Só Minha! Volume 1 da Trilogia Doce Desejo romance Capítulo 20

Rio de Janeiro, Brasil.

Agosto de 2015.

Os olhos e o coração de Alexander estavam tomados por uma dor incalculável. Um nó na garganta crescia. O sofrimento por conhecer a verdade não tinha mais espaço no peito, as lágrimas fluíam dos olhos. Ele tirou os óculos e secou o rosto com a palma das mãos.

― Sua avó sempre suspeitava de mim e do Marcello.

Joanna completou após a governanta relatar tudo o que viu, precisava se eximir daquela culpa.

― Eu tentei visitar a Nicky diversas vezes no hospital, mas me proibiram. Quando a Nicky recebeu alta, ela me chamou para buscá-la. O motorista nos deixou numa casa no subúrbio do Rio e, alguns dias depois de cuidar da Nicole e do Alex, eu saí para procurar trabalho.

A voz falhou ao recordar o momento de tensão, fez uma pausa de alguns segundos e encarou o olhar frio de Alexander.

― Eu estava no ponto de ônibus quando o Impala preto parou. Só lembro que me jogaram no carro. Apaguei depois da coronhada. ― Joanna levou a mão à nuca. ― Acordei num lugar frio e escuro. Dois homens colocaram o capuz e me levaram ao encontro de Sophie. Ela pagou a minha rescisão trabalhista e me mandou desaparecer do Rio, caso contrário, ela me denunciaria pelo acidente da Nicky.

― Você sabia disso, Rosa?

Alexander apertou os olhos e estudou o rosto da governanta.

― Não, doutor! ― Encolheu os ombros. ― A sua avó contou a todos que a Joanna fugiu com o dinheiro da Nicky.

― Joanna, se você não tinha culpa, por que fugiu? ― O tom era brusco.

― Entre mim e a sua avó, em quem o doutor acreditaria?

Joanna esperou, mas não obteve uma resposta.

― A raiva e o dinheiro embaralham o julgamento, assim como você, nenhum delegado, ou juiz, acreditaria em mim. Se eu ficasse, seria presa por um crime que eu não cometi, e a Nicky continuaria sozinha com o Alex.

Alexander deu alguns passos até a janela. Colocou as mãos na cintura enquanto olhava a luz do luar iluminando o balanço próximo ao jardim florido, calafrios corriam por toda a espinha. Aquele lugar cheio de lembranças ternas e maravilhosas se transformou num inferno para a mulher que tanto amava.

― Me desculpe! ― Rosa tinha um olhar complacente assim que ele virou. ― Eu não queria ter visto aquilo. Eu servi o chá da sua mãe naquela noite e quando saí do quarto, eu vi a Sophie colocando as mãos nas costas da Nicky. Eu voltei para o quarto da dona Louise e me escondi com medo.

A governanta abaixou a cabeça e olhou na direção do sapato envernizado preto.

― Eu precisava deste trabalho para cuidar dos meus filhos.

― Rosa, você devia ter me contado assim que eu coloquei os meus pés nesta casa, a sua omissão foi muito grave.

― Eu acredito que a doutora Sophie se arrependeu. ― A governanta revelou em um tom calmo. ― Elas passaram muito tempo juntas logo depois que a sua avó ficou doente. Nicky sempre ia passar as tardes com ela no hospital e acompanhava Sophie nas sessões de radioterapia.

― A minha esposa tem um coração bom e eu não quero que ela sofra mais. ― Os olhos claros e cansados focaram em Joanna. ― Por enquanto, eu não quero que a Nicky saiba que você voltou.

― Só diga à minha sobrinha que eu sinto falta dela. A Nicky e o Alex são a única família que eu tenho.

― Família não é um laço de sangue. Você negou o afeto que a Nicky precisava. ― A voz furiosa a enfrentou. ― E sempre culpou ela pela morte da sua irmã, ela não merecia isso. ― Por favor, vá embora! ― Alexander indicou a porta com as mãos.

― Eu posso falar com a minha sobrinha?

― Eu vou falar com a Nicky e, se ela quiser falar com você, a Rosa vai entrar em contato pra te agendar. Por favor, não apareça na minha casa sem ser convidada.

Joanna se levantou, ajeitou a blusa xadrez vermelha sobre a calça preta, a boca se moveu para se despedir, mas desistiu ao ver a carranca de Alexander. Ela seguiu a governanta até a porta.

― Rosa, não conte nada à minha esposa.

― Sim, doutor! O senhor deseja mais alguma coisa?

― Não! Isso é tudo! ― O tom seco dispensou. ― Boa noite!

