Segunda Chance(Completo) romance Capítulo 16

Jessy caminhou pela rua cabisbaixa. Aquele era o seu dia de folga e como não estava bem para visitar o seu pai resolvera andar pela cidade. Andar pelos mesmos lugares que costumava frequentar com Victor, de alguma forma sentia-se próxima a ele com isso. Parou em frente a cafeteria onde o conheceu, ficou olhando pela vitrine os casais sentados na mesa e um sorriso triste veio aos seus lábios. A cada dia as lembranças tornavam-se mais frequentes e mais dolorosas para ela. A sua mão pousou no vidro, fechando seus olhos em seguida, recordando do sorriso de Victor ao ir buscá-la e de suas conversas.

Flashback on

Jessy sorria para os clientes com entusiasmo. Desde que se encontrara com Victor a sua vida mudara para melhor. Ele sempre ia encontrá-la não se importando a hora com que saísse. Ele desejava estar ao seu lado o máximo de tempo que conseguisse. Suspirou ao pensar no beijo que haviam trocado na noite anterior.

–Esta sonhando com seu principe? –a voz de sua colega de trabalho a fez sorrir voltando a realidade.

–Sim, ele é realmente lindo, não?

–Muito, afinal qual o nome dele?

–Imaginei já ter dito – murmurou pensativa – Victor.

–Belo nome, e qual o sobrenome?

–Jones, se não estou enganada foi esse que ele me disse.

–Deve estar realmente feliz hein.

–Muito – sorriu. Olhou para o relógio em seu pulso – esta na hora do meu intervalo, fica no caixa? – a sua colega assentiu e logo ela tirava o seu avental e ao olhar para a entrada, avistou Victor parado sorrindo em sua direção. Foi ate ele e ao chegar na porta esperou que ele entrasse – não sabia que viria hoje.

–Como posso deixar de ter um dia sequer? – ele disse ao fazer uma careta – sabe tão bem quanto eu que tornou-se o meu oxigênio. Sem você não consigo viver.

–De verdade?

–Muito – sorriu travesso – me espere para ir embora hoje.

–Irei esperar.

–Ótimo – ele a puxou contra si, a abraçando. Por mais que não quisesse, ele mentia para ela constantemente. Desde o seu sobrenome ate o que fazia para viver, mas nada o tornava tão feliz quanto estar com alguém que não sabia quem ele era. O filho mais novo da família Magno, onde o seu destino era administrar o conglomerado de hotéis junto com o seu irmão gêmeo. – “Ela nem sequer sabe de Valentin, deveria contar algum dia?” pensou ao sentir o corpo dela. “Vou apenas continuar assim por mais um tempo. Será tudo mais fácil”.

Flashback off

Jon desligou o telefone ao parar do outro lado da rua onde Jessy estava. Ele havia saído de casa para relaxar já que não teria plantão aquele dia e ao andar sem rumo deparara-se com a mulher que rondava seus pensamentos. Permaneceu parado olhando para o seu reflexo no vidro. Ele não queria se mover com medo de que ela também o fizesse. As pessoas passavam pelos dois, entretanto cada um estava preso em seus pensamentos. Sem perceber, Jon começou a caminhar em direção a ela parando logo a suas costas. Permaneceu assim ate ela abrir os olhos e se deparar com o reflexo dele atrás de si. Jessy se virou assustada ficando encarando-o sem saber o que dizer.

–Deve estar se perguntando o que falar – Jon disse com um sorriso sutil em seus lábios – porque não começamos pelo básico? Vamos tomar um café? – indicou a cafeteria a sua frente. Em seu intimo imaginara que ela recusaria entretanto para a sua surpresa, ela assentiu em silencio. Entraram em silencio, Jessy sentou-se na mesa indicando que não queria beber nada. Jon apenas sorriu ao ir em direção ao caixa retornando minutos depois com dois cafés. Depositou um na frente de Jessy – Sempre lhe vejo tomar café puro – falou ao ver a expressão de surpresa dela.

–O..obrigada – murmurou ao segurar o copo quente entre as suas mãos.

–O que fazia parada ali em frente?

–Retomando as minhas memórias – respondeu de forma inconsciente como acontecia quando estava ao lado dele.

–Entendi – sorriu – Esta ocupada? – ela negou com a cabeça – é impressão minha ou não costuma falar muito? Ou..sou eu o problema?

–Apenas não vejo um assunto que tenhamos em comum – respondeu ao levar o copo aos lábios. A bebida quente lhe fez sentir um incomodo, ocasionando em uma lembrança e posteriormente um singelo sorriso em sua face – Sempre que ele bebia algo quente fazia uma careta em seguida. Ele não gostava, mas fingia por saber que eu apreciava beber café quente ao seu lado – comentou consigo mesma.

–Seu namorado?

–Hã? – ergueu a cabeça dando-se conta do que havia falado. Fechou os olhos ao fazer uma careta e ao abrir encontrou um sorriso divertido nos lábios de Jon, reparando pela primeira vez no homem a sua frente. Percebeu como o sorriso dele podia ser cativante e contagiante.

–Estava falando sozinha, certo? Me desculpe por interrompe-la. Pode continuar, eu fingirei não escutar nada. – Jessy o olhou sem conseguir evitar que um sorriso brotasse em seus lábios culpando-se em seguida. Para ela a felicidade não era algo digno dela. – O que houve? Ficou séria de repente.

–Não foi nada, acho melhor eu ir agora.

–Jessy, me desculpe por isso, mas tenho que te falar – tornou sério – se sentir culpada, triste e solitária não irá fazer com que o passado retorne ou que tudo volte a ser como antes. A sua culpa não vai diminuir com a sua tristeza. Eu sei disso, eu também perdi alguém em minha vida.

–Porque acha que eu perdi alguém? Meu pai esta no hospital e...

–A sua expressão é de alguém que perdeu o amor. Eu também já estive assim, por isso... siga em frente, é o conselho que eu lhe dou.

–Como pode dizer que a minha situação é igual a sua? – a voz dela denotava a raiva que começava a surgir – não sabe pelo que passei ou..

–Realmente não sei – a interrompeu com um sorriso triste – mas eu me senti culpado por anos. Ela morreu em meus braços – revelou pensativo – estava dirigindo um carro, eu tinha bebido, ela estava ao meu lado e discutíamos por algo trivial, acredita? A ultima coisa que me lembro era de sua voz alterada brigando comigo. Se eu pudesse voltar no tempo teria apenas dito, eu te amo, me desculpe. Mas infelizmente não posso fazer e nem você. – a encarou sério – aceite o meu conselho.

–Eu posso não ter perdido ninguém e ser apenas triste. Nunca lhe passou pela cabeça isso?

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