Meu Senhor romance Capítulo 49

Arthur Albuquerque

Alguns dias depois

Estou na minha sala no hospital, tomando café com Bernardo e Paulo. Hoje além de termos uma reunião com os acionistas, ainda marquei uma reunião com meu pai.

-Prontos? (Pergunta Paulo olhando para o relógio e se levantando)

Eu confirmo com a cabeça. Me levanto e vou até a minha mesa.

-Você não acha arriscado conversar com seu pai aqui no hospital? Silvio daqui a pouco estará aí para a reunião dos acionistas. (Pergunta Bernardo ainda relaxado na poltrona com uma xícara de café na mão)

-Será que ele virá? Da última vez ele não veio. E eu até gostei, pelo menos não tive que aguentar as suas ideias estapafúrdias. (Falo olhando para eles)

-Sei não... Só sei que é bem capaz de vir, se ele está com essa fissura com a Duda .. vai vir pra te contrariar... (Fala Bernardo virando o resto de café. Na boca.)

Eu faço uma careta, não entendo porque ele sismou com a Duda. Ele nunca se interessou por nenhuma das meninas da Madame. Pra falar a verdade, a Duda é velha para o padrão dele.

Pego minha bolsa com o notebook e alguns papéis.

-Vamos para a sala, já está na hora.

-Antes de irmos, quero te perguntar mais uma vez, tem certeza que vai fazer isso? O cara é um bandido Arthur.

Fala Paulo para mim...

Ele conversou com o pai, como também o Bê fez. Mais não adiantou muita coisa, pois nenhum dos dois disseram que Sílvio tem algo contra eles. Eles simplesmente acham que não, mais não tem certeza em relação ao meu pai. Só são muito amigos, e quando o hospital precisou de investimento eles se reuniram para ajudar um amigo, e de quebra lucraram muito com a ajuda.

-Se meu pai me der carta branca, vou fazer sim... Eu não quero mais o Silvio envolvido com nossos negócios.

Sempre tive essa certeza... Agora então, sabendo de seus podres tenho mais certeza ainda.

-Às vezes parece que você só está fazendo isso para se vingar dele, pois ele está de olho na Duda.

Fala Bernardo me olhando.

-Não tem nada a ver com Duda, Bê... não é de hoje que queremos tirar ele da sociedade. Eu simplesmente não queria fazer isso com uma chantagem, mais não estou vendo outra saída. Agora então que conheço seus podres.

-Esses que você só descobriu porque ele ameaçou tirar a Duda de você.

Me sento em minha cadeira, e suspiro. Tô cansado do Bernardo ficar jogando isso na minha cara. Ele anda receoso, com medo de que eu esteja sendo impulsivo por causa de uma mulher. Mais não tem nada a ver. Não mesmo...

-Eu posso até ter investigado ele por causa da Duda. Mais a minha decisão não tem nada a ver com Duda. Eu enxerguei uma oportunidade e fui em frente. Porque é tão difícil de você entender isso Bê?

-Não é difícil Arthur. Eu só quero ter certeza que sabe o que está fazendo, que sabe que essa história pode ter várias consequências. Definitivamente, nós não sabemos com quem estamos lidando.

-Se eu tivesse medo de tomar decisões complicadas eu não teria aceitado a presidência do grupo Albuquerque. Eu preciso ser ousado, lidar com coisas perigosas. Vocês sabem melhor do que eu, que pra manter as coisas em ordem e sob controle, precisamos lidar com decisões não muito ética às vezes, até fora da lei. Eu não vou deixar o grupo Albuquerque em mãos de pessoas que eu não confio. E eu definitivamente, não confio no Sílvio.

-Nem eu...

-Nem eu...

Os dois falam juntos e eu me levanto novamente da mesa.

-Podemos ir, ou vocês vão continuar me atrasando?

-Sim doutor, podemos...

Eu reviro os olhos, e saio da sala seguido pelos dois.

**********

-Senhor, seu pai chegou...

-Pode deixar ele entrar Pedro. Depois da conversa estamos indo embora, então se organize.

-Sim Senhor!

Desligo o telefone e logo meu pai entra na sala. Vem até a mim, me dá um beijo na testa e vai direto para o bar, no canto do escritório.

Esse escritório um dia foi dele, eu não mudei nada. Continua tudo igual. Então quando ele vem, ele se sente em casa.

-O que o Silvio aprontou desta vez, meu filho?

-Descobri algumas coisinhas sobre ele...

Ele suspira... Enche dois copos de whisky e trás um para mim, se sentando em minha frente.

-Se mandou investigar ele, é porque dessa vez ele estourou sua tolerância.

-Só segui um conselho seu. Manter nossos inimigos por perto, sempre com uma carta na manga.

-Porque ele se tornou seu inimigo , meu filho? Silvio sempre foi um bom amigo...

-Eu aprecio ele ter ajudado o Senhor quando precisou pai, mais é só isso. Há tempos te digo que ele não combina com o grupo Albuquerque. Na verdade ele me irrita profundamente, quando se mete em coisas que ele não entende nada. Hoje por exemplo ele queria aumentar a ala de plástica, já que o grupo não anda faturando o quanto deveria faturar, segundo ele...

-O grupo foi uma das empresas que mais faturou na área médica o ano passado!

Eu encosto na cadeira e confirmo com a cabeça.

-Para o senhor ver que ele não entende nada de nada. Resumindo pai, eu só queria saber se ele tem algo contra vocês, que possa querer divulgar para imprensa para se vingar. Porque se não tiver, eu pretendo chantagear ele para que deixe o grupo.

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