Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 8

Todos ficaram olhando para nós quando entramos na empresa. Dante fez questão de entrar pela porta da frente, eu estava vermelha de vergonha, talvez fosse pela falta de combinação entre mim e ele, enquanto eu estava de vestido florido, ele estava de terno, completamente sério.

Entrei direto para os vestiários e troquei minha roupa, Beatriz vem ao meu encontro.

— Pegando o chefe, sua safada! — Ela me dá um leve empurrão.

— Não é nada disso, Beatriz. — Digo com os olhos arregalados.

— Vocês transaram? — Ela me sacode.

— Não! Foi apenas uma carona. — Fecho meu armário totalmente envergonhada.

— Você é muito cínica! Eu não acredito que está interessada nele. — Ela sorrir. — Conseguiu o chefe intocável em apenas dias.

— Você escuta apenas metade das coisas que falo?

Ela revira os olhos.

— Me contaria se estivesse pegando ele, não?

Assenti e ela passou seus braços ao redor de mim.

— Domingo vou a uma boate, quer ir comigo?

Nunca tinha pisado o pé em uma festa, tive muitos convites das pessoas do café, mas não aceitava. Eu nem sabia o que fazer num ambiente tão cheio como aquele.

— Tenho que levar minha mãe cedo ao médico. — Respondo de imediato.

— A festa vai rolar a noite, tonta.

— Talvez eu não vá. — Saímos do vestiário e vamos para o balcão.

— Mas se mudar de ideia tem o meu número.

— Está bem, vamos trabalhar.

Der repente entra na empresa um homem alto de pele negra, elegante. Ele pisa firme até o elevador, e some do nosso campo de visão quando as portas se fecham.

— Quem é aquele homem? — Pergunto.

— Aquele é Lorenzo, ele e Dante são amigos desde que eu comecei a trabalhar aqui. Não estranhe se ele entrar sem perguntar alguma coisa.

Dou de ombros e voltamos ao trabalho.

P.O.V DANTE:

Estava fechando negócio com alguns acionistas de Berlim, vejo o Amon conversando com minha secretária, Nicole. Termino a reunião com glória e vou até ele.

— Olá, Dante. — Diz ele com os braços abertos.

— Quanto tempo, irmão. — Indago abraçando. — Venha, vamos para a minha sala.

Nós entramos em minha sala e nos sentamos.

— Você sumiu. — Ele senta à minha frente.

Vou até minha mesa de bebidas e preparo dois whiskies com gelo e hortelã. Levo o copo para ele e seguro o outro.

— O escritório está uma loucura. É muita coisa para mim.

— Mesmo eu tendo uma empresa ainda vim aqui falar com você.

— Certo — balanço a cabeça —, me desculpe, amigo.

Ele sorri.

— Vamos marcar algo. Sinto falta de ver jogos com você.

— Eu também, logo faremos isso. — Digo. — Você sabe como é começo de ano, uma reunião atrás de outra.

— Desde que você rompeu com a Vanessa, não o vi mais. — Logo em seguida ele vira o copo de whisky.

Bufo só de ouvir o nome dela.

— Nem me fale, me dar nos nervos. — Levo os dedos até as têmporas.

— Não me diga que ela ainda trabalha com você? — Ele arqueia uma sobrancelha.

— Sim, o pior é que ver ela todos os dias é uma tortura.

Vanessa e eu tivemos um caso durante três anos, ela que começou sendo apenas minha secretária passou a ser alguém com quem eu me relacionava. Eu estava apaixonado por ela, vivemos momentos incríveis. Éramos o casal perfeito, eu detestava a sua arrogância, mas quem não tem defeitos? Uma noite a peguei na cama com o irmão da esposa do Lorenzo, que até então era meu amigo. Rompemos qualquer tipo de relação, mas por respeito a profissional dedicada que ela sempre foi, mantive a relação profissional pois o erro de se envolver com ela foi meu. Era complicado, mas conseguimos nos virar.

— Uma hora aparece uma mulher que você realmente goste. — Ele indaga

Balanço a cabeça sorrindo, seria muito difícil alguém me fisgar agora, meu coração virou pedra.

— Duvido muito e não quero. Mulheres para mim agora só por uma noite, você sabe como eu sou. — respiro fundo — não consigo mais viver um relacionamento, iniciar uma conversa, conhecer a família e todas aquelas baboseiras... já se tornou tudo muito chato.

— O seu tipo são os piores.

— Ah, é?

