O Vício de Amor romance Capítulo 153

Na Vila.

Aii...

Foi um suspiro.

Sonia chorava, tentando mais uma vez esconder a sua dor com as mãos. Seus soluços intermitentes se transformaram em um choro constante, seus olhos se fecharam e ela mordeu seus punhos numa tentativa desesperada de parar de chorar.

Sendo um homem, Angelo tinha mais controle de si mesmo e estava mais calmo. Ele ajudou Sonia a se levantar:

- Vamos, você não está bem.

Ela levantou a cabeça, tentando reter as lágrimas:

- Eu quero morar aqui...

Antes de terminar suas palavras, ela já estava ciente de que estava sendo impulsiva. Tendo em conta o temperamento de Jorge, como é que ele poderia deixá-la ficar?

Angelo sabia o que ela estava pensando:

- Podemos vir mais vezes para ver as duas crianças no futuro.

No entanto, Sonia não estava convencida e se sentia muito perturbada:

- Como é que ele poderia ser tão idiota? Ele próprio não sabe o que fez?

A reação de Jorge indicava que ele realmente não sabia que as duas crianças eram suas.

Agora mesmo, ela podia ver que Jorge estava passando por um momento mais difícil do que qualquer um deles.

- Diga-me, como é que posso deixar de me preocupar? - Sonia suspirou.

- Ele é uma pessoa racional, mas como é que ficou tão tonto e cometeu tal erro?

Angelo deu uns tapinhas no ombro dela:

- Acho que ele mesmo vai pensar bem nisso. Escute-me, voltamos para casa agora e eu a trarei de volta amanhã se quiser ver as duas crianças.

Para convencer Sonia a voltar para casa com ele, Angelo continuou:

- Também não é má ideia trazer as crianças para nossa casa por um dia, enquanto Jorge estiver fora. Agora temos um lindo par de netos, deveríamos estar felizes, por que você está chorando? Também não faz bem à sua saúde.

Sonia sabia que estava feliz, então, enxugou as lágrimas:

- Sinto muita pena dos dois pequeninos e não é fácil para Natália também, que é, agora, uma mãe solteira cuidando de dois filhos...

- Vai ficar tudo bem - suspirou Angelo -, você está se preocupando demasiado. Me escute, vamos para casa primeiro.

Angelo a segurou e Sonia sabia que ela não poderia ficar. Angelo estava certo, sempre poderiam vir visitar os dois netos ou os levar para casa por algum tempo, sem Jorge perceber.

Manoel correu para abrir a porta.

Joana se sentou no sofá e olhou para Fernanda:

- Você deveria ter dito a verdade em vez de a ter guardado para si. Por mais reclamações que você tenha, para o bem das crianças, não deveria ter guardado o secredo por tanto tempo.

Joana disse essas palavras com um toque de repreensão.

Fernanda baixou o olhar, ela teria que ter dito se soubesse a verdade.

Ela também queria que os pequenos tivessem um pai.

No entanto, Natália disse que era um atalaico naquela noite. E passado tanto tempo, já ninguém falava mais sobre isso, muito menos pensando em Jorge.

Ainda assim, não explicou nada para Joana, porque isso era uma questão de privacidade de sua filha.

Portanto, ela não se importava com os mal-entendidos.

Ao ver que Fernanda também não se sentia bem com o assunto, Joana não continuou.

Naquela noite, a brisa estava suave e a lua tinha um brilho opaco.

Matheus se sentava no carro, em silêncio, olhando para a paisagem que passava rapidamente. Arrumou a roupa da irmã por vezes e a confortou:

- Vamos ver a mamãe em breve.

Jorge observou os movimentos de Matheus no espelho retrovisor e seu pomo de adão rolou para cima e para baixo, sentindo um calor que lhe dava vontade de chorar.

Não importava o quão inteligente Matheus fosse, ele tinha apenas cinco anos, mas já cuidava tão bem de sua irmã e era tão compreensivo, que fazia Jorge se sentir emotivo.

Ele ainda se lembrava de como este garoto tinha se colocado em perigo, só para se vingar por Natália. A ferida em sua cabeça ainda não havia se curado completamente.

Este garoto...

Não havia palavras apropriadas para descrever como Jorge estava se sentindo neste momento.

Maduro como ele era, calmo como ele era, contudo, neste momento, ele perdeu todo o controle de suas emoções.

Logo, o carro chegou a Design LEO, cuja porta estava fechada, sem luz nenhuma. Parecia que Natália não estava lá. Ele olhou para a hora, já haviam se passado duas horas desde que Natália disse que estava vindo para a loja. Se ela não estava na loja agora, para onde teria ido?

Ele pegou o celular para ligar para Natália, mas a resposta foi apenas: “Desculpe, no momento não é possível completar sua chamada, tente ligar mais tarde.”

Ele franziu a testa e recordou com cuidado as palavras e o comportamento de Natália, naquela altura. Ela agia de modo muito diferente do que o normal.

Hoje, durante o dia, ela havia se escondido sozinha e chorado.

O que é que havia ocorrido?

Quanto mais ele pensava nisso, mais forte se tornava o mau pressentimento.

Com pressa, ele procurou nos seus contatos o número de Lucas, mas logo se deteve e passou a discar o número de Vanderlei. Hoje, Fátima apareceu de repente e agora ele não podia entrar em contato com Natália, parecia que havia alguma conexão entre estas coisas.

Vanderlei era responsável pela investigação do caso de Fátima, portanto, era mais fácil para ele investigar se a perda de contato com Natália tinha a ver com o assunto.

Logo a chamada foi atendida:

- Onde você está agora?

Vanderlei congelou por um momento. Foi inesperada a atitude de Jorge, que parecia muito ansioso e ele podia sentir isso, mesmo através do telefone.

Portanto, ele achou um pouco estranho.

Ele olhou para o patologista forense que estava fazendo a autópsia e disse a Jorge:

- Estou no necrotério, verificando a causa da morte de Fátima.

Jorge desligou a chamada e, quando estava prestes a ir, viu as duas crianças no banco de trás.

Ele não os podia levá-las a esse lugar imundo.

- Onde está minha mamãe? - perguntou Matheus, piscando os olhos. A porta estava fechada e parecia que sua mãe não estava ali.

Jorge não sabia como explicar:

- Vou levar vocês para casa primeiro, depois vou buscar sua mamãe de volta, pode ser?

Matheus franziu a testa, da mesma forma que Jorge tinha feito, e perguntou outra vez:

- Onde está minha mamãe?

Ela era adulta, então, não poderia estar perdida. Será que havia se colocado em perigo?

Ao pensar nisso, Matheus não pôde deixar de ficar ofegante, dada a preocupação:

- Minha mamãe está desaparecida? Você também não consegue encontrá-la?

Este garoto era tão sensível que não se podia esconder nada dele.

Jorge olhou para ele com firmeza:

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