Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 20

Três anos e meio atrás.

Eram seis da tarde quando o ônibus que Denise estava, chegou à capital, seu tio Joaquim já a esperava ansioso na rodoviária, a vinda da sobrinha para a fazenda era de grande expectativa, já que ele gostava muito da garota, como se fosse sua própria filha.

— Tio Joaquim, que saudade!

Quando Denise desceu do ônibus e viu o tio, não conseguiu segurar a emoção, ela o considerava muito e o abraçou como se estivesse encontrando o próprio pai.

— Meu Deus, como você cresceu menina! Se não fosse por esse cabelo enorme, não te reconheceria. — O tio elogiava a sobrinha de longos cabelos pretos, aquilo era como se fosse sua marca registrada.

Desde pequena, Denise sempre teve ciúme de seu cabelo, nunca deixava que a mãe cortasse, apenas aparava as pontas. Seu cabelo era sua paixão, não importava como se vestia, se o cabelo estivesse arrumado e sedoso, tudo estava bem.

O tio já foi pegando as malas da sobrinha e pôs no carro.

— Que carrão é esse tio, seu salário é tão bom assim? — Dizia cheia de graça, ao avistar a linda Sw4 que o tio dirigia.

— Que nada menina, esse carro é do senhor Caetano, ele me emprestou para vir buscá-la, o meu carro está no conserto, mas não chega aos pés desse, então não crie muitas expectativas. — A alertou.

— Para com isso tio, o senhor sabe que eu não tenho expectativa nenhuma, se viesse me buscar num fusquinha, eu estaria feliz do mesmo modo.

— Eu sei disso, por isso é que gosto muito de você, nunca teve frescura para nada.

— Eu até fico com vergonha de entrar num carro assim, estou tão suada, o ônibus não tinha ar condicionado e a janela do meu lado estava emperrada, acho que estou numa maré de azar.

— Não diga isso menina, essas coisas acontecem mesmo, se tivesse dinheiro, te mandaria vir de avião, mas as coisas ficaram ruins esse mês, tive que pagar o conserto do motor do carro, que ficou uma fortuna.

— Eu também não aceitaria tio, não tenho coragem de entrar num trem daquele, Deus que me livre, estou tão azarada que só imagino o pior, fora que já estou indo para sua casa, não abusaria de sua bondade.

— Não seria abuso nenhum, mas como o senhor Caetano me emprestou um dinheiro também, não quis pedir mais emprestado com ele, antes de pagar, mesmo sabendo que ele não faria nenhuma questão.

— Que patrão bonzinho, não vejo a hora de conhecê-lo, espero que ele vá com a minha cara e arranje um emprego para mim lá.

— Vamos com calma filha, primeiro você se instala, depois veremos o que você irá fazer daqui para frente, tudo é recente, você precisa descansar um pouco depois de tudo que aconteceu, precisa colocar as coisas em ordem.

No caminho para a fazenda, Denise contava todas as novidades ao tio, revelando como foi triste a morte da avó e como seus parentes se comportaram na divisão da partilha de bens.

Denise morava com a avó materna, desde o dia que os pais foram trabalhar no Chile, com medo de deixar os amigos e a escola, resolveu continuar no Brasil, além disso, ajudava a avó nos afazeres da casa. No ano passado, a avó acabou ficando doente e Denise largou o curso técnico de enfermagem que estava fazendo, para cuidar exclusivamente da avó, que infelizmente acabou falecendo no mês passado.

Ela queria continuar morando na casa da avó, para concluir os estudos e arrumar um emprego, mas dois de seus tios, filhos da avó, que nunca apareceram para cuidar da senhora, decidiram vender a casa para dividir o dinheiro, Denise coitada, que sempre cuidou da avó, não ganhou nem um centavo da partilha, até a mãe dela que ficou com uma parte do dinheiro, não deu nada para a filha, isso acabou deixando ela chateada com os pais, que simplesmente chamaram ela para ir morar no Chile. Tentando escapar do destino de ir morar com os pais, encontrou auxílio no tio paterno, Joaquim, que sempre foi um ótimo homem, e a convidou para ir morar com ele.

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