Meu CEO Mandão romance Capítulo 89

Fazia algum tempo que não via Kathryn. Quando vi seu nome brilhando na tela do meu celular, corri para fora do pet shop e atendi sua ligação. Ela me disse que o papai havia piorado de algum jeito, e estava muito doente. Foi impossível ouvi-la dizer aquilo e não sentir uma pontada no peito. 

Por anos eu o ignorei, fingi que não existia e o culpei por tudo o que dera errado em minha vida, mas a verdade é que, se não fosse por ele, talvez estivesse numa situação ainda pior. Eu deveria tê-lo agradecido por cada segundo da minha vida de merda. 

Foram as minhas escolhas, não as dele. 

Quando cheguei no hospital, me deparei com uma versão abatida de Kathryn. Meu coração parou ao vê-la chorando e soluçando enquanto via o papai na maca. Quando meus olhos encontraram ele, senti como se meu chão tivesse sido tirado dos meus pés. 

Ainda sentia ódio por tudo o que me fez, mas, de algo jeito, não conseguia permitir me deixar continuar sentindo aquilo. Era uma sensação esquisita e, ao mesmo tempo conflitante. 

— Está bem? — Perguntei, me aproximando um pouco mais de Kathryn. — Como ele está?  

Vi Paul se aproximar, segurando uma garrafa d'água e umas barrinhas de cereal. Kathryn me olhou como se estivesse perdida, então respirou fundo e me puxou para um abraço, sem falar nada. Descansando o queixo em seu ombro, afundei meu nariz em seu queixo e senti o cheiro. 

— Diga que está bem, Kathryn. — Eu insisti. — Eu tive medo que algo tivesse acontecido com você… — E pousei a mão em sua barriga. O pequeno serzinho que estava ali dentro pareceu ter gostado do calor da minha mão. Eu podia jurar que senti algo. — Meu Deus, Kathryn. 

Minha respiração era pesada. 

Sua ligação havia sido, basicamente, choro e palavras desconexas, o que me fez pensar, primeiramente, que Paul tinha batido nela de novo. Quando olhei por cima do ombro, o vi perto agora, pausado logo atrás da gente. Ele nos encarava. 

Porra. 

Queria matá-lo. Talvez fosse o único jeito de tirá-lo de perto da minha irmãzinha — e do meu sobrinho. 

Depois de tudo o que acontecera nas últimas semanas, não me deixei pensar em Kathryn nem em como ela era importante para mim — e consequentemente, seu filho —, mas quando enfim desabafei tudo para Annelise, quando contei sobre como Kathryn e eu sempre estivemos juntos, minha ficha caiu. Eu nunca senti tanta saudade dela. 

Mas ainda tinha um pequeno problema: Paul. Eu me recusava a acreditar que ela ainda estava à mercê do babaca. Não acreditar, de jeito nenhum, que ela ainda deitava em sua cama, abria as pernas e o deixara engravidar mesmo depois de ter apanhado. Annelise me ensinou que o perdão era algo forte, até porque eu e ela vínhamos tentando superar o incidente que tanto a magoou — e que eu ainda me punia diariamente —, mas não conseguia entender como ou por que Kathryn perdoou Paul. 

Todos os dias quando acordava, pedia a Deus para que a protegesse. 

— Estou — ela sussurrou. Sua voz parecia arranhada e arrastada, como se fizesse esforço. Meus braços não conseguiram desfazer o laço em seu corpo. Eu a apertei ainda mais. — Obrigada por vir. Achei que… que não fosse vir. — Ela disse, voltando a apoiar a cabeça em meu peito. — Depois da nossa última discussão, tive medo de que me deixasse. De que não se importasse mais comigo. 

— Eu me importo. — Garanti. — Me importo com os dois. — Beijei seu cabelo e uni as sobrancelhas. O coração martelava dentro do peito. 

— Parece que está acordando — Paul disse, apontando para o papai. 

Kathryn voltou os olhos para através do vidro. 

Meia hora depois, eu e Kathryn estávamos dentro do quarto. Pegando sua mão com força, eu assenti quando ela fez menção de me soltar. Kathryn foi até a cama, e percebi os olhos de Paul nos secando atrás da parede. A enfermeira e o médico disseram que o papai tivera um ataque cardíaco. Ele estava muito debilitado, e tudo aquilo parecia mais uma porra de despedida do que uma comemoração por ele estar bem. 

— Chame o Chase. — Escutei sua voz rouca e quase inaudível. Kathryn se virou. Conversou por um tempinho com ele enquanto os observava. Ela veio até mim e me olhou nos olhos, como se pedisse para eu ser gentil. Não queria dizer, mas sabia exatamente do que se tratava aquilo. 

Houve um silêncio quase perturbador. 

Cada passo meu retumbava pela sala, e só havia aquele som, o meu coração disparado e as máquinas que o mantinham acordado. 

— Pegue a minha mão, filho. 

Filho. 

Em mais de vinte anos, meu pai nunca me chamara de filho. Me chamava apenas de Chase. Eu odiei meu nome por muito tempo, porque dizê-lo era como uma maldição silenciosa. 

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