Por Você romance Capítulo 100

— Querido, tente comer alguma coisa ou tome pelo menos um copo de suco, qualquer coisa. Você precisa estar forte para resolver esse problema — Minha mãe pediu com insistência. Derrotado, eu concordei e tomei apenas o suco de laranja que ela estendeu a mim. Mais tarde, mesmo relutante, eu tomei o chá, que Marta insistiu que tomasse. O líquido morno e adocicado fez o meu corpo relaxar imediatamente. Já passava das cinco e meia da tarde quando o telefone voltou a tocar e todos ficaram em alerta, tomando a sua posição diante de suas funções. Segurei o aparelho com firmeza e esperei o sinal do agente da polícia. Ele levantou um dedo, fazendo um gesto sutil de cabeça, eu atendi.

— Alô? — Aguardei o som da voz áspera me dizer qual seria o próximo passo, mas o que eu escutei encheu o meu coração de desespero e o chão foi tirado de mim.

— Luís? — Ouvi a voz da minha mulher e fui tomado por uma angústia, aumentando o meu desespero. Meu corpo tremia e meu coração chegou a falhar uma batida.

— Ana, onde você está, meu amor? — indaguei quase sem forças.

— Agora que já ouviu a voz da sua mulherzinha, espero que acredite que ela está comigo e por enquanto está bem. Escute bem, senhor Alcântara. Quero que providencie duzentos mil dólares em notas grandes. Voltarei a ligar para acertarmos a hora e local da entrega — Tentei argumentar, esticar mais a nossa conversa, mas o filho da puta mais uma vez encerrou a ligação. Respirar, eu precisava respirar, mas onde estava o ar? Deixei o meu corpo cair sem forças no sofá.

— Luís? — Minha mãe me chamou com desespero. Gisele veio até mim e segurando o meu rosto entre suas mãos, me fez olhá-la nos olhos.

— O que aconteceu? — indagou. Olhei para o agente, que pela cara que fez, deduzi que não conseguiu rastrear a ligação mais uma vez e xinguei mentalmente. Puta que pariu! Com a raiva correndo ardente em minhas veias, joguei o celular no sofá e caí de joelhos no chão, segurando meu rosto e chorando em completo desespero. Todos ficaram em silêncio, assistindo a minha derrota. Horas depois, eu estava mais calmo e expliquei o que havia aconteceu.

— O que pretende fazer? — Gui perguntou. Dei de ombros.

— O óbvio, não posso arriscar a vida deles. Não posso perdê-los assim — falei com voz cansada. Minutos entrei em meu escritório e liguei para o banco, pedindo uma reunião de urgência com o meu gerente.

Algumas horas depois, estava trancado no escritório do banco Central, explicando a minha situação para o meu gerente e pedi-lhe que preparassem uma mala com a quantia exigida pelo sequestrador e aguardei o próximo contato. Inquietude, ansiedade, nervosismo. Caralho, por que demoram tanto pra ligar?

***

Perto das seis e meia eu estava trancado em meu escritório, sentado na cadeira, virado para uma janela e encarando o lado de fora, sem olhar fixamente para qualquer coisa. Meus pensamentos estavam perdidos em nossos momentos, nossas conversas, nossas promessas e em alguns deles me pegava rindo e em outros, angustiado e desesperado, só de pensar que mais uma vez estaria perdendo tudo. Não aguentarei isso por mais tempo, estou cansado dessa merda toda!

— Luís? — Marcos pôs sua cabeça na porta e pelo seu olhar, eu já sabia o que me esperava. Corri para a sala, e dessa vez não esperei sinal algum. A mala já estava pronta em cima da mesa e eu só esperava as novas instruções para dar um fim a isso tudo. Respirei fundo e atendi a ligação.

— Alô?

— Luís, me ajuda, por favor! — Não havia palavras para descrever a emoção que senti ao ouvir o som da sua voz. Ana parecia angustiada do outro lado da linha e isso fez o meu coração pular feito um louco dentro do meu peito.

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