Bela Flor - Romance gay romance Capítulo 6

Eu beijei o Park!

E pior, eu implorei por isso!

Ok, para de pirar, Jeon Jaejun, não foi ruim, não é?

Pois é, não foi nem um pouco, e sequer foi um beijinho que só aconteceu apenas uma vez e fim.

NÃO, NÃO!

Eu o deixei me beijar várias e várias vezes e em cada uma, eu me senti mais próximo do céu, sentindo meu interior tremer, me causando uma sensação de medo e prazer em conjunto.

E ele sempre me deixava com vontade de mais um beijo logo após finalizava outro.

Park Hyun-Suk tem mãos pequenas, o que vai completamente ao contrário do que todo o seu corpo diz. Ele tem um jeito que possivelmente dá medo, suas encaradas são sempre sérias demais, sua marra então... é o típico cara que diz muito com apenas um olhar, um jeitinho de pôr medo e você sai correndo.

Entretanto, cacete, sua pele parece delicada...

Mas isso não muda que seu toque é forte e intenso, e todas as vezes que ele passeava com as mãos da base de minha coluna até minha nuca, eu só conseguia pensar em como queria mais, mais e mais dele.

Não sei o que de fato ele tem, ou o que fez comigo, mas quando nos separamos ㅡ após passarmos muitos minutos grudados naquela sacada ㅡ, eu me senti tão embriagado com seu gosto, que temia pedi-lo por ainda mais um pouco de seus beijos já quando não podíamos mais nos beijar, pois, nossos amigos estavam ao redor.

E ele ainda conseguiu me deixar com a pulga atrás da orelha sobre o tal "ser dele."

Mas para deixar claro um fato bem fatídico sobre mim aqui: eu não vou ser de ninguém não, ok?!

Muito menos de um cara que não conheço quase nada sobre quem é ou o que faz.

Digo isso com convicção, mesmo eu sabendo que não tenho muita dignidade e que talvez eu esteja passando vergonha, pois, cedo ou tarde, pagarei pelas minhas próprias palavras...

E hoje, depois de três dias daquela social ㅡ e daqueles beijos ㅡ, eu estou debruçado sobre o balcão da loja em que trabalho, com o queixo apoiado em minha mão, lembrando das pausas dos nossos beijos e das mordidas e chupadas em meu lábio que sempre pareciam tão sedentas.

Penso até mesmo em todas as vezes que ele falava baixinho com a boca ainda sobre a minha, sempre me pedindo para pertence-lo.

Três dias e eu estou ficando louco por um homem que sequer sei onde mora ou o que faz.

Estou louco por um homem! Que absurdo!

Mas não é como se eu realmente não soubesse nada sobre ele. Não, eu até sei que ele tem uma empresa, mas nem sequer sei sobre o que é essa empresa. Também sei que ele é muito rico, pois pelo que Jackson contou brevemente, ele é um dos CEO's mais jovens do nosso país e isso porque herdou diretamente a fortuna de seu avô. Também sei que ele é bonito pra porra, ㅡ uma constatação obvia até ㅡ, mas além dessas coisas tão rasas, o que eu mais sei? Que seu nome é Park Hyun-Suk e que ele tem uma coisa estranha de gostar de chamar outra pessoa pelo nome de uma flor?

Acho que estou ficando louco porque eu não sei nada mais ao seu respeito.

Mas não é como se eu quisesse saber realmente... Eu nem sei se quero beijá-lo novamente, mesmo que tenha gostado muito da noite. Estávamos sob o efeito de álcool.

E se foi isso que nos fez fazer coisas além do que o consciente mandava, entende? E se o álcool fez Park me querer e eu querê-lo quase na mesma intensidade também?

Ok, a quem estou querendo enganar? Que patético.

Isso é confuso, assim como toda a minha vida sempre foi, mas é impossível não pensar nele.

Eu ainda tenho o cartão do Park, e não o dei uma resposta concreta sobre aceitar sua proposta ou não, mas depois de todos os suspiros, beijos e mordidas que trocamos, acho que ele espera isso, certo?

Talvez até eu espere também, mas talvez também eu precise tentar consertar as coisas em minha mente confusa antes de tudo.

É isso, eu preciso saber o que quero primeiro e só então ligar.

Ou é isso, ou eu apenas esqueço e rezo para ele me esquecer também e também rezo para não encontrá-lo em nenhuma boate meia boca por aí.

