Perdição de Vizinho romance Capítulo 33

Afundando, tão cansado de pensar

De todas as coisas que você precisa de mim

Quem você acha que eu deveria ser?

Com vontade de sentir você comigo

Mas eu não posso fazer isso comigo

Toque tão suave, mas as palavras matam

Nigthmares - Ellise

(...)

Justin

Quem sou eu? O que estou fazendo comigo mesmo? Estou acabando com a única chance de ser feliz por puro medo, por pura covardia. Sim, covardia por não conseguir ser o homem que a Ella merecia, porque me deixei levar por aquelas manchetes que o ex-marido dela jogou em minha cara. Não, eu não sou bom para ninguém, não posso estar perto dela, se houver a mínima possibilidade de fazê-la sofrer. Ella já sofreu demais, merece alguém melhor.

Alguém que possa cuidá-la, protegê-lo e, definitivamente, esse alguém não sou eu.

Com as mãos na cabeça, sentado na ponta da cama, me lamurio, sinto-me um crápula por desejá-la ao meu lado, mesmo sabendo que posso machucá-la. Lágrimas silenciosas escapam dos meus olhos. 

Queria ter coragem de ir atrás dela, de dizer que tudo o que falei anteriormente foi bobagem e que podemos ser felizes, mas estaria mentindo para mim mesmo, porque o melhor que posso fazer agora, é mantê-la o mais longe possível de mim.

Ergo a cabeça e as lembranças de nós dois me invadem. Lembro da primeira vez que nos esbarramos na entrada do seu prédio, do jantar que fiz para ela, das vezes em que a provoquei, que a pressionei. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que transamos, parecia que nossas almas haviam entrado em fusão, era como se fossemos um só naquele momento, não somente dessa vez, mas em todas as vezes em que nos amamos. Não se tratou apenas de sexo, era mais como um encontro de almas.

Lembro-me da nossa ida ao parque, de como ela estava receosa por estar perto de mim, de como tinha medo de tudo dar errado. E eu, agi como um cretino, disse tantas vezes a ela que tudo ficaria bem, que nada ficaria entre nós, para na primeira oportunidade, deixá-la ir sem nem ao menos tentar.

Idiota! Burro! Cretino! Filho da puta! 

Xingo-me mentalmente, tentando me desfazer de todos os meus fantasmas, mas é impossível, quando estão todos vivos em minha mente.

Levanto, andando de um lado para o outro com o rosto banhado em lágrimas e as mãos na cabeça.

— Inferno! — soco a parede em minha frente.

Estou tão anestesiado, que nem sinto dor na mão.

— Eu te amo, Ella. Eu sempre vou te amar. — murmuro, como se ela pudesse escutar.

Estou morto por dentro, acabado e completamente em pedaços.

Só queria nunca ter visto aquele homem, queria que tudo isso não passasse de um pesadelo, porém, é real. 

Sou um homem quebrado, não posso envolvê-la em minha vida de merda. Até cheguei a pensar que podia, que conseguiria deixá-la entrar, mas foi um erro. Um erro dos grandes.

Se eu pudesse, hoje não sairia de casa, mas tenho um dever profissional a cumprir, pessoas precisam de mim, preciso ao menos tentar reverter o meu erro de alguns anos, salvando o maior número de pessoas que puder. Esse tem sido o meu maior objetivo há tempos e permanecerá sendo.

Cambaleio sem forças até o banheiro, tomo um banho, permitindo que a água do chuveiro leve consigo toda a minha dor. Saio, me visto, pego meus pertences e sigo para fora de casa.

Ao chegar em frente aos dois prédios, instintivamente, meus olhos vão em direção ao apartamento dela. Travo o maxilar, contendo o nó em minha garganta. Tomei a minha decisão e preciso seguir em frente, assim como também, permitir que ela faça o mesmo.

O mais incrível é como tudo me lembra ela, até mesmo estar dentro do meu carro. Seu cheiro está impregnado em cada parte de mim, não será uma tarefa fácil esquecê-la. Esquecer tudo o que vivemos. E para falar a verdade, talvez eu não queira esquecer. Porque será uma maneira de tê-la sempre comigo.

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