- O quê?
Jorge se levantou e veio contra o brilho das luzes. Seus passos eram firmes e lentos, parou em frente à Natália e disse, em um tom condescendente:
- Ainda somos um casal, você não deve flertar com outros homens.
Não importa o motivo, jamais deveria deixar ele tomar chifre durante o casamento, mesmo nominal.
No fundo, o que estava em jogo era a dignidade do homem!
Natália não compreendia, com quem ela havia flertado?
Ela teve o ímpeto de perguntar:
- Então você não está passando a noite aqui com outra mulher? Também devo cobrar sua fidelidade?
Jorge ficou mais chateado:
- Eu não dormi com ela.
Natália ficou surpresa, sabia que Ester passou a noite aqui.
Quem acreditaria nisso?
Espere. E daí se ele dormiu ou não?
Jorge não sabia como se expressar. O que ele estava fazendo?
Natália não queria causar uma discussão com ele e suavizou seu tom:
- Vou tentar fazer o que você quer, então eu...
Ela balançou o papel em sua mão, não precisava dizer mais nada.
Jorge suspirou. Ficou incomodado, não era com Natália, mas consigo mesmo!
Como e por que ele deveria se explicar a ela?!
É loucura!
Este comportamento perverso estava confundindo-o!
É até revoltante!
Natália queria terminar logo a tradução desses documentos porque ela tinha sido contratada pelo restaurante.
Ela fez somente a metade até meia-noite e já estava com sono.
Para refrescar sua mente, ela levou os documentos para a sala de estar. Toda a casa estava quieta naquela hora, Jorge e Joana deviam estar dormindo.
Ela colocou os papéis na mesa de centro, foi para a cozinha e serviu-se um copo de água. Bebeu um pouco, deixou o copo e retornou para a sala de estar, sentou-se no tapete e se debruçou sobre a mesa para continuar sua tradução.
Jorge estava com sede e desceu no meio da noite para beber água. Ficou surpreso ao ver Natália ainda traduzindo os documentos.
Mas não disse nada, Natália o viu mas não o cumprimentou.
Jorge não estava acostumado com outras pessoas na casa, bebeu a água que já estava na mesa.
- Esse…
Natália queria dizer que aquele era o copo que ela tinha usado, mas Jorge já havia bebido.
Jorge olhou para ela, parecendo compreender o que queria dizer, fixou seu olhar em seu rosto por vários segundos, resolveu olhar para o copo e viu, sob a luz, uma marca de lábio na boca do copo.
Era óbvio que alguém tinha usado isso, e combinado com a reação de Natália, estava claro que tinha sido ela.
Natália abaixou a cabeça e fingiu que não viu nada, e que nada tinha acontecido.
Apenas ficou com o rosto quente de vergonha.
Eles não tinham intimidade, compartilhar um copo era um ato muito íntimo.
Embora ele não tivesse a intenção de fazer isso, Natália se sentiu envergonhada.
Jorge moveu seus lábios, passou a língua sobre seu lábio inferior. Ele não sabia o que se passava em sua mente, simplesmente bebeu o resto da água, em cima da outra marca de boca.
Ele deixou o copo vazio e veio para olhar o relógio. Era uma hora.
- Ainda não dormiu?
Natália ficava de cabaça abaixa, não ousava olhar para ele.
- Ainda não estou com sono.
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