Um Sheikh no Brasil romance Capítulo 50

— Como estou? — Pergunto para Alfred que só consegue abrir um sorriso tentando segurar a vontade de rir da minha insegurança que parece ser só um pouquinho grande. Mas vamos lá. Tinha lá seus motivos.

Na minha religião a gente não comemora o natal, propriamente dito. Não o natal, nascimento de Jesus, essas coisas. Apenas uma data festiva. Na verdade, havia um motivo para isso. Nós acreditávamos que Jesus havia sido um profeta, tal como Maomé foi o último dos profetas. No entanto, Maomé tinha sido o último profeta e, além disso, aquele que conseguiu unir toda uma gama de religiões politeístas que existia no Oriente médio.

Assim, ele tinha uma importância significativa, quando ele realmente trouxe para o Oriente o entendimento de que Alá é nosso único Deus e que a ele devemos prestar nosso melhor amor.

Dessa forma, como eu nunca tinha estado numa dessas comemorações tão tradicionais e aparentemente muito importantes para a família de Agnes, eu não conseguia saber muito bem como deveria me vestir ou se eu tinha que levar alguma comida, algo assim. Eu realmente estava me sentindo um estranho no ninho.

— Está parecendo um pouco nervoso. Fora isso, está normal, Seth. — Disse Alfred, o que me fez bufar um pouco aliviado enquanto voltava a me olhar no espelho. Não estava de todo mal. Eu acho.

Estava usando um polo vermelha – porque pelo que eu tinha pesquisado, as pessoas costumavam usar vermelho e verde nessa época em especial. Por que usavam essas cores? Por causa do Papai Noel. Se isso fazia algum sentido para mim? Não muito. Mas se mesmo assim eu preferia não parecer mais estranho no ninho do que eu estava? Com certeza. Era melhor seguir a maré, nesse caso, a cor, do que parecer o destoado diante de todos.

Enfim, eu estava usando uma polo vermelha, uma calça jeans larga e um tênis. Acho que razoavelmente ocidental, se assim poderia dizer. Esperava não destoar muito. Ainda que quando encontrei com Agnes ela tivesse dito:

— Não havia necessidade da blusa polo, Seth. — E eu já estava vendo que estava já destoando das pessoas só pelo comentário dela. Plano infalível perfeitamente falível nesse momento. Como pude ser tão idiota.

Cumprimentar as pessoas foi até que uma tarefa fácil, mesmo que diante de inúmeros parentes que eu ainda não conhecia muito bem que faziam parte da família de Agnes. Realmente, a família de Agnes parecia estar bem mais casual. Os parentes de chinelo, um sorriso estampado no rosto. Inclusive, um dos tios dela até veio me cumprimentar, falando:

— Eita, fala para o seu noivo chegar mais perto da churrasqueira depois Agnes, que o primo Arthur aprendeu a falar um pouco de inglês e vai traduzindo para a gente. Daí a gente também ensina o Seth aqui a jogar um pouco de truco, que achas? — Perguntou e vi Agnes rindo enquanto um monte de dúvidas pairavam na minha cabeça e eu tentava entender o que diabos era jogar truco. Mas decidi me calar por hora.

— Pode deixar. Vamos só cumprimentar todo mundo primeiro. — Disse Agnes e eu concordei porque ainda estava assustado com o fato de eu realmente estar sendo um estranho fora do ninho, mesmo não sendo a primeira vez que eu estava com a família de Agnes.

O tempo tinha passado muito rápido. Eu não conseguia sequer pensar em como depois do incidente traumático, havia tudo melhorado e, embora o tempo de repouso, dentre outras coisas mais, estávamos em perfeito estado. Tive que adiar um pouco meus planos de levar Agnes e Companhia para Omã, mas estávamos resolvendo isso, na medida do possível. Em janeiro, ao que todas as programações atestavam, conseguiríamos estar pegando voo com um pouco mais de 50 familiares de Agnes, escolhidos entre os mais próximos pela minha noiva para que estivessem em seu casamento num avião pequeno fretado por mim.

Claramente eu estava muito ansioso para que essa data chegasse. Parecia que o tempo percorria-se muito lentamente e confesso que meus dedos coçavam com a simples ideia de que em pouco tempo poderia ter Agnes como minha esposa. Sabia também que quando voltássemos para Omã, muita coisa nos esperava também, pois eu sabia que havia muitos preparativos que precisaríamos decidir juntos e muitas coisas que eu não conseguia nem pensar direito naquele momento. A mim, ainda cabia os cuidados com a Mansão de Inverno. Afinal, ainda ficaríamos um tempo na Mansão de meus pais, mas depois seguiríamos para o nosso próprio espaço, sem que ninguém pudesse ficar falando no nosso ouvido e nos enchendo a paciência.

Era o que eu mais ansiava.

Depois do que pareceram horas cumprimentando um monte de pessoas, finalmente sentamos numa mesa gigantesca colocada no sítio outrora alugado novamente. Havia uma mesa grande que emendava com outra grande para os adultos e uma menor ao lado para as crianças. Todos nós nos sentamos e antes que as pessoas pudessem começar a comer, a vó de Agnes aproveitou o silêncio para fazer uma oração:

— Queremos agradecer ao senhor nosso Deus por sempre nos dar a dádiva de ter uma mesa com comida para todos nós. E, aproveitar também o dia de hoje para agradecer o nascimento de Jesus que vem sempre nos lembrar a sermos pessoas melhores, a amarmos a Deus e a amarmos o próximo como a nós mesmos. Que façamos da palavra do Mestre um alvo para o qual todos nós conseguiremos chegar um dia. Que amemos sempre. Muito obrigada por todos aqui presentes, pai. Assim seja. Amém. — Completou a vó de Agnes e todos em seguida disseram:

— Amém.

Tínhamos alguns costumes diferentes, mas eu conseguia observar muita coisa que tínhamos em comum. Aproveitei o momento em que todos estavam presentes e sorrindo e ainda em silêncio para falar:

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Sheikh no Brasil