Um amor de cabaré romance Capítulo 28

A minha sorte era que a suíte presidencial ocupava o andar inteiro, e poucas pessoas poderiam ter ouvido os gritos da Marina.

Quando cheguei no hotel, vários repórteres abordaram o meu carro, alguns ficaram de frente pro carro, e os seguranças tiveram que tirá-los da frente pra que eu pudesse entrar.

- Infelizes, esbravegei.

Eu estacionei o carro, subi no elevador, e quando finalmente cheguei no andar, eu encontrei a Marina, com os olhos vermelhos, sentada nas poltronas do corredor, e os seguranças estavam de pé ao lado dela.

Ela me olhou com tanta mágoa, dor, ódio, era impossível definir ao certo aquele olhar.

Eu pensei que ela sairia gritando em minha direção, como da última vez, mas não foi isso o que ela fez, ela se manteve sentada, esperando que eu me aproximasse, e então eu me aproximei.

Eu abri a porta da suíte e a encarei.

- Entre por favor.

Ela se levantou, e entrou, sem nenhuma objeção, na verdade ela parecia cansada demais pra continuar brigando.

Eu fechei a porta, e ficamos um de frente pro outro, e ela continuou calada, e foi então que eu entendi que ela só estava ali, pra escutar a minha versão da história.

- Em primeiro lugar, eu sinto muito, e eu sei que não existe justificativas pro que eu fiz, mas o nosso casamento não estava indo bem a muito tempo, nós não transávamos a três meses Marina, você estava sempre ausente e distante, a maioria dos homens que conheço, aproveitam as viagens pra traírem suas esposas, já eu fazia questão de tê-la ao meu lado, de levá-la pra todo canto que eu ia, mas você sempre inventava desculpas, sempre existia um evento, um desfile, e algo mais importante do que o nosso casamento, e eu não estou falando isso pra tirar a minha culpa, pois eu tive a chance de manter a minha decisão sobre o divórcio, mas eu pensei que talvez, fosse possível salvar o que tínhamos, mas não tem jeito pra nós dois Marina.

Ela começou a chorar copiosamente, ela se afastou de mim, passou um tempo em silêncio, respirou fundo e depois me encarou.

Marina: Você dizia que queria ter uma família ao meu lado, embora você soubesse que eu não podia ter filhos pelos métodos tradicionais, mas você sempre estava ali, falando no pé do meu ouvido, fazendo planos, falando dos nossos futuros filhos, e dizendo que existia um tratamento pra mim.

Então quando você decidiu colher seus espermatozoides, pra que pudéssemos ter essa chance, eu passei um tempão esperando o tão sonhado dia que eu pudesse fazer a fertilização, eu me enchi de hormônios, fiz tudo certinho pra que você pudesse ter a família que você disse ser possível termos, e eu sinto muito se tudo não saiu do jeito esperado, ao ponto de você se cansar de mim, mas o melhor tratamento, eu encontrei no exterior, e muitas vezes eu precisava estar lá, ao invés de estar com você nas suas reuniões, eu só queria fazer uma surpresa pra você e que você ficasse feliz com a notícia, mas parece que você esqueceu de tudo, parece que você esqueceu dos planos que fizemos juntos, e do dia que você colheu seus espermas, me dando consentimento pra eu usá-los quando eu estivesse apta pra recebê-los. Então eu usei, e se eu saí de casa, foi porquê eu não queria correr o risco de perder a minha chance de ser mãe, de ter a família que você me impulsionou a sonhar, e agora que tenho a chance de ser mãe dessa criança, você me diz que quer o divórcio, e me trai com uma prostituta? que tipo de homem é você Felipe? quem é esse que eu não consigo reconhecer?

As palavras dela me abalaram de uma forma avassaladora, pois eu sabia que ela tinha razão.

Eu não esperava ser pai tão cedo, e quando eu decidi colher os meus espermas, foi porquê o médico me falou que o tratamento poderia durar um tempo, então eu não pensei que esse tempo seria tão rápido, e que ela iria usar eles logo em meio a nossa crise conjugal.

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