Por Você romance Capítulo 97

Já faz muito tempo que estou amordaçada, amarrada a uma cadeira e trancada aqui neste quarto. Estou com sede, com fome e os bebês estão bem agitados. Desde que todos saíram do cômodo, ninguém veio me ver. Em algum momento cheguei a dar alguns cochilos perturbados e foi exatamente em um desses cochilos, que o barulho da porta me despertou, e um homem de aparentemente trinta anos entrou. É o mesmo que me abordou na calçada com uma arma. Pensei o olhando diretamente. Ele caminhou lentamente até mim e eu respirei fundo calmamente. Preciso me manter calma, por causa dos bebês, mas confesso que não está sendo fácil. Eu definitivamente não sei o que se passa na mente deles, não sei o que pode acontecer aqui e isso me causa um medo irrefreável. Ele aponta o celular para o meu rosto e tira uma foto, depois sai, sem dizer uma palavra. Penso em Luís, no quão ele irá enlouquecer com tudo isso. Calma, Ana, só mantenha a calma e tudo vai dar certo! Tento me convencer. Para a minha surpresa, a porta volta a se abrir e o homem se aproxima mais uma vez, dessa vez ele tira a mordaça e me um pouco de água. Bebo a água com vontade e, eu sei que não deveria, mas me encho de uma coragem mínima e lhe peço.

— Preciso ir ao banheiro. — Ele me olha com o semblante desconfiado. Eu bufo de modo audível.

— Eu estou grávida, e grávidas fazem xixi a toda hora. Não sabe disso, não? — indago com raiva. Ele me olha por um curto espaço de tempo.

— Você é bem atrevida, sabia? — rosna e sorri com malícia. — Gosto de mulheres atrevidas. A última que me deu uma resposta atrevida assim, levou um tiro na boca. — Seu sorriso some, dando lugar a um olhar frio e cheio de ódio. Eu engulo em seco. — Então vê se controla essa sua boquinha nervosa aí, gostosa, tá? — fala passando o dedo nos meus lábios e olhando fixamente para a minha boca. Tenho vontade de vomitar, mas quando ele se levanta para sair, eu torno a falar. Estou sendo ousada, eu sei, mas eu realmente preciso ir ao banheiro.

— Ainda preciso ir ao banheiro! — Ele olha para trás e puxa a respiração de modo exasperado, demostrando toda a sua impaciência. Vai para atrás da cadeira, me desamarra e segura o meu braço o apertando com força, me fazendo levantar da cadeira em seguida. Caminhamos juntos para fora do quarto e quando nos aproximamos da porta que imagino ser a do banheiro, ele encosta a sua boca bem próxima da minha orelha e sussurra com uma voz rouca e malévola.

— Escuta bem, porque eu só vou falar uma vez, garota. Se fizer qualquer gracinha, vou amarrá-la naquela cadeira e o que você precisar fazer, não importa o que seja, vai ter de fazer lá mesmo, porque eu não vou lhe dar outra chance. Olha lá, hein, lindinha! — O som da sua voz sussurrada ao pé do meu ouvido, me causa repulsa. Eu só consigo respirar e respirar, tentando não entrar em pânico. Ele abre a porta de madeira pintada de branco, com a tinta gasta, que revela um tom amarronzado por baixo dela e eu entro no pequeno cômodo, que por incrível que pareça, é o único lugar da casa livre de poeira. Faço minhas necessidades e lavo as mãos. Enquanto especulo o ambiente, observando tudo ao redor, à procura de algo para atacá-lo, mas a única coisa que encontro é um maldito espelho velho e quebrado na parede. Tenho a sensação de que não será nada fácil sair desse lugar. Minutos depois, eu saio do banheiro e logo estou de volta ao quarto. E quando ele vem me amarrar, eu me atrevo a mais um pedido.

— Não posso ficar solta? — Ele lança a mim um olhar desconfiado e eu faço uma expressão impaciente. — Eu sou uma mulher grávida, de cinco meses. Olha só para mim. — Faço um gesto com as mãos, mostrando o meu corpo imenso de uma gravidez de gêmeos. — Não posso fazer nada contra você, que ainda por cima está armado. — Ele me olha da cabeça aos pés. Parece pensar em minhas palavras. Finalmente assente e fala com desdém.

— Vou trazer alguma coisa para você comer. Olha lá, hein? Estou te dando o benefício da dúvida, garota. Se fizer alguma coisa, por menor que seja, eu atiro em você sem pensar duas vezes! — adverte-me. Eu balanço a cabeça, fazendo um sinal positivo. Ele sai do quarto e eu aproveito para explorar o cômodo, à procura de alguma saída ou algum objeto e para o meu desespero, não encontro nada!

— Droga! — digo baixinho. Não demora muito e ele volta ao quarto com um sanduíche, um copo de suco e uma garrafinha d'água. Entrega a mim o alimento e a água, em seguida, sai fechando a porta. Volto para a cadeira e me acomodo a ela de forma confortável. Como o sanduíche e bebo o suco, mas não foi suficiente para saciar a minha fome, porém me manterá alimentada e forte para quando sair daqui. Tenho que pensar em alguma coisa para sair logo, ou encontrar uma maneira de falar com Luís. Meu Deus, ele deve estar desesperado sem ter notícias minhas! Pior ainda, com as notícias que eles lhe passaram.

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