Por Você romance Capítulo 2

Um mês depois...

Luís Renato

Acordo com uma puta dor de cabeça e o mau-humor como sempre é a minha melhor companhia. Forço-me a sair da cama e resmungo enquanto caminho para o banheiro. Mais uma noite de bebedeira e de lamentações. É um inferno! Tomo um banho demorado e espero que a água fria leve para longe de mim a dor que me acompanha como uma sombra negra. Minutos depois, ponho uma roupa informal para mais um dia cheio. Preciso trabalhar, manter a minha mente ocupada. Não pensar nela me dá alguns minutos de paz. É inverno aqui no Rio e os dias se tornam mais frios e chuvosos. No carro, me dedico a ler o jornal e acompanhar as notícias do dia. Nesse momento o meu celular começa a tocar e eu o atendo revirando os olhos com impaciência.

— Bom dia, flor do dia! Como está o seu humor nesta manhã? — Marcos Albuquerque, meu sócio e melhor amigo pergunta com o seu familiar humor matinal que me irrita. Bufo em resposta. Odeio esse seu jeito alegre de ser. Porra, o homem é a felicidade em pessoa, e sinceramente, eu não vejo motivos para isso. O cara é solteiro, mora sozinho e mesmo assim está sempre de boa.

— O que você quer, Marcos? — perguntei irritado.

— Avisar que chegarei atrasado para nossa reunião. — Bufo outra vez. Grande novidade! Com certeza ele teve mais uma noite de sexo grupal com as vadias do seu convívio social e está acordando agora.

— Sabe o quanto essa reunião é importante para a empresa, Marcos.

— Relaxa, Luís, é um atraso pequeno. — Ele tenta se justificar. Olho as horas. Estou adiantado pelo menos duas horas. Essa virou a minha rotina: chego antes de todos e só saio quando não tem mais ninguém no prédio.

— Não aceito desculpas, Marcos, você tem uma hora! — falo encerrando a chamada bruscamente. Às oito em ponto estou preparado para mais uma reunião, a primeira do dia. Lorena, minha nova secretária entra em minha sala com um semblante sério e trazendo consigo uma xícara de café.

— Está atrasada — digo friamente e sem olhá-la nos olhos.

— Desculpe, senhor Alcântara, o trânsito…

— Não tem desculpas, Lorena! Saia de casa mais cedo se for preciso. Sabe o que eu penso sobre atrasos — rosno impaciente, encarando-a firmemente. Observo a garota engolir em seco e se aproximar da minha mesa com cautela.

— Não vai se repetir, senhor Alcântara. Eu trouxe o seu café — diz com a voz levemente trêmula. Ela põe a xícara de porcelana na minha frente, eu a seguro em minhas mãos e bebo um pequeno gole do líquido, cuspindo-o logo em seguida, fazendo com que a minha secretária dê um passo receoso para trás. Calmamente ponho a xícara de volta na mesa, levanto da minha cadeira e em silêncio pego um guardanapo de papel. Passei-o no meu terno italiano legítimo, e só depois a encarei novamente.

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