Por Você romance Capítulo 107

— Muito bem, senhora Alcântara, quando a dor vier, quero que faça bastante força, ok? — O obstetra pediu se posicionando em uma cadeira. Segurei firme a mão de meu marido e quando a dor veio, soltei um som estrangulado e fiz força, soltando um grito animalesco em seguida. E quando a dor me deixava e eu conseguia respirar, Luís acariciava o meu rosto e beijava a minha testa.

— Você está indo bem, amor, estou orgulhoso de você! — Ele fala com um tom calmo e baixo. As dores viam cada vez mais fortes e eu fazia cada vez mais força. Em ter um intervalo e outro me dediquei aos exercícios de respiração e com mais um grito de dor, ouvi finalmente o choro do primeiro bebê, relaxando um pouco.

— Parabéns, é um lindo menino! — Doutora Kyara disse, segurando o Jonathan e o envolvendo em uma manta. Entre lágrimas e sorrisos, Luís beijou a minha testa.

— Obrigado, meu amor! —Sua voz estava embargada. O pai coruja segurou o bebê nos braços colo e de cara já teve uma conversa com o menino, de homem pra homem. — Você é o mais velho, filho. Sabe o que isso significa? Que você tem que ficar de olho na nossa princesinha. Não deixe nenhum marmanjo fazê-la de boba, viu? — O menino parece reconhecer a sua voz, pois o choro logo cessou quando a escutou. Ele acaricia a bochechinha do bebê, depois beija a sua pequena testa e entrega o bebê para a pediatra. Logo ele ao meu lado outra vez. Estou suada e as dores já começam a voltar com força. Seguro firme a sua mão e em troca, recebo mais um beijo do meu marido. Uma dor vem e essa parece me rasgar por dentro. Um grito alto ecoa pelo quarto, mas a Cristal não vem.

— Calma, Ana, você está indo muito bem, sua menininha já está perto — O médico diz, tentando me acalmar. Outra dor, mais um grito e eu faço mais força, em êxito! Mais um choro agudo se espalha pelo e eu sorriu, mesmo estando tão cansada. Em seguida as forças começam a me abandonar e eu sinto mais um beijo seu em minha testa. Forço-me a abrir os olhos e encontro o seu sorriso. Ele se inclina um pouco e sussurra em meu ouvido.

— Você conseguiu, meu amor. Nossos bebês estão aqui. — Faço um sim lento com a cabeça e volto a fechar os olhos, sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto.

— Sei que está cansada, Ana, mas antes que durma, segure a sua neném. Ela põe a Cristal perto de mim e Luís se aproxima com o Jonathan. A emoção toma conta dos pais bobos que somos. Eu beijo a minha pequenina e acaricio os poucos cabelos finos em sua cabeça. Logo o Jonathan é colocado ao lado da irmã e Luís tira fotos desse momento só nosso, tão família.

***

Luís Renato

Eu sempre sonhei em ser pai um dia. Sim, era algo que eu almejava com o coração e a alma. Mas segurar os meus pontinhos pela primeira vez em meus braços me preencheu de uma emoção que eu não sabia descrever. Eu simplesmente não sabia se ria ou se chorava. Olhei para os meus filhos com um sentimento forte demais crescendo dentro de mim. Como podem um ser tão frágeis, tão pequeninos e fazer brotar um amor tão grande assim? Enorme, na verdade. De tal imensidade, que parece que o meu coração vai explodir dentro de mim. Vi-me totalmente desarmado, chorando feito menino e rindo feito um desvairado. É uma mistura gostosa de emoções que não dá para controlar. Respiro fundo e olho para a Ana, dormindo tranquilamente no quarto da maternidade. Ela foi realmente uma guerreira. Suportou todas as dores e lutou pela vida dos nossos filhos. Isso não é para qualquer um. Sentado em uma poltrona branca, que fica ao lado da cama, eu velo o seu sono dos três em completo silêncio e juro, que não consigo tirar os meus olhos deles. Jonathan parece um pequeno embrulho, envolvido em uma manta azul e Cristal, em uma manta cor-de-rosa. A porta do quarto se abre e logo vejo o Guilherme entrar acompanhado da Gisele. Automaticamente me levanto e faço sinal, pedindo o seu silêncio. Atrás deles vem o Marcos, os meus pais, a Lilian e a Mônica. Rio satisfeito, todos estão aqui e logo eles rodeiam os berços e começam com seus murmúrios para não acordar a minha família. Deus, a minha família! A quanto tempo esperei por isso? Anos! Planejei e projetei a minha família por anos e hoje, vejo que planejar nem sempre é o certo.

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