Mas então no mesmo momento que eu penso em não ligar, eu me obrigo a ligar para dizer a ele que não vou aceitar, por pura consciência e educação, sabe?

Eu seguro o celular em minha mão e disco seu número. Depois apago tudo e volto a minha completa confusão.

E é assim por dias. Semanas até!

Jackson não está nem um pouco contente comigo, porque estou tão atrapalhado, que fazem dois finais de semanas que não vou a bar nenhum com ele e os outros.

Não me animo para nada porque todos os dias a minha cabeça frita com tantos pensamentos e eu acabo tendo dores muito fortes, o que me obriga a dormir assim que chego em casa, e só acordar com o som irritante do meu despertador.

O lado bom disso? Bom, pelo menos estou dormindo bem e não tenho sequer uma olheira na cara.

Viu? Há coisas positivas também, vai...

Mas hoje, quinze dias depois de tudo isso, é a primeira vez que me sinto bem o suficiente para sair e quem me arrasta para um lugar completamente nada a ver com o meu status social é exatamente Jackson.

Ele parece feliz, mesmo ele sendo irredutível e tendo me chamado literalmente o dia todo para sair, ele parece contente por eu ter finalmente aceitado.

Entretanto, estamos no Kim's, um lugar inteiramente requintado e que, com certeza, minhas roupas não são nada adequadas para o estabelecimento.

Jackson, por outro lado, apenas sorri quando somos guiados para uma mesa no qual ele reservou e se senta todo posudo à minha frente. Ele sorri para o maître e aceita de bom grado o cardápio.

ㅡ O que vai querer pedir? ㅡ ele me olha, ainda muito animado.

ㅡ Um buraco! ㅡ digo e vejo-o revirar os olhos. ㅡ Não me olhe assim! ㅡ digo quando ele ainda espera por uma resposta minha. ㅡ Eu quero um buraco para enfiar minha cara. Você não tinha um lugar mais simples e condizente com as condições das minhas roupas, não?

ㅡ Ah, deixa de ser besta e aproveita. Hoje eu quis almoçar em um lugar de classe, condizente a classe que tenho. Qual o problema?

ㅡ Como se você tivesse alguma classe. ㅡ digo, rindo, e vejo um garçom se aproximar quando Jackson apenas o chama com leveza ao sorrir e inclinar o indicador, não ligando para a minha alfinetada.

Jackson pede duas taças de vinho, o que me deixa encabulado, pois são uma da tarde de um domingo de folga, mas se ele quer beber algo assim, tão cedo, porque diz que é chique, quem sou eu para falar o contrário, não é?

Ele agradece o rapaz quando ele vai buscar o que foi pedido e me encara, ainda com o cardápio nas mãos. Eu sei que não tenho dinheiro livre para pagar sequer a água desse lugar que, por sinal, custa o valor de umas quinze garrafinhas lá na conveniência, mas Jackson já havia avisado antes que pagaria por aquele almoço, então não olho os preços para, mesmo não pagando, me assustar.

ㅡ Esse lugar tem o melhor risoto do mundo. ㅡ ele diz. ㅡ vou pedir um.

ㅡ Vou querer o mesmo então. ㅡ abaixo o cardápio, pondo-o ao lado.

O garçom serve nossos vinhos e eu bebo de imediato, logo após agradecê-lo, é claro, e me surpreendo quando sinto o gosto leve e adocicado.

Jackson fez um bom pedido, eu poderia beber, pelo menos, mais umas cinco taças dele.

ㅡ Porque me chamou aqui? ㅡ pergunto após experimentar mais um pouco da bebida. ㅡ Eu queria mesmo ficar em casa hoje, sabia? Eu só vim porque você insistiu muito.

ㅡ Eu só quero meu amigo ao meu lado. ㅡ ele diz, bebendo um pouco de vinho também. Olho-o de soslaio, não acreditando nem um pouco naquelas palavras, e então ouço sua risada. ㅡ é sério, poxa, eu sinto sua falta!

ㅡ Conta outra, a gente não saiu mais, mas você foi lá em casa por muitas vezes. Foi você quem comprou minha aspirina, esqueceu?

ㅡ Isso só foi eu cuidando do meu amigo.

ㅡ Jack...

ㅡ Ok, eu falo. Uma parte disso é verdade, senti mesmo a sua falta. Mas eu também quero saber do Park. Você o ligou?

