Grávida de um mafioso romance Capítulo 98

Ela voltou e eu não consegui dizer nada, nem sequer olhar para o seu rosto. Ela voltou e trouxe consigo todas as lembranças, boas e ruins que vivemos. E a mais dolorosa ainda estava marcada em mim, era como se eu nunca pudesse ser feliz ou viver normalmente outra vez.

Sempre me pegava pensando nisso de vez enquando, não era algo fácil de se esquecer, a morte de um filho que nem ao menos existiu nunca é fácil de esquecer. É doloroso, me causava muita raiva antigamente mas agora só me sobrava a tristeza e as lembranças que criei na minha cabeça.

Pessoas podem até dizer que ele não existiu e que a minha imaginação é a culpada por me iludir e por me manter ainda no fundo desse poço, porém para mim não importa se aquelas cenas que se passam na minha cabeça são reais ou não. O importante é que eu vivi com ele, me chame de louco mas eu o segurei nos meus braços e quando ele estava maior, ouvir ele me chamar de papa.

Eu sei que ele está vivo dentro de mim, sua lembrança preciosa nunca se apagará do meu coração, vou tê-lo bem guardado até a minha morte. Quando Bárbara olhou para mim, pude perceber que aquele brilho nos olhos que possuía nunca mais voltaria, junto havia ido também o amor que ela sentia pelo nosso filho.

Me lembro como se fosse hoje, ela chegando na nossa casa com aquele barrigão, sorrindo alegre por ter comprado mais coisas para quando nosso filho nascesse. Aquele brilho, aquela felicidade mesmo em meio ao caos que estávamos vivendo, era o que me mantinha forte para aguentar qualquer coisa, até mesmo a rejeição da minha família.

Naquela época eu já estava acostumado com a minha vida fora da Itália, viver na Suíça era revigorante apesar de tudo, era um lugar seguro e principalmente um lugar para chamarmos de lar, já que nenhuma das nossas famílias iriam nos ajudar. Éramos muitos jovem e estávamos felizes pela gravidez, nunca pensamos o que implicaria cuidar de um bebê até as coisas começarem á complicar ainda mais.

O dinheiro estava acabando e ainda faltava muitas coisas para quando o bebê chegasse, eu trabalhei durante meses para conseguir manter o padrão que nós vivíamos porém era impossível. Não se dava para começar do zero e crescer tão rapidamente, mas Bárbara aceitou pelo nosso filho deixar os luxos em que estava acostumada.

Passou alguns meses até que o meu pai resolveu se meter na minha vida, através dos seus contatos ele havia fechado todas as portas de emprego possíveis para mim, mas ele não contava que eu faria de tudo pela família em que estava construindo. Eu repito, eu era muito jovem e imaturo, não sabia como a vida poderia ser tão cruel, principalmente com a Bárbara.

Ela estava dando tudo de si para nossas novas vidas darem certo e eu não enxerguei o seu esforço, estava tão focado em provar para todos que não precisaria deles para nada que fui egoísta e não vi que a estava sobrecarregando.

***

Saio de dentro do carro e faço o mesmo trajeto pelo cemitério, meus sapatos deixam pegadas por onde passo marcando o caminho que ninguém fazia, ando por entre os túmulos e vejo as flores murchas nos túmulos ao redor. Deveriam fazer muito tempo em que alguém vinha á essa parte do cemitério.

Mandei fazer um túmulo para ele sem que ninguém soubesse, meu filho merecia e muitas pessoas não concordariam comigo, então sempre que me dava na telha eu viajava escondido para a Itália e trazia flores ou simplesmente as minhas lágrimas.

Naquela época lembro que quando recebi uma oferta de paz da minha nonna não recusei pensando em Bárbara e em todo o seu esforço. Ela me acolheu e também a Bárbara em sua casa e ficamos morando lá até que tudo aquilo aconteceu. Foi um momento que nos marcou para sempre.

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