— Sim, pois são sempre os que mais quebram a cara. — Ele coloca o copo encima da mesa — enfim, vamos marcar de jogar golfe no fim de semana? O clube não é o mesmo sem você, aquele tal de Rodwell é péssimo jogando.

Mesmo com os anos e a maturidade, eu e Amon nos entendíamos bem. Ele é anos mais velho que eu, mas a nossa mentalidade se conecta quando estamos juntos, ele é meu melhor amigo. Amon sai de minha sala após uma longa conversa.

Eu observo o movimento através da janela em minha sala.

Ele estava certo, uma mulher me chamava atenção, Alice. Era muito cedo para determinar algo mas eu me atraí por seu jeito, por mais que Vanessa diga que ela é sem personalidade, algo me atraiu naquela menina, talvez seja a forma que ela fica nervosa ao meu lado ou quando ela aperta os lábios com força quando está em meu carro.

Passo as mãos no cabelo.

Meu corpo pedia alívio imediato em todas as poucas vezes que estive com ela, seria loucura me envolver com mais uma funcionária? Sim, seria, mas desta vez eu queria ter o controle de tudo e a minha cabeça só imaginava ela rebolando encima de mim.

Sou acordado de meus devaneios por Vanessa invadindo meu escritório.

— Você tem uma reunião daqui há alguns minutos. — Ela fala com um olhar de insatisfação.

— Onde está seu respeito pelo seu chefe, Vanessa? — Digo.

— Nossa, me desculpa. — Disse revirando os olhos.

— Quais os próximos compromissos? — Arrumou minha gravata.

— Você marcou com os empresários da Espanha na balada D'lux, domingo à noite. — Ela fala enquanto olha seu tablete.

— Muito bem, obrigado Vanessa. — Termino de tomar o whisky que estava em meu copo.

Ela se aproxima de mim, eu a observo. Vanessa se posiciona frente a mim e passa sua mão por meu peitoral.

Exclamo um "tsc" quase que imediato.

— Sinto sua falta, querido.

— Pensasse nisso antes de me trair.

Ela joga a cabeça para trás e bufa.

— É horroroso trabalhar aqui e te amar assim. — Ela fala manhosa.

— Se demita, estou pronto para assinar sua carta. — Esbravejo ríspido.

— Eu não vou fazer isso. Ainda tenho esperança de que nós votaremos. — Suas mãos caminham até meu membro, mas eu a interrompo.

— Pare com isso, ou eu mesmo vou demiti-la! Seja profissional, secretária. — Dou ênfase na última palavra.

Vanessa bufa e sai de cima de mim.

Odiava a maneira como ela me tratava, pensar que nós voltaríamos era um equívoco. Mas ela estava certa em uma coisa, eu nutria sentimentos, eu ainda a amava, mas não o suficiente para passar por cima do meu orgulho ferido.

— Eu quero que você alugue a área vi da boate. Vamos atender esses espanhóis em grande estilo. — Observo alguns papéis para a reunião.

— Eu vou com você? — Perguntou esperançosa.

— Não preciso de você lá. Já chega de tanta dor de cabeça.

P.O.V ALICE:

Eu ficava feliz em finalmente estar trabalhando em um lugar cujo o salário seria maior, mas ficar na recepção o dia inteiro deixava meus pés doloridos. No fim do expediente só queria ir para casa dormir.

O Sean não estava na rua, abri a porta e entrei rapidamente, não queria ter o desprazer de encontrá-lo. Me joguei no sofá observando o quadro de Anne no jardim de infância acima da TV de tubo. Anne era uma criança tão doce, lembro-me do dia que ela chegou com um passarinho com a asa quebrada, ela cuidou dele até o dia que soltou ele no central parque, ela nunca perdeu essa essência e no que dependesse de mim ela seria mantida.

Acordei com Anne encima de mim.

— Quem é Dante? — Perguntou ela com a sobrancelha arqueada. — É seu namorado, Alice?

— Não! Como você sabe dele?

— Eu passei aqui no seu quarto e você estava falando esse nome.

— O que você está fazendo aqui?! — Jogo meu travesseiro em sua cara.

— Estava vendo você sonhando com o seu querido Dante! — Ela zomba.

Começou uma guerra de travesseiros, foi muito divertido até Anne quase cair da cama.

— O que vamos fazer hoje? — Anne pergunta.

— O que sempre fazemos aos sábados, ficaremos em casa cuidando da mamãe. — Digo.

— E não podemos fazer algo diferente?

— E o que você quer fazer?

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