Por Você romance Capítulo 151

Mick

Momentos antes de acabar o namoro...

Me aproximo da Rute e de cara já recebo um beijo na boca. Os caras ao meu redor fazem burburinhos e eu peço a Deus que a Cristal não tenha percebido isso. Ela tenta segurar a minha mão, porém, não permito e isso a faz me olhar atônita.

— Podemos conversar? — indago assim que nos afastamos. Ela franze as sobrancelhas, mas assente.

— Claro!

— Quer ir para a lanchonete? — sugiro, pois é um local movimentado e fica mais fácil assim.

— Não, vamos para o apartamento da minha irmã. Se o meu namorado quer ter uma conversa mais à vontade comigo... — Ela deixa a frase no ar e abre um sorriso sugestivo.

Vamos em silêncio para o estacionamento. Eu monto na minha moto e ela vem logo atrás de mim. O trajeto também é feito em silêncio e penso em como terminar um namoro que nem ao menos começou direito. E pensar que tudo isso poderia ter sido evitado com um simples não como resposta. Eu devia ter me recusado a entrar nas loucuras de Cristal. Devia ter dito não para Rute quando me propôs um relacionamento e tudo estaria em seu devido lugar. Ou não. Porque a Cristal na verdade só despertou depois desse sim. É muito confuso, eu sei. Paro a moto na garagem do prédio minutos depois, ela desce empolgada e dessa vez segura a minha mão sem reservas, guiando-me para um dos elevadores. Quando estamos dentro do quadrado apertado a garota tenta me beijar. Caramba, isso é um saco! A coisa que eu menos queria nisso tudo está prestes a acontecer. Eu vou machucar alguém e isso não combina comigo. Eu não sou assim. Quando as portas se abrem em parte me sinto aliviado, mas por outro lado me sinto um filho da puta. Rute está mais inibida talvez pelo fato de eu não ter retribuído o seu beijo, ou pela minha atitude desde que se aproximou de mim. Puxo a respiração lentamente e a solto vagarosamente pela boca. Os segundos parecem que se arrastam e o meu coração malvado b**e cada vez mais tão forte, tão forte que chego a ouvir as suas batidas dentro dos meus ouvidos. Ela abre a porta e me dá passagem.

— Quer beber alguma coisa? — oferece sisuda vindo atrás de mim. É estranho ouvir uma pergunta dessas vinda de uma garota de dezoito anos às dez da manhã.

— Não, obrigado! — Ela dá de ombros e vai para o bar de canto, serve uma bebida e toma um gole em seguida. Depois se vira de frente para mim e me encara séria.

— O que você queria falar comigo, Mick? — questiona dando alguns passos lentos em minha direção, sem desviar os seus olhos dos meus. Engulo em seco. Chegou o momento!

— Rute eu... — respiro fundo. — Não dá mais!

— O que não dá, Leãozinho? — sibila o meu apelido.

— Isso. — Apontando para nós dois. Ela fica calada com seus olhos especulativos nos meus o tempo todo.

— Você quer acabar o namoro, é isso? — Suspiro audível.

— Eu sinto muito, mas é que...

— O que foi que eu fiz? O que eu fiz de errado? — ralha largando o copo e se aproxima ainda mais. Meu celular vibra dentro do bolso da calça e o tiro para olhar a tela. Caralho, é uma mensagem do treinador Flint. Droga, ele é o pai dela e sinto que isso vai dar em merda. Rute tira bruscamente o celular da minha mão e o coloca em cima da mesinha de centro. Depois volta para mim e acaricia o meu rosto, beijando-o logo em seguida. O seu beijo se arrasta pelo meu pescoço e queixo, e eu me sinto incomodado com isso.

— Rute, para, por favor! — peço afastando-a de mim.

— Não, Mick, você não entende! — diz baixinho, perto do meu ouvido, levando as mãos ao meu pescoço e acaricia a minha nuca. Respiro fundo porque não sei o que fazer. Eu só queria que isso fosse mais fácil, que não a magoasse. — Eu te amo! — sussurra e o meu coração se aperta. — Ninguém nunca me tratou assim como você. — Engulo em seco outra vez. Definitivamente isso vai ser mais difícil do eu podia imaginar. — Todos os caras com quem me relacionei até agora me tratavam como um pedaço de carne. Eles me levavam para a cama e no outro dia fingiam que não me conheciam. Você não. Você é diferente. É atencioso e carinhoso... não faz isso comigo, Mick! — pede voltando a dar beijos carinhosos na minha pele. Penso em Cristal, na carinha de decepção que fez quando disse que me amava e eu não disse nada de volta. Ela disse que me amava, pow! E isso era tudo o que eu mais queria ouvir na minha vida! E quando a garota finalmente me diz eu a deixei sozinha e sai com outra garota! Lamento por dentro. Mas eu precisava. Se eu quiser ouvir essa frase sair mais vezes da sua boca preciso estar só com ela e com mais ninguém. Pensando nisso livro-me dos braços da garota que me envolvem com laços e me afasto de vez dela. — Mick, por favor! — Ela insiste com súplica. É a primeira vez que machuco alguém na minha vida e isso é muito fodido, cara!

— Me desculpe por isso, Rute! Eu só... eu não... posso mais.

— Por quê? — inquire em um fio de voz e secando as lágrimas que começam a despontar.

— Porque eu não te amo!

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