ㅡ Claro que não... ㅡ falo querendo parecer sério, mas logo suspiro. ㅡ mas eu sei que deveria, né?

ㅡ Não irei opinar sobre isso. ㅡ ele diz, bebendo o vinho. ㅡ Responda você mesmo, acha que deveria?

ㅡ Eu não sei, por isso tive tanta dor de cabeça. Não aguento mais pensar nele e em todos os "e se" que existem ao redor.

ㅡ Então pare de pensar, poxa. ㅡ ele fala, negando. ㅡ isso era para ser divertido, não algo que te faça adoecer.

ㅡ Eu não tenho culpa se penso muito. Mas... você acha que ele quer mesmo fazer coisas comigo?

ㅡ Coisas? ㅡ ele ri. ㅡ Pela santa purpurina, Jae... Coisas? Você tem medo da palavra sexo?

ㅡ Aish, você sabe que eu só não sou habituado a conversar sobre isso...

Jackson apenas assente, tranquilo. Nossos pratos chegam e ele agradece novamente o rapaz, e só então me olha outra vez, parecendo querer continuar o assunto.

ㅡ E se ele quiser fazer coisas? ㅡ ele pergunta, rindo. ㅡ Você não quer também?

ㅡ Não é uma questão de querer...

ㅡ E seria uma questão de quê, então? ㅡ Jackson pergunta, iniciando seu almoço.

Faço o mesmo, me perdendo por alguns segundos no sabor daquele prato, e só depois do meu deleite, falo:

ㅡ Dói?

Jackson ergueu os olhos e franze o cenho. Suspiro e trato de simplificar minha pergunta.

ㅡ Você... Você já fez... aquilo várias vezes, não foi?

ㅡ Você vai falar de uma vez ou vamos mesmo continuar com os códigos? ㅡ pergunta, mastigando com lerdeza.

ㅡ Jack... ㅡ suspiro. ㅡ Você já deu que eu sei. ㅡ sussurro.

Ele ri, debochado.

ㅡ Então essa será a nossa pauta para um almoço, maravilha.

ㅡ Fala logo, dói muito?

ㅡ Jaejun, meu amor, você quer dar? É isso o seu medo? A dor?

Eu não respondo, mas é porque eu não sei qual a resposta que quero dar. Vendo meu silêncio, Jackson suspira, descansando o garfo com elegância, para agora, falar sério comigo.

ㅡ A dor é inevitável, Jaejun, mas irá depender de fatores importantes se ela vai ser intensa ou não.

ㅡ Quais fatores? ㅡ pergunto, mastigando, deixando toda a minha atenção para suas palavras.

ㅡ São vários, mas o primeiro deles é você de fato quer fazer sexo anal. ㅡ ele diz. ㅡ Você precisa querer fazer aquilo, para estar relaxado. O nosso anus é composto por anéis de músculo, com tensão, eles tendem a retrair. E com isso, a penetração pode doer como o inferno. Também depende do seu parceiro e de como vocês vão fazer.

ㅡ Precisa mesmo de tudo isso?

ㅡ U-hum. Tem todo um preparo antes também. Você precisa ter intimidade com a pessoa e ter confiança também.

ㅡ Mas, como vou saber que... o Park é a pessoa?

Jackson sorri para minha pergunta, e ele até se ajeita melhor na cadeira, buscando de volta seu garfo para voltar a comer.

ㅡ Você já deve saber. ㅡ diz, calmo. ㅡ Mas acho que a melhor maneira de ter a certeza se ele é a pessoa, é somente na hora. Você deveria ligar para ele se tem a curiosidade de tê-lo em você. Talvez ajude se você conversar com ele sobre isso também, mas claro, só se você quiser. Não se sinta pressionado a nada disso.

Assinto, demorando um pouco em meu próprio silêncio, apenas mastigando e remoendo a vergonha que sinto para tentar formular minha próxima pergunta.

ㅡ Jack? ㅡ chamo, possivelmente já ficando de bochechas coradas.

ㅡ Hm. ㅡ fala, prestando mais atenção no prato do que em mim.

ㅡ Como que faz para... sabe... hm, no nosso corpo… digo, na biologia… temos o lugar de escape, certo? ㅡ Jackson novamente ergue o rosto para me olhar, mas agora ri baixo. ㅡ Não ri de mim assim, inferno, é sério!

ㅡ Ok, desculpa. ㅡ ele limpa o canto da boca com o guardanapo e suspira. ㅡ prossiga.

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