Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 7

Horas depois eu já estava em casa e fiquei ao lado de minha mãe em seu quarto. Anne ainda não havia chegado e eu estava no tédio assistindo um programa qualquer, mas minha mãe começa a se debater na cama. Eu a seguro em seus braços assustada, ela parecia estar tendo um pesadelo, estava usando suas últimas forças para soltar suas mãos, começo a ficar nervosa.

— Mamãe, sou eu, sua filha. — Digo assustada. Isso não tinha acontecido antes.

Ela abre os olhos, estava suada e trêmula.

— A-alice?

— Eu estou aqui mamãe. — Seguro suas mãos.

— Minha filha, você está aqui. Tive um sonho terrível. — Ela estava ofegante, seu peito descia e subia — sonhei que havia perdido você e Anne.

— Você não me perdeu, estou aqui, mamãe. — Digo dando um leve beijo em suas mãos.

Ainda ofegante ela passou sua mão em minha face, eu fechei os olhos e me deixei acalentada por seu toque.

— Não fique tão abalada, querida. — Articulou enxugando minhas lágrimas com dificuldade. — Não sei por que ainda gasta dinheiro com esses equipamentos, eu vou morrer de qualquer jeito.

— A senhora não vai morrer, pare de falar bobagens! — Eu a intervenho.

— Não, gaste seu dinheiro comigo Alice, deus me castigou por ter deixado aquele homem fazer... — eu a interrompo.

— Não fale mais nada, você não tem culpa de nada, mamãe. — Eu detestava lembrar do passado, essa parte da minha vida eu deixo enterrada bem fundo, entretanto, sempre tem alguém para cavar o buraco e encontrar, era inevitável. O passado me seguia lembrando de os coisas ruins que eu ainda tinha que superar. — Esqueça esse assunto, não foi culpa sua, já fazem anos.

— Para mim, nunca vai ter um dia sequer que eu não lembre disso.

Dou um beijo na testa dela.

— Não se martirize dessa forma, está tudo bem.

Os olhos azuis claros estavam rodeados por uma névoa estranha misturada com tons vermelhos, ela não parava de pensar e se sentir culpada.

— Estou indo bem no novo emprego, vou poder pagar um tratamento melhor e...

Ela segura minha mão com força.

— Prometa que se eu morrer você cuidará de Anne como se ela fosse sua própria filha.

— Eu — respiro fundo — prometo, mamãe. Na verdade, eu já faço isso há anos.

Ela relaxa as costas na cama e volta ao estado de antes, o calmante fez efeito.

A situação da mamãe cada vez mais grave, não sei por quanto tempo ela iria aguentar, não estou preparada para perdê-la. Há anos que eu estou sendo forte e enfrentando o câncer dela, engolindo muitos sapos, não é uma doença apenas do paciente, a família toda adoece. Minha irmã é a única pessoa que eu posso confiar e me apoiar, mesmo tendo pouca idade, Anne me ajuda e é forte comigo.

Entro na cozinha e encaro todos aqueles remédios que minha mãe tinha que tomar, deve ser mais difícil para ela do que para mim, todos os dias tomar aquelas vitaminas para ter pelo menos uma hora a mais de vida. Em um momento de fúria, eu os empurro e eles caem no chão, alguns abriram e outros apenas vivaram o rótulo para baixo.

Eu estava na beira do precipício.

Às vezes eu pensava que tudo aquilo não teria mais fim, que ela morreria e que todo o meu esforço seria em vão.

Anne entra na cozinha, assustada por conta do barulho.

— O que aconteceu, Alice? — Perguntou vindo em minha direção.

— Anne, eu estou me sentindo tão mal. Estou cansada, cansada de lutar e nada conseguir. — Falo. — Parece que estamos sempre caminhando para trás.

— Acalme-se, Alice. Você estava tão feliz...

— Eu sempre aparento. Nunca estou bem completamente. — Levo minhas mãos aos meus olhos. Anne caminha até mim e me abraça, eu me sento no chão e ela me acompanha.

— Você disse para mim quando o papai foi embora e levaram nossas coisas — ela parece se recordar amargamente do quanto ficamos devastadas após tudo aquilo —, que por mais ruins que as coisas estivessem, deveríamos acreditar que tudo ia ficar bem.

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