O Egípcio romance Capítulo 60

No dia seguinte, Hassan chega em casa logo depois das nove horas. E, como combinado, ele teve uma conversa difícil com os meus pais.

Eles não viram com bons olhos a nossa pressa de casar, contestaram fortemente. Com muita conversa, acabaram entendendo que Hassan está cumprindo a promessa de me respeitar à risca e não está sendo fácil para nós dois nos mantermos afastados quando o fogo arde entre nós.

E, pela natureza árabe do meu agora “noivo”, é comum não se demorarem para casar.

Ficou combinado que dentro de quinze dias nos casaremos. Que é o tempo de enviarmos os convites para nossos familiares e Hassan organizar toda a festa.

Depois da conversa, Hassan convida meus pais para conhecerem a nossa futura casa. Eles aceitam o convite, boquiabertos de como as coisas estão acontecendo rápido entre nós. Eles saem da sala para mudarem de roupa e irem conosco.

Hassan aproveita essa brecha e me agarra pela cintura. Ele me beija longamente. Seu cabelo ainda está úmido do banho, as palmas das minhas mãos ficam úmidas quando toco sua cabeça.

Ele se afasta um pouco, mas me mantém em seus braços. Então encontra meus olhos.

— Você está feliz? — ele me pergunta, estudando meu rosto.

— Estou… — digo, e lhe dou um sorriso nervoso.

— Ainda pensa como seus pais? Que estamos nos precipitando?

— Sim, mas eu te amo. Quero me casar com você.

Hassan não diz nada, apenas assente sério para mim. Então me abraça e fala algumas palavras em árabe baixinho. Uma prece a Allah?

Eu o afasto por um momento e pergunto:

— Sua madrasta já sabe que iremos nos casar?

Ele acena um não com a cabeça.

— Ainda não comuniquei a elas. Não deu tempo. Logo que cheguei, fui dormir. Eu estava cansado, como sabe, ontem trabalhei. E hoje levantei e vim para cá.

— Entendo. E quando planeja contar a elas?

— Assim que eu tiver uma oportunidade.

— Está certo — dou um sorriso.

Momentos depois, paramos em frente a um grande portão branco de aço, todo trabalhado com desenhos orientais. Ele foi aberto automaticamente. Dois seguranças na hora surgiram, e quando reconheceram Hassan soltaram suas armas. Hassan diz para liberarem o carro atrás, que nos acompanha.

O carro então desliza por um longo caminho de paralelepípedos. A propriedade é cercada por verde, árvores tão grandes, com certeza centenárias.

Depois de uma curva, surge um jardim magnífico, e no centro um chafariz. A mansão térrea é lindíssima, toda pintada de branco e algumas partes com paredes forradas de pedras lavradas. Ela é toda avarandada. Pequena para ser um palácio, grande demais para se dizer que se parece a uma casa de campo. Posso dizer que parece uma mansão senhorial.

Hassan estaciona o carro em uma garagem coberta na lateral dela. Cabem no mínimo uns seis carros. Meu pai estaciona ao lado.

Descemos todos dos carros. Mamãe olha tudo com grande admiração. Meu pai parece surpreso também com o tamanho da mansão. Nem eu pensei que fosse tão grande.

Respiro fundo. O ar cheira à grama recém-cortada. Hassan me cerca pela cintura e convida a todos.

— Vamos! Vamos conhecer a casa.

Casa?

Modesto, ele.

Hassan nos guia para a porta lateral dentro da garagem. Saímos em um grande hall de teto côncavo e sustentado por vigas. Seguimos em frente e saímos em uma grande sala.

Meus olhos imediatamente são atraídos para um enorme e belíssimo quadro: o crepúsculo ao fundo dele e o deserto. Homens cobertos de preto andam a camelo. Símbolo do mundo árabe.

É bem a cara do dono da casa.

Passei então meus olhos pela sala. O chão no centro dela é coberto por um tapete oriental vermelho com tons dourados e preto, magnífico. Sofás brancos com almofadas coloridas e douradas. Papéis de parede, quadros com apliques dourados, cortinas duplas, móveis de estilo egípcio, quadros diversos espalhados pela casa.

Em todos os cantos, vasos de palmeiras e pequenos coqueiros. Aparadores sustentam vasos brancos com lindos desenhos azuis carregados por um buquê de lindas flores do campo.

Um volumoso buquê de rosas está no centro da mesa de jantar. Tudo é muito amplo. Só as duas salas conjugadas, de estar e jantar, são o tamanho da minha casa.

O choque de cultura e nossa diferença social enrijecem cada músculo de meu corpo.

Sim, a casa tem tudo a ver com o seu dono. Observo meus pais. Como eu, eles estão deslocados também.

Hassan parece perceber, ele vai até meu pai, toca seu ombro e olha para os dois com um sorriso:

— Fiquem à vontade, podem andar, conhecer a casa. Não se prendam a mim.

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