O Egípcio romance Capítulo 36

Engulo em seco.

No meio, nosso juiz, meu pai, com cara de paisagem assistindo à televisão, estabelecendo a paz entre os dois.

Quando entro na sala, Hassan é o primeiro a me ver. Percebi pelo seu olhar que o homem gentil se fora, e em seu lugar está um homem com aura selvagem. Muito máscula, mas letal. O perigo emana dele.

Vitor, quando me vê, se levanta do sofá antes mesmo que Hassan e vem na minha direção.

— Bom dia, Karina. Lembra que eu te disse que viria para saber se você está bem?

Ele tenta me beijar, mas eu me esquivo dele:

— Sim, estou bem, obrigada.

Encaro Hassan, que se levanta com certa dificuldade do sofá.

— Vitor, pelo visto conheceu meu namorado, Hassan.

Vitor não responde.

Eh, achei que ele não fosse responder mesmo.

Caminho até Hassan.

— Você está bem? Como você veio para cá? — pergunto, mas ele não olha para mim. Não responde. Não se mexe. Não pisca.

Ele ainda olha Vitor como um predador, esperando para dar o bote fatal. O silêncio se prolonga, cheio de ameaças. Seus olhos então procuram os meus.

— Precisamos conversar.

Ofego.

— Vamos até a biblioteca. Papai faz companhia para Vitor.

— Aqui não — Hassan diz, entredentes.

Ah, meu Deus… Hassan não pode ir chegando assim e me arrastando como se eu fosse a cachorrinha dele!

Com certeza ele viu os beijos de Vitor. Eu relanceio meus olhos para Vitor, que nos observa com uma fúria muda. Eu encaro Hassan e digo baixo, só para ele ouvir:

— Não quero sair hoje. Ainda estou toda dolorida. Você deveria estar em casa descansando também. Eu ia te ligar e te visitar.

— Ia mesmo? — Hassan pergunta baixo, ofegante.

— Sim — digo, com firmeza, enfrentando o olhar duro de Hassan sobre mim. — E como você veio até aqui?

— Contratei um motorista.

Papai se levanta. Acho que sente o clima ruim e vê que está sobrando nessa guerra fria.

— Vitor, por que você não me acompanha até a biblioteca? Quero te mostrar a minha última aquisição de selos.

Boa, pai! Digo mentalmente.

Vitor me olha longamente e não vê outro jeito a não ser acenar um sim para Jonas e segui-lo. Quando eles somem no corredor, eu encaro Hassan.

— Por que você não me falou desse cara? — as palavras suprimidas de Hassan por fim vieram ácidas, cheias de raiva.

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