A entregadora se encontra com CEO romance Capítulo 78

- Você está distorcendo os fatos - ela lançou um olhar de desprezo a ele, daqueles que diziam que ele era um babaca sem razão, um homem primitivo que só deixou de ser quadrúpede, sem que o cérebro acompanhasse o restante da humanidade. Em suma, um idiota!

Sem querer continuar a discutir com ele, a moça se apoiou na janela, fechou os olhos e não disse mais nada.

O silêncio tomou o veículo. Quando chegaram ao estacionamento da Boate Brasserie, saíram do carro e entraram no elevador, um atrás do outro.

Renato entregou a chave a Aurélio e foi embora no próprio carro. Ele não entendia muito bem o que se passava com as brigas dos dois.

No elevador, mesmo sem muito espaço, Estefânia encostou em um canto, tentando se manter o mais longe de Aurélio, desgostosa que estava de suas palavras e de seus atos.

- O que está fazendo aí tão longe?

O homem de postura retilínea olhou para a delicada mulher que franzia as sobrancelhas e trazia o belo rosto cheio de desagrado.

- Ficar perto de gente boa atrai bondade; ficar perto de gente ruim atrai maldade. Ficar perto de gente tola atrai tolices - ela ergueu as sobrancelhas e rebateu, displicente.

Dito isso, o rosto de Aurélio ficou ainda um pouco mais sombrio. Ele esticou os longos braços, puxou Estefânia e passou as mãos pelas costas dela, abraçando-a:

- Diga isso de novo.

A garota lutou mas, por mais que tentasse, não conseguia se desvencilhar; era como estar em grades de aço.

Se não consegue se libertar, não tem por que se incomodar em resistir.

Ela ergueu a cabeça e olhou para ele:

- Ficar perto de gente boa atrai bondade; ficar perto de gente ruim atrai maldade.

- E o resto?

- Ficar perto de gente tola atrai tolices.

- Você quer morrer, não é?

Ele apertou a bochecha dela com a mão. A pele ficou marcada, mas estava cheia de colágeno. O aperto a deixou com o formato de um bolinho frito recheado, com um certo charme e uma certa meiguice.

- Você vestiu a carapuça e agora vem me culpar? Além do mais, eu por acaso mencionei meu sobrenome?

As lindas sobrancelhas de Estefânia se contorceram, e ela estendeu a mão para dar um tapinha no dorso da mão de Aurélio:

- Solte-me. Não sabe que homem e mulher estranhos entre si não devem ter contato físico?

- Até dormir, já dormiu. Não acha que é um pouco tarde para dizer isso?

Os lábios pontudos dele se curvaram com modos de brincadeira, e até se via um certo desejo em suas pupilas. Mas seu olhar só provocou um frio na espinha da moça, que engoliu em seco:

- Eu vou avisar só uma vez: se você encostar em mim de novo, eu nunca, mas nunca vou perdoar você!

O recado era inteiramente sério. O rapaz a encarou por um momento e riu com frieza:

- Essa sua carinha não tem muita diferença da de Iara. De onde você tirou que eu iria tocá-la?

Ou seja, melhor encostar em Iara do que nela. O coração de Estefânia, já por um fio, desabou.

Chegando ao térreo, a porta do elevador se abriu. Aurélio a soltou, ela se virou e saiu para a sala de estar.

De pé ainda na sala, ela deu o recado:

- Você vai dormir no quarto principal e eu, no quarto de hóspedes. Água e óleo não se misturam.

Vendo o pânico no rosto dela, tal qual presa assustada, Aurélio não teve como não sentir pena.

- Certo - respondeu, entrando no quarto e fechando a porta.

Após confirmar que ele havia entrado, a hóspede cansada se sentou no sofá e ligou a TV para ver uma novela.

Desde que a Sra. Paloma a reconheceu como afilhada, Aurélio não a tocou mais, provavelmente porque os dois se tornaram irmãos de criação, e ele tinha um certo senso do que era aceitável. Os avisos reiterados da avó diziam que ele não deveria encostar nela. Pensar nisso trouxe alívio para Estefânia.

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