Por Você romance Capítulo 7

— Ana? — fala com uma voz rouca.

— Acabou, amiga, ela se foi — digo em um fio de voz.

— Estou indo para aí, Ana. Só preciso falar com a Mariana e com a Juliana pra olharem Isabelly e o papai. Chego no hospital em meia hora.

— Tá! — digo e encerro a ligação. — Encosto minha cabeça na parede e observo o corredor quase vazio, se não fosse por alguns médicos e enfermeiras passando por ele. A quietude desse lugar me leva aos meus últimos minutos ao lado da pessoa que eu mais amava nesse mundo e as lágrimas voltam, dessa vez, silenciosas. Minutos depois sinto o meu corpo ser puxado e logo sou abraçada pela minha amiga. Eu me agarro a esse gesto como se ele fosse o meu bote salva-vidas.

— Sinto muito, amiga! — sussurra. — Sei que não está sendo fácil para você se despedir assim. Mas acredite, querida, ela precisava descansar. — Eu apenas assinto com a cabeça. Mônica se afasta um pouco e me olha nos olhos, ajeitando algumas mechas dos meus cabelos atrás da minha orelha e volta a falar. — Faremos assim, meu amor. Eu te levo para a minha casa, te faço um chá bem quentinho, você toma um banho relaxante e tente descansar um pouco. Deixa que cuido de tudo para você, tudo bem? — dita os meus próximos passos com carinho e eu apenas assinto, pois não tenho forças para contestar.

***

Na casa de Mônica, faço tudo como ela me pediu. Tomo um banho demorado e relaxante e depois um chá, que ela prontamente fez para mim. Mas, não consigo dormir e quando vejo, já amanheceu. Minha amiga não para um só minuto. Em poucas horas ela já havia resolvido tudo para o velório e o sepultamento. Sem ânimo para nada, eu fiquei em seu quarto, deitada em sua cama de solteiro e olhando para o teto como se ele fosse uma tela de cinema, assistindo algumas imagens das minhas lembranças como se fosse um filme passando bem diante dos meus olhos. Lembranças que quero guardar para sempre dentro de mim.

Memórias...

— Mamãe, quero observar os macacos, já cansei das araras.

— Claro, filha. Suponho que os macacos são a nossa próxima parada. — Ela sorri. Um sorriso lindo que eu amo!

— Posso dar comida para eles, mamãe?

— Não, não pode, querida.

— Por que não? — pergunto chorosa.

— Porque eles podem ficar doentes, você quer que os macaquinhos fiquem doentes?

— Não, mamãe, não quero que fiquem doentes.

— Então vamos só olhá-los, certo? Depois podemos tomar um sorvete, o que acha?

— Sim, por favor, mamãe! — falo, dando pulos de alegria.

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