dormido muito bem. Temo que Hassan não saia mais da minha mente. Então tomo a resolução de me dedicar naquilo que eu mais sei fazer: ser criativa. Pretendo tirar Hassan definitivamente dos meus pensamentos.

Entro na loja, que ainda está vazia, e me dirijo aos fundos dela. Passo pelas costureiras e entro no meu ateliê. Sento-me em frente à minha prancheta. Observo o vestido que desenhei. Agora preciso definir o tecido e a cor. Pego várias amostras de tecido e estendo sobre o papel, tentando imaginar como ele ficaria com eles.

Aos poucos o vestido vai tomando forma na minha cabeça. Coloco tudo no papel e vou até a sala de costuras para pedir sua produção e explicar como o imaginei.

Conversando com elas, decidimos fazê-lo em três tamanhos. P, M e G e poucos números GG, pois quase não está tendo saída. A maioria de nossas clientes são magras e, com essa onda de regimes, as mulheres estão sempre lutando contra a balança.

Volto para o ateliê e abro o meu caderno, um pedido está anotado. É de uma cliente. Ela quer um vestido de festa. Preciso criar três opções de vestidos e apresentar para escolher um.

Anna Frank.

Tento puxar na memória a cliente. Como não me lembro dela, vou até o meu PC e o ligo. Então jogo o nome dela em um programa que instalamos. Logo surgem informações sobre ela. Ali estão todos os seus dados. O que ela faz, suas preferências e sua numeração, e principalmente sua foto. Sua tez é bem branca, então já sei que não posso criar vestidos em tons claros. Ela ficaria apagada. Seu corpo é esbelto, tipo violão. Esse tipo de corpo é mais fácil, qualquer modelo cai bem.

Com as informações reunidas, começo a criar várias opções de vestidos. As horas passam sem que eu perceba. Estou ali pensativa quanto aos tecidos quando a porta se abre.

Rebeca surge com os olhos brilhando.

— Karina, temos um cliente à sua espera na loja. Ele quer dar um presente, mas não quer nada da loja. Você poderia atendê-lo e tentar ver o que ele planeja dar?

— Você disse um cliente? Um homem?

— Exato! E que homem!

Estremeço com as falas dela. Acho estranho um homem estar indeciso na loja. Geralmente quem precisava de meus serviços eram mulheres com preferências próprias. O homem é muito prático, uma vendedora sempre conseguia fazê-lo comprar o que está na vitrine.

— Bem, vou lá, então.

— Vai e se prepare… — ela suspira.

— Como? — pergunto, pegando meu caderno de anotação.

— O homem é um gato.

Meu coração se agita no peito.

Deus! Só espero que não seja quem eu estou pensando.

— Ele tem traços árabes, por acaso?

— Exatamente! Você o conhece?

— Sim. Sei quem é.

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