O Vício de Amor romance Capítulo 242

- Se algo desse tipo acontece em minhas instalações, eu tenho que assumir a responsabilidade. Com certeza vou achar uma explicação.

Além do fato de ele e Jorge Marchetti estarem em um processo de cooperação, ainda havia a ousadia de cometerem um ato dessa natureza em seu território.

Ele nunca poderia tolerar alguém agindo livremente dentro da sua propriedade. Como ele poderia gerir o negócio dessa maneira?

Como líder, há certas coisas que dá para relevar; outras são imperdoáveis.

O gerente do hotel resolveu expor sua visão dos fatos:

- Verifiquei o sistema de segurança. O inimigo conhece muito bem a disposição do nosso monitoramento, e evitou muitas câmeras que poderiam fotografá-lo. Questionamos o empregado que entregou a caixa de presente, mas não obtivemos nenhuma pista significativa.

Luiz ergueu a cabeça e olhou para Jorge, que até então em silêncio. A janela atrás do sofá ia do chão ao teto. O sol brilhava. Jorge estava contra a luz, e sua fisionomia não aparecia com muita nitidez. Luiz refletiu e disse, por fim:

- Tudo indica que o alvo era a Sra. Natália. Não sei se o Sr. Jorge tem mais alguém em mente.

Ele pensou no interrogatório conduzido por Vanderlei e Marcelo. O máximo que o inimigo poderia conseguir seria assustar Natália e as crianças. Se ele fosse Anderson, não correria o risco só para isso.

Era o tipo de ação que não lhe traria muito proveito. Se ele ainda sentia apego a Natália, o mais provável seria esperar uma oportunidade para sequestrá-la ou sequestrar as crianças para ameaçá-la.

Esse tipo de ação não teria muita serventia para ele.

Bastaria a mínima falha, e ele acabaria dando pistas para ser encontrado.

- Estamos em sua propriedade, Sr. Luiz. Preciso de que o senhor me dê explicações. Seria possível fazer isso em dois dias?

Luiz franziu a testa. Ele não esperava que Jorge lhe transferisse o problema. Segundo ele contou, o alvo do inimigo eram os filhos dele. Não seria ele quem deveria investigar e lidar com o responsável pela brincadeira de mau gosto?

Jorge apertou os lábios:

- Acredito que o senhor tem todas as condições de descobrir, Sr. Luiz. Afinal, aqui chegamos e não ofendemos alguém. Se é para falar de ofensa, temos que nos lembrar da mulher ao seu lado, presidente.

As palavras dele foram um choque de realidade. Então ele suspeita de Jaqueline Soares?

Mas, naquele dia, Jaqueline não havia colocado a culpa em Natália. Afinal, foi Raquel que começou com a provocação. Além do mais, ele não achava que Jaqueline seria capaz de fazer uma coisa dessas!

- Se for isso mesmo, o senhor vai descobrir, Sr. Luiz.

Jorge não queria entrar em um debate. Pegou Matheus, que estava nos braços de Natália. Foi a primeira vez que o carregou. Ele era bem forte, e mais pesado do que a filha. Apesar de terem a mesma idade, era mais alto do que ela.

Matheus queria colo o tempo todo, fosse de quem fosse. Se ficasse sozinho, a sua imaginação ganharia asas e a cena daquela boneca ocuparia a sua mente. Só de pensar de novo nela, ele não conseguiu deixar de tremer.

- É claro que eu posso cuidar disso sozinho se o senhor estiver resistente. Mas não terei a menor consideração pela sua pessoa quando chegar o momento.

Dizendo isso, seus olhos penetrantes varreram o rosto surpreso do dono do hotel. Ato contínuo, ele abraçou o filho e saiu.

Vanderlei e Marcelo trocaram olhares. O Sr. Jorge já tinha fechado questão em um suspeito?

- Se for mesmo ela, certamente vou lhe dar uma explicação.

Luiz olhou para Natália com a expressão séria.

Ela não disse nada. Estava se sentindo um pouco cansada. Abraçou a filha e chamou a todos para irem almoçar. Depois do cansaço de terem viajado metade do dia, ainda estavam sem comer, e aconteceu de novo uma coisa dessas. Não dava para resolver a situação de barriga vazia.

- Vanderlei, vão na frente comer. Vou ligar para Jorge - ela se levantou.

Renata disse:

- Deixe Mari comigo. Ela também deve estar com fome. Já são 2h da tarde.

Natália passou a mão pela testa da filha e a entregou a Renata.

Muito obediente, a menina foi para os braços da assistente.

Jorge Marchetti não voltou para o quarto com Matheus nos braços. Também não estavam no hotel. Depois de procurar para cima e para baixo, Natália reconheceu, por fim, a figura de Jorge nos fundos do hotel.

Eram duas silhuetas de costas sentadas nos degraus, uma grande e uma pequena. Natália diminuiu o passo: parecia que estavam conversando.

- Teteu, o que você quer ser quando crescer?

O menino estava sentado com as mãos segurando as pernas juntas.

Sem nem pestanejar, ele foi logo dizendo:

- Quero ser alguém que pode proteger a mamãe.

- Você fica assustado com um brinquedo. Como pode protegê-la?

As palavras de Jorge foram duras, sem a tolerância esperada ao lidar com uma criança.

Matheus piscou os olhos, e parecia reviver a cena em sua mente:

- Mas aquela boneca é assustadora.

- Mas é de mentira - o pai interrompeu-o.

Matheus ficou sem reação. Sim, a boneca era falsa, mas parecia muito real, por mais que fosse apenas um monte de plástico.

Ele segurou a mãozinha com força:

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