2 - Reclamada Por Dois romance Capítulo 15

Sabia que havia algo que não estava certo, quando o taxi parou em frente ao prédio onde morava , meu coração palpitou mais forte , uma dor o acompanhou em cada batimento, um aperto no estômago se deu como se ficasse enjoada de repente. Teria tomado a decisão errada ? Deveria ter explicado antes o porquê de ir embora ?

De qualquer forma , não adiantava mais pensar nisso, tinha fugido , correndo para longe sem uma única palavra depois de todas as revelações e sentimentos despertados. Vasco e Alexandre deveriam estar desiludidos nesse momento, talvez até furiosos. Olhando ao redor por um momento, sinto que estou sendo observada. Apreensiva, mordo o lábio, me fixando em cada sombra ,cada local mal iluminado do jardim em frente. No fundo tento não admitir que talvez a perspetiva de vida que tinham proposto me agradava, ser amada incondicionalmente por alguém é um desejo de qualquer mulher. Talvez inconscientemente esperasse que um deles surgisse para me pegar de volta, assim,de repente. Balançando a cabeça como se estivesse me tornando louca, rapidamente pago ao taxista , correndo para dentro, pego o elevador para chegar ao 3 andar. Observando todo o corredor,vou até ao vaso grande com a planta de Guiné que embelezava um pouco a parte comum dos moradores , deslizando os dedos na terra molhada procuro a copia da chave de meu Apartamento . Sempre me prevenia ao colocar lá uma cópia, escondida. No primeiro ano ali,me esquecera uma vez da chave na porta, do lado de dentro. O que me custou a visita dos bombeiros , alem do custo de uma janela partida por onde entraram.

Respirando fundo entro no meu espaço pessoal, olhando para trás de novo com a mesma sensação de antes. Apesar de não perceber a presença de ninguém até onde os olhos iam,fiquei com uma sensação estranha. A noite começava a surgir , mesmo assim fechei a porta atrás de mim , deixando as luzes apagadas por um momento enquanto me atirava para o sofá. Estava exausta mentalmente, muita coisa para pensar , muitas decisões a tomar. Olhando o telefone de casa vejo a luz do painel de mensagens aceso. Sem demoras clico no aparelho ficando sobressaltada com as 6 mensagens recebidas.

" Ângela, que se passa, porque não respondes aos meus emails?";" Ainda estou à espera de um retorno teu!!!" ; "Que negocio é esse de passares o final de semana fora e nem avisares ! " Nem uma ligação para eu saber que estás bem, para não ficar preocupada?!" " Se não me deres noticias em breve, terei que tomar providencias!" " Apanharei o primeiro avião se não responderes rapidamente! "

Maldição , esquecera que minha irmã sentia quando algo não estava bem comigo. Deveria ter avisado na hora que saíra, para onde ia e que estaria sem o notebook nesses dias. Olhando o aparelho na mesinha , rapidamente abro meu email, respondendo as inúmeras perguntas que também ali deixara. Imediatamente a tranquilizo de que tudo estava bem, não queria que pegasse o primeiro avião de Itália só para me ver metida numa confusão sentimental com dois homens que nem sequer eram humanos. Definitivamente não era algo que desejasse contar a minha querida irmã.

Passando o novo numero de celular, algo que esquecera também quando mudou, a deixei mais tranquila. Amava minha irmã Laura,muito, mas não queria que deixasse de viver seu sonho de restaurar as belas obras de Leonardo Da Vinci. Sua carreira seguia bem, eu por sua vez desistira de ser contabilista um tempo,para servir a mesa numa lanchonete. Me sentia a sufocar , dias inteiros fechada num gabinete com meu ex-namorado adultero, não era um bom ambiente para ninguém. Assim sempre conversava, sorria, socializava , o que me deixava mais tranquila , uma terapia, apesar de cansada no final do dia, valia a pena a paz que atingira nesses últimos meses...até agora.

Tentando não pensar de novo na situação presente, vou á geladeira preparando algo para jantar e logo sigo para meu quarto, talvez um bom banho e uma boa noite de sono me trouxesse uma solução pela manha, para aquilo que me deixava assim tão confusa, stressada.

Com a toalha ao redor de meu corpo , olho a janela com surpresa. Não me lembrava de a ter deixado aberta, seguindo em passos rápidos , espreito para um lado e para o outro, subindo meu olhar para a lua brilhante, quando nada de alarmante se passava em baixo. Quase lua cheia! Algo que associo de imediato a um lobo felpudo, com olhos selvagens. Droga, não agora ! Não deveria pensar nele no momento que ia para a cama. Suspirando fecho o trinco de segurança, me livrando da toalha, me atiro para o colchão macio, me tapando com os lençois suaves que tanto adorava. Bastou somente um minuto para sentir as pálpebras pesadas , alem de meu corpo que rapidamente perde seus reflexos com o relaxamento. Sim.. hoje teria uma boa noite de sono.

Esse pensamento até poderia persistir na minha mente se não ouvisse um barulho peculiar no silencio do quarto. Meus olhos se abrem indo ao encontro do barulho que insistia em impedir que eu adormecesse, mas para meu azar e receio, o sono rapidamente desaparece dando lugar a pânico ao perceber que eu. .. não era a única presente no quarto.

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