Larah
O castelo está bem quieto, a mãe do Derick ainda está internada na enfermaria, eu não sei se deveria dizer a eles que ela está grávida, eu prometi que não diria a ninguém, não quero quebrar uma promessa, mas eu não deveria mentir para Derick.
Escuto a porta do quarto abrir, vejo Danilo entrar junto com Derick, sinto que ferrou, respiro fundo.
- a Dandara acordou do desmaio? / Pergunto preocupada.
Danilo - acordou, mas está fraca. / Por que será? Nem imagino.
- sério? O que acham que é? / Falo tentando disfarçar.
Derick - sei que sabe de alguma coisa, prometeu nunca mentir para mim. / Ele está sério.
Danilo - por favor, Larah, fala.
Derick - sabe que posso fazer você falar né? / Sim, eu sei muito bem disso.
- ela está grávida, falou para mim não dizer, ela apesar de tudo ainda é considerada rainha, não podia desobedecer ela. / Vejo os dois ficarem ainda mais sérios, Derick sai do quarto sem falar nada.
Danilo - era só o que faltava. / Não entendo a reação deles.
- por que estão assim? Deveriam estar felizes, vão ter um irmão. / Falo olhando Nilo.
Danilo - minha mãe não pode ter outro filho. / Diz sentando na cama.
- como assim? / Pergunto sem entender.
Danilo - Dandara quase morreu depois que a Diana nasceu, os médicos falaram que um próximo filho mataria ela.
- eu não sabia....
Danilo - eu sei, ninguém quer que a Dandara morra.
- mas ela parece querer muito ter essa criança. / Falo olhando em seus olhos.
Danilo - eu sei, tenho certeza de que ela seria uma ótima mãe novamente, mas não podemos arriscar perder ela.
- o que está querendo dizer com isso?
Danilo - Tenho certeza que Derick não vai aceitar perder a mãe.
- está querendo dizer que vão obrigar ela a abortar? / Pergunto não acreditando nisso.
Danilo - ela não pode morrer.
- então vão escolher matar o irmão de vocês? Sabe o quão errado isso é.
Danilo - o coração dele nem bate ainda.
- não estão respeitando a escolha da mãe de vocês. / Falo não aceitando.
Danilo - ela é muito importante para morrer, sem ela ninguém aqui teria controle.
- não vai me convencer do contrário.
Danilo - eu sei, só quero que entenda o nosso lado. / Vejo ele se levantar e sair do quarto.
Como eles podem decidir algo assim sem a concordância da mãe, sei que ela é muito importante para eles, mas acho que eles devem respeitar a decisão dela.
Saio do quarto e vou até a enfermaria, tenho que pedir desculpas por contar, eu preciso pedir, quando estou prestes a entrar escuto uma conversa.
Derick - pense em você, sua vida é muito mais importante do que a desse feto em sua barriga.
Dandara - eu quero ter essa criança, vocês não vão me impedir disso. / Escuto a voz dela meio alterada.
Derick - você não vai! / Ele está bravo pela voz.
Diana - concordo com Deri, você não pode morrer por causa dessa coisa na sua barriga.
Dandara - essa coisa é irmão de vocês.
David - mas ele não é mais importante que você para nós.
Dandara - se decidirem isso nunca mais olharei na cara de vocês, nunca mais! / Eu nem sei o que pensar sobre esse assunto.....
Derick - ainda assim é melhor do que você morrer.
Dandara - saiam! Me deixem sozinha. / Sinto que ela esta mal.
Vejo eles a saírem, fico quieta no canto, não sei se devo entrar, sinto um toque em meu ombro, me viro e vejo Danilo.
Danilo - pode entrar, Larah, ela vai gostar de falar com você.
- nem pense que vou tentar convencer ela a mudar de idéia, vocês são uns idiotas. / Falo brava.
Danilo - só entra logo. / Ele abre a porta e me empurra para dentro, entro no quarto e vejo Dandara deitada olhando o teto pensativa.
- me desculpa porta ter contado. / Falo me sentindo realmente culpada.
Dandara - eles iam descobrir de qualquer forma, não se preocupe. / Ela parece querer chorar.
- eu não entendo a dor que está sentindo agora mas imagino que seja horrível.
Dandara - como é, ter minha escolha tirada de mim pelos meus próprios filhos, eles nem pensam que essa criança em minha barriga é irmão deles.
- também pensei nisso.
Dandara - obrigada por fazer o Danilo repensar. / Diz forçando um sorriso.
- eu? Tem certeza?
Dandara - tenho, mas ainda assim não muda as coisas, Derick é o rei agora, sei que ele é irredutível em suas decisões.
- sim, ele é muito cabeça dura. / Quando ele decidi algo é difícil fazer ele desistir.
Dandara - é..... Pode me deixar descansar, não quero ver ninguém no momento. / Saio do quarto e vejo Danilo sentado.
Danilo - como ela está? / Parece preocupado.
- bem mal, ela quer ficar sozinha.
Danilo - eles vão votar daqui a dois dias no melhor a se fazer.
- votar? / Pergunto sem entender.
Danilo - sempre que o rei decide algo acontece uma votação do contra, se a maior parte dos vampiros ir contra a escolha do rei é anulada.
- qual a possibilidade de isso acontecer?
Danilo - mínima, ninguém da família vai querer ir contra a decisão pois todos amam a Dandara.
- mesmo que isso vá contra o que ela quer?
Danilo - sim.
- isso que estão fazendo é egoísta. / Vejo ele a respirar fundo
Danilo - provavelmente ela não irá perdoar ninguém por isso. / Ele parece mal.
