Por Você romance Capítulo 135

Jasmine

Três dias depois...

As vozes sussurradas estão sempre ao meu redor, mas eu não consigo entender o que eles dizem. Confesso que tenho medo de abrir os meus olhos e de saber que eles ainda estão aqui. Um som diferente surge em seguida, é como um bip, depois uma porta se abre e se fecha. Sim, são eles. Mas logo tudo fica silencioso e eu penso que esse é o momento de espiar. Puxo uma respiração profunda, reprimindo-a no mesmo instante quando uma dor lancinante me acomete e no mesmo instante solto um gemido dolorido. Tento mexer a minha mão para levá-la ao local da dor, porém, eu não consigo. Ela está presa a alguma coisa. Puxo mais uma respiração, dessa vez com mais cuidado e tento engolir, mas a minha garganta está seca demais. Após outra respiração, a dor volta e eu torno a gemer. Me forço a abrir os olhos, preciso ter certeza de que estou sozinha e assim que consigo, olho ao meu redor. Eu não estou em casa, nem no quarto da minha mãe. Só de saber disso o meu coração acelera. Oh Deus, o senhor ouviu as minhas preces! Observo o lugar com mais atenção. É um hospital, mas como? Como cheguei aqui? Ergo uma mão devagar e alcanço o meu rosto sentindo uma máscara e tento removê-la, mas uma mão suave segura a minha.

— Não tire, Jasmine, você ainda precisa dela para respirar. — Uma enfermeira fala, abrindo um sorriso doce. Tento falar algo, mas ela me impede. — Não fale nada, não se esforce. Eu vou chamar o médico e avisar que você já acordou. Tudo bem? — Eu assinto e ela sai do quarto com pressa. Sozinha aqui começo a me lembrar dos últimos momentos com o Marrento no quarto. As lágrimas queimam os meus olhos e a minha cabeça começa a latejar. A porta volta a se abrir e um médico passa por ela. Logo atrás dele está Lilian Alcântara, a irmã de tio Luís. É claro. Estou na clínica TaoVida, mas ainda não sei como vim parar aqui.

— Olá, Jasmine! Eu sou o doutor David Hanson e eu acho que você já conhece a doutora Lilian. — Em resposta faço um sim com a cabeça. — Eu vou fazer alguns exames de praxe e depois quero falar com você sobre a sua real condição, ok? — Assinto outra vez. Ele explica que tenho duas costelas trincadas e que uma delas perfurou um dos meus pulmões por causa da maneira que fui resgatada. Sofri um leve traumatismo craniano e quebrei o nariz também. Suspiro lento e calmo. Isso explica o sangue, as dores e os desmaios. — Sente alguma coisa, algum incômodo? — Assinto de novo. — Ok. Não quero que fale ainda para não forçar o seu pulmão. Então eu vou perguntando e você mexe a cabeça, certo? — Meneio a cabeça concordando com ele. — Dói a cabeça? — Faço um sinal positivo. — As costelas estão incomodando? — Faço um não. — Dói quando respira? — Assinto. — Ok, vou pedir para uma enfermeira aplicar um analgésico no seu soro e a dor vai aliviar. Você pode dormir, eu quero que descanse bastante. Tudo bem? — Mais uma vez concordo e ele se afasta.

— Oi, Jas! — Lilian diz e uma enfermeira entra minutos depois para iniciar a medicação. — Todos estão lá fora. Eles estão ansiosos para te ver você e saber como você está. Mas você ainda não pode receber visitas, então eu vou liberar alguém, se você quiser claro. — Faço um não com a cabeça. Ela concorda e com um meio sorriso. — Tudo bem, querida! Descanse, amanhã você vai estar bem melhor. — Ela diz e logo sou absorvida pela sonolenta.

Saber que eles não conseguiram o que queriam é um alívio e pensar que estou longe dele me deixa mais calma. Eu sobrevivi ao pior dos pesadelos, quando pensei que jamais conseguiria. Agora estou segura e só quero sair daqui para estar nos braços da minha avó.

***

Horas depois...

— Como ela está, Lilian? — Alguém pergunta baixinho.

— Se recuperando. Jasmine é uma garota muito forte. Não sei quem fez isso com ela, mas com certeza essa pessoa não a matou por pouco.

— Quando ela vai ter alta?

— O médico precisa que ela fique no hospital essa semana. Os exames deram tudo normal, é só uma questão de prevenção mesmo. — Puxo a respiração e abro uma brecha de olhos. Tia Ana e Lilian estão conversando perto de uma janela e afastadas da cama. Percebo que já retiraram a máscara de oxigênio. Isso deve ser bom. O soro também não está mais aqui. Tento me mexer, mas a dor ainda não me permite fazer isso e em consequência, eu gemo chamando a atenção das duas.

— Oh, querida, você acordou! — Tia Ana sibila se aproximando da cama e Lilian sai do quarto em seguida. Ana beija o meu rosto calidamente e acaricia os meus cabelos. — Como está se sentindo?

— Ainda dói quando respiro — digo incomodada.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Por Você