― Boa noite, doutor Bittencourt!

A mente tentava compreender o que motivava uma pessoa tão boa a cometer tamanha maldade. De todas as decepções que ele sofreu na vida, a da família era a mais dolorosa.

Alexander atravessou a sala e subiu as escadas a passos largos, sentiu nojo de cada um dos degraus de madeira que seus sapatos de couro preto pisavam. Seguiu pelos corredores batendo o pé, tocou na maçaneta da porta, mas recuou. Fitou a porta do outro lado do corredor e foi até o quarto do filho que dormia apenas com a luz do abajur. Alexander se agachou perto da cama e passou os dedos pelos cabelos castanhos do menino.

― Eu te amo, filho!

Vigiou o sono de Alex e o beijou na testa. Levantou sem fazer barulho e voltou em direção ao quarto.

Após respirar fundo, entrou na suíte e trancou a porta. A cama ainda estava arrumada, o barulho do chuveiro ecoava pelo ambiente.

Alexander encostou no batente da porta, admirou o corpo curvilíneo, os seios pareciam mais volumosos e o quadril estava um pouco mais largo. Nicole tinha sensualidade, um atrativo que o convidava. Ele se livrou dos sapatos e de cada peça de roupa que o cobria.

Encarou a imagem do espelho, no entanto, um objeto em cima do balcão da pia despertou a atenção. Pegou o teste que indicava oito semanas. Ele abriu a porta do box embaçado pelo vapor d'água, encostou a ereção nas costas molhadas de Nicole, os dedos deslizavam pela barriga.

― Falta lavar aqui!

Pegou a esponja de nylon azul e continuou a esfregar delicadamente cada parte das costas. Mordiscou o ombro e escorregou a esponja ensaboada na altura das nádegas.

― Você viu?

― Sim, meu amor!

Esfregou a esponja azul pela curva do quadril e pressionou os lábios contra o pescoço. Apertou o traseiro e roçou a ereção contra a pele das costas. Os dedos enrolados aos cabelos puxavam de leve a cabeça dela para trás. A expressão maliciosa suavizou ao notar as lágrimas se misturando à água. Ele a virou, os olhos piscavam enquanto avaliava a fisionomia abatida. O corpo era de uma mulher, mas o olhar era de uma garota triste.

― O que houve? ― Ele afastou uma mecha do cabelo molhado. ― Alguém fez alguma coisa com você?

― Não! É que eu me sinto culpada, eu esqueci de tomar uma pílula no último mês. Eu pensei que o método contraceptivo não ia falhar se eu continuasse a tomar as outras drágeas da cartela.

― Nicky para! Você não fez esse bebê sozinha, se eu bem lembro, nós estamos muito ativos nesses últimos meses. Quando foi que você tomou a última pílula?

― Hoje! Depois do café da manhã.

― A partir de agora você vai jogar essas pílulas no lixo e vamos marcar uma consulta com a Jenny para saber como está o nosso bebê.

Nicole concordou com a cabeça, mas a fisionomia e o olhar caído destoavam do belo rosto que ele amava. O tempo fez com que Nicole amadurecesse, mas não deixou de lado a doçura que ainda o encantava.

― Tem mais alguma coisa te incomodando? ― Elevou o queixo dela com o dedo indicador e mirou-a nos olhos. ― Não gosto de te ver assim!

― Estou com medo!

― Do que você tem medo? Eu estou aqui, eu vou cuidar de você!

― E se você tiver que viajar e morar fora do país de novo. Como eu vou criar dois filhos sozinha? Eu não quero ficar aqui, se eu cair da escada e… ― As palavras foram silenciadas pelo beijo roubado.

As bocas estavam coladas em um beijo arrebatador. Ele deslizou a língua no caminho do pescoço até a orelha.

― Eu amo você! Eu vou ficar ao seu lado e proteger a nossa família.

Alisou a perna direita sentindo a pele sedosa e a elevou à altura do quadril. Lambeu em torno dos mamilos ao encostar o corpo dela contra a parede e sugou. Os beijos provocantes misturavam-se às carícias atrevidas sem nenhum pudor.

― Eu preciso de você! ― Mordiscou-lhe o lábio inferior

Ele prosseguiu com as carícias pela barriga até o meio das coxas, resvalou da virilha até a parte íntima. O toque da massagem lenta roçava na entrada e abria o espaço.

Os ombros largos a levantaram, ele colocou-se próximo à pele sensível ao meio das coxas e se encaixou delicadamente. A prática com musculação o auxiliava sempre que ele a levantava e puxava seu corpo contra o quadril.

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