Sal, Pimenta e Amor(Completo) romance Capítulo 33

Ale então tocou minha mão, para minha surpresa, me puxando novamente para dentro de casa. Ali estava menos barulho, com menos pessoas falando e também com maior facilidade de andar.

– Para onde estamos indo? – Perguntei e Ale riu.

– Não é óbvio? Para a parte de trás da casa. – E dito isso Ale me guiou para onde estavam os carros.

Num primeiro momento não entendi o que ele estava fazendo, ainda meio confusa, em virtude de Ale não ter largado a minha mão em momento algum. Depois, quando observei onde estávamos, com a luz da única lamparina que havia ali na parte de trás da casa, comecei a rir do que Ale tinha feito de surpresa.

– Não acredito que você fez isso com o Dobby! – E eu não me aguentava de rir agora que eu via que o Dobby tinha uma meia em cada retrovisor e eram justamente as minhas meias! Alexander deu um sorriso de canto dos lábios enquanto falava.

– Ora, alguém me segredou que não era tão livre assim, então eu dei a liberdade total para ele! Dobby agora é livre! – E eu continuei rindo.

– Tira isso do Dobby Ale! – Gargalhei. – Ele já tem meias, mas ele sempre quer ganhar mais. E como você conseguiu as minhas meias? – Perguntei achando graça e Ale só deu de ombros enquanto dizia:

– Ah, chuchu, é fácil achar as suas coisas. Estava procurando um sutiã, na verdade, mas as meias apareceram primeiro… – E eu então bati em Alexander dando um tapa de leve no ombro dele achando graça de tudo aquilo.

– Ale! Será que dá para você falar sério um segundo sequer? – Perguntei com a voz um pouco mais afilada e Ale gargalhou ao ver que eu estava com vergonha da forma como ele falava.

– Ora, chuchu. Mas ainda nem acabou as surpresas. Dobby tem outra surpresa. – E eu revirei os olhos diante do que Ale falava, pois eu não conseguia sequer pensar quando ele tinha arrumado tempo para conseguir fazer tudo aquilo, ainda mais sem que eu percebesse.

– Vai em frente então. – Disse e Ale concordou soltando a minha mão e indo em direção a Dobby. Fiquei vendo ele abrir a porta do meu golzinho e mexer no som, o que me fez franzir o cenho. O que diabos Ale estava aprontando afinal?

Quando o meu som começou a tocar, no que seria uma música particular para nós dois apenas, eu entendi. Ale estava me zoando, de alguma forma. Ainda assim, só fui entender quando ele começou a falar:

– Dobby me ajudou a descobrir os seus gostos musicais, que diga-se de passagem, são bem antigos. Sara, céus, de que século você é? – Me perguntou Alexander gargalhando enquanto Freddy Mercury tocava logo atrás uma das músicas mais lindas que eu achava dele.

Comecei a corar instantaneamente, pois eu tinha escondido aquele cd bem escondido quando fui viajar para a fazenda com o Ale. De alguma forma eu não queria que ele descobrisse os meus gostos recônditos e eu estava agora ficando vermelha, agora que tinha sido pega no flagra e uma das minhas músicas favoritas tocava.

– Se serve de consolo. – Disse Ale tocando minha mão novamente e me puxando na direção dele, para minha surpresa. Ainda estava atônita, encarando ele nos olhos e tentando entender o que havia acontecido ali quando Ale me puxara na direção dele. – Também gosto das mesmas músicas antigas que você, chuchu. – E dito isso Ale piscou. O meu corpo, que já estava muito próximo do dele, revirou pulando milhões de borboletas no meu estomago querendo escapar.

Estávamos sozinho, num ambiente não muito bem iluminado e com um Ale galanteador e sexy na minha frente, muito próximo de mim. A minha mente já não estava mais funcionando como deveria e eu só conseguia pensar em como seria agradável beijá-lo agora. Ale sabia como conquistar uma mulher, porque eu estava já no momento que aceitaria o que quer que fosse só para ver ele falar e sentir no meu rosto as baforadas do hálito fresco de menta que me encontrava. Era insano, proibido, desejoso, mas, ao mesmo tempo, tentador demais. E eu queria provar dessa tentação.

A música continuava tocando como pano de fundo e Ale começou a se movimentar comigo numa dança lenta acompanhando aquela música linda. Minha cabeça encostou no seu peito e eu só consegui fechar os olhos aspirando o cheiro dele enquanto acompanhava a música.

O cheiro de Ale naquele momento lembrava orvalho e pimenta. Uma combinação inusitada por sinal. Nos braços dele eu me sentia um pouco como se estivesse num sonho e era algo que eu lembraria para sempre. A sensação indescritível de se sentir amada que Ale me dava. Mesmo sabendo que uma hora todo esse sonho ia acabar, eu continuava ali, sentindo e agradecendo por ter tido a chance de sentir algo assim. Talvez eu nunca mais sentisse, mas guardaria para sempre aquele momento na memória.

– Sara... – Disse Ale assim que a música acabou dando espaço para outra dos Queen também. Abri os meus olhos e levantei a cabeça encontrando os olhos de Ale que me encaravam de uma maneira estranha. Pareciam estar brilhando de uma maneira estranha. – Tem outra coisa mais. – Ele disse e eu concordei, já o cortando.

– Ale, isso tudo. Muito obrigada. – Disse e já começava a sentir as lágrimas se ajuntando próximo dos meus olhos. – Faz tempo que não me sinto assim tão especial. – Disse e Ale balançou a cabeça negando.

– Não, chuchu. Você precisa se sentir especial. – E dito isso, Ale começou a se ajoelhar, o que me fez arquear a sobrancelha ainda em delay mental enquanto ele continuava: – Por que você é especial, Sara. E eu sou péssimos com sentimentos. Eu ainda estou aprendendo muitas coisas envolvendo essa palavra, mas aqui estou eu, te pedindo: Sara Bulhon, você gostaria de se tornar minha noiva, gostaria de se casar comigo? – E eu só consegui ficar boquiaberta sem compreender ainda que era realmente isso que Ale estava me pedindo enquanto observava ele abrir uma caixinha em forma de um cupcake e me mostrar um anel ali escondido.

Fiquei sem fala naquele momento. Não sabia o que dizer. Na verdade, ainda estava assustada em como meus sentimentos estavam uma bagunça e eu já não sabia mais nada do que pensar. Aquele era um pedido de mentira, por conta do compromisso que tínhamos, mas Ale tinha feito tudo parecer tão romântico e tão verdadeiro que eu, por um momento, quase acreditei que aquele era um pedido que nada tinha a ver com o nosso trato. Quase me deixei ser guiada por uma ideia que não deveria pensar e isso, por um momento, me desapontou. No entanto, noutro segundo, fiquei a pensar que a culpada disso tudo era eu! Eu que estava fazendo a bagunça toda na minha mente! Ale estava cumprindo o papel dele... Mas ainda assim, parecia ser tão verdadeiro...

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