- acho que já me meti demais nos assuntos da sua família. / Acho que entrei demais nesse assunto pois estou mal por ela.
Danilo - percebi, toma a chave da sala de jogos, precisa pensar em outra coisa, além disso não esqueça a aula de etiqueta, provavelmente David vai estar bem mais bravo que o normal.
- obrigada, Nilo. / Fala sorrindo.
Danilo - vai. / Diz me tanto um cafuné.
Saio dali e vou para sala de jogos, vejo David socando a parede sem parar, sua mão está sangrando mas sei que não é grave pois eles se curam, a parede está se quebrando.
- coitada da parede... / Falo baixo tentando passar sem ele me ver.
David - onde pensa que vai? / Fudeu, ele me viu.
- para sala de jogos meu mestre. / Falo tentando forçar um sorriso.
David - irei com você. / Diz me olhando com seus olhos vermelhos, isso é problema.
- não!...... Quer dizer, acho que mudei de ideia sobre isso, meu mestre. / Vejo ele me olhar com a sobrancelha levantada, todos os irmãos tem essa mesma semelhança.
David - está com medo de mim? / Diz se aproximando, começo a ir para trás.
- só acho que não está no seu melhor dia. / Falo não querendo me aproximar.
David - claro que não estou, minha mãe irá me odiar por votar contra a decisão dela. / Ele está bem bravo.
- então não vote contra....... meu mestre / Falo e ele me coloca contra a pare.
David - não posso deixar ela morrer assim, você não entende, não tem família / Diz encarando meus olhos, essas palavras doem.
- eu não tive por que eles foram assassinatos, mas se tivesse respeitaria a decisão deles.
David - não, você não sabe se respeitaria. / Ele esta muito bravo mesmo, coloco minha mão em seu rosto.
- realmente não posso afirmar que faria isso, sei que teve doer decidir algo assim. / Falo olhando diretamente em seus olhos azuis.
David - esqueceu o mestre. / Me ferrei.
Vejo ele aproximar mais seu rosto, sinto seus lábios nos meus, sua língua pedindo permissão para entrar em minha boca, fico sem saber o que fazer paralisada, volto a mim e empurro ele para longe. Subo as escadas correndo querendo me afastar o máximo possível dele, entro em uma sala escura, tento ligar a luz, acho o interruptor e ligo, vejo que estou em outra sala do Trono ainda maior.
- que lugar é esse? / Falo sem perceber, tem um trono de ouro e diamantes.
Derick - a sala do primeiro rei vampiro, esse castelo era dele antes de desaparecer. / Tomo um susto quando vejo ele em uma poltrona bebendo um copo de sangue.
- desculpa incomodar. / Falo tentando me acalmar.
Derick - o que aconteceu, estava fugindo de alguém? / Ele parece mal.
- só do David, ele estava batendo na parede então decido sair de perto. / Acho melhor não irritar ele com outros assuntos.
Derick - eu e meus irmãos não estamos em um bom estado.
- percebi... Desculpa por falar isso meu mestre.
Derick - estamos sozinhos, não precisa me tratar assim. / Ele bebe mais um gole de sangue.
- prefiro tratar você como o rei que é. / Falo não querendo me aproximar, todos falaram para mim não fazer isso.
Derick - está com medo de mim? / Pergunta se levantando.
- não, jamais, meu rei. / Falo olhando para seus olhos azuis acizentados.
Derick - acha que sou um monstro por decidir pela minha mãe não é? / Qual é o problema deles.
- talvez. / Não acredito que a porra da minha sinceridade voltou.
Vejo ele ficar em minha frente e tocar em meu pescoço me causando arrepios, seus olhos estão vermelhos mas não sinto medo.
- deveria pensar melhor na sua decisão. / Falo olhando em seus olhos claros como o céu azul.
Derick - não tem medo de mim, mesmo eu tento matado vários lobisomens, vampiros e humanos?
- eu só não consigo sentir medo de você. / Sinto sua mão ir para minha bochecha.
Derick - talvez seja porque eu te criei. / Seu olhar está tão profundo.
- eu...... / Escuto a porta abrir.
Danilo - estou atrapalhando alguma coisa? / Vejo Derick a dar um passo para trás.
Derick - não. / Diz olhando Nilo.
Danilo - se a Déborah ver isso vai virar um demônio, mudando de assunto, chegou alguns papéis para o rei assinar, acho que eles não irão se assinar sozinhos. / Diz calmo.
Derick - estou indo, não precisa ser chato. / Diz indo em direção a porta.
Danilo - não esqueça os papéis que esqueceu de assinar ontem. / Vejo Deri a se virar.
Derick - vai ficar aqui irmão? / Pergunto esperando resposta.
Danilo - eu terminei meus trabalhos, acho que tenho direito a um dia de folga. / Diz calmo.
Derick - nem para me ajudar.
Danilo - você é o rei que sempre decidi tudo, então aceite logo seus trabalhos. / Estou sentindo um clima tenso.
Derick - está contra mim agora? / Vejo ele a ficar sério, ele está apertando o punho.
Danilo - não, só estou dizendo a pura verdade / vejo Derick a sair do cômodo puto.
- qual o problema de vocês? / Pergunto não entendo.
Danilo - você não tem irmãos para entender. / Por que todo mundo sempre diz algo assim? Sei que não tenho família, além da Laiane.
- cansei, vocês são todos um bando de vampiros idiotas.
Danilo - ei, não esqueça as aulas