Perigoso (Letal - Vol.2) romance Capítulo 4

Eu olhava em frente ao espelho e tentava enxergar alguma coisa na minha barriga, mas não tinha nada. Não fazia ideia do que pensar, do que fazer, mas levantava a blusa e admirava o umbigo seco tentando achar vida lá dentro, até ser pega de surpresa por Dom, que enfiou a cabeça pela brecha da porta e piscou sem entender a situação.

— A porta estava aberta… — tentou se justificar.

— É, estava. — eu tentei me recompor e fingir que eu não estava fazendo aquilo, porque, por algum motivo, me senti sem graça — O que foi? Aconteceu alguma coisa?

— Aquela sua amiga, está aí.

— Brianna? — ele confirmou — Tão cedo…

— Voltei da missão ontem, não é coincidência. Lembra do acordo, não abre o bico. Existem duas possibilidades, Espano testando sua confiança, ou uma x-9. — ele fez um sinal de tiro apontando a cabeça e eu entendi — Não dá mole.

Eu abri a porta, passei por ele e fui atender Brianna. Ela tinha um pote nas mãos, um sorriso acolhedor e tinha os cachos soltos e lindos. Usava saias, blusa de alça baixa e chinelos. Não era bem a imagem do perigo.

— Bom dia, Brianna. — sorri amigável, ainda sem acreditar que ela possa ser uma ameaça.

— Eu vim trazer os bolinhos que acabei de fazer. — mordeu os lábios e tentou olhar através da porta — Acho que vi seu irmão chegar tarde ontem, se quiser posso trazer um café, caso ele ainda esteja dormindo.

Ela só está interessada nele, não vi nada demais nisso então a convidei para entrar.

— Dom está acordado e já fizemos café. Mas se quiser, pode entrar, assim toma café com a gente. Só não repara, eu ainda estou de pijama.

Brianna deu alguns passos tímidos, um sorriso empolgado e entrou, fechei a porta, vi que a sala estava arrumada e fomos até a mesa da cozinha. Eu já tinha colocado as tortilhas na mesa, peguei mais uma xícara e ela abriu o pote com os bolinhos, quando ela sorriu ao ver Dom saindo do banheiro com uma toalha de rosto na beirada dos ombros secando a barba molhada.

O idiota estava com um shorts casual, mostrando os gomos do peito e não permitia que a menina piscasse. Não que eu achasse aquilo estranho —me lembro bem das minhas tentações, além do mais, devíamos ter a mesma idade, mas ela estava mesmo sem piscar e respirava com muita dificuldade. De certa forma, fiquei com remorso, sabendo que Dom não ia corresponder a mocinha.

— Bom dia. — ele me olhou duro e eu só consegui mover os ombros.

— Bom… — respondeu Brianna acompanhando os passos dele.

Eu colocava na frente da moça um prato e quando Dom passou por trás de mim senti o tapa arder a beirada da dobra de minha bunda e minha cabeça me gritar milhões de avisos em alerta. Quase não me movi, não entendi a situação e evitei olhar para os olhos de Brianna.

— Gracinha, fez tortilhas? — eu virei o rosto, olhei para ele e o vi sorrir cínico e feliz — Eu adoro quando tenta me agradar.

Eu ia socar a cara dele quando ela saísse, ia socar sim. Ia bater tanto nele que a cara dele ia ficar no mesmo tom ruivo que a barba que ele tinha. Sentei sem reação, pigarreei e o vi se sentar na mesa puxando o prato para si e pegando o recheio com boas garfadas, preparando sua própria tortilha.

— Gosta de tortilhas? — perguntou Brianna de bochechas coradas.

— Melhor impossível. — respondeu de boca cheia.

— Você não consegue engolir antes de responder? — resmunguei, ainda indignada com o tapa.

— Mas ela perguntou antes de eu esvaziar a boca. — Brianna riu e ele enlargueceu o sorriso.

— Eu achava que vocês eram irmãos. — ela confessou e no segundo seguinte, Dom fez o prato que estava na mão dele ser lançado tão rápido quanto o desvio de Brianna.

Eu arregalei os olhos, ia questionar algo sobre bons modos, mas ele pegou outro prato e tacou contra ela, mas a menina se desviou com perfeição. Os cacos foram parar no chão e Dom pegou a toalha da mesa, levantou o pano e pegou o rosto da menina de surpresa. Custou, mas ela conseguiu se desviar e quando o fez, Dom já havia manobrado a toalha, prendido suas mãos e contido a mulher.

Paramos, piscamos, ele estava sério e ela quieta.

— Eu posso explicar… — ela murmurou, mas aproveitou um segundo de brecha, impulsionou os braços contra a mesa e fez Dom se afastar. Como resultado, conseguiu ter os braços livres.

Eu me levantei me afastando antes que a mesa caísse em mim, vi Dominic a segurar e a voltar no lugar, segundos antes de quase levar um golpe com as pernas da menina. Ele segurou suas canelas, rodou o golpe e, infelizmente, levou um chute na sequência. Ele cambaleou pouca coisa para trás, segurou o pé da moça na segunda tentativa, empurrou ela e só então eu percebi que ele se preocupava em desviar, segurar e não machucar.

Foi uma acrobacia e tanto, Brianna estava longe de ser uma sorrateira apaixonada e tentou atingir Dom, mostrando que a cada segundo se fazia mais cansada. Olhei aquilo, tentei não me sentir uma idiota por só agora perceber que o ruivo já tinha me avisado, olhei para o fogão no canto da cozinha, vi a frigideira e a peguei. Enquanto os dois brincavam de “bate que eu desvio”, acertei a frigideira na cabeça da falsa donzela, vi ela ficar tonta com o baque, até que finalmente a tontura a pegou de jeito e ela caiu para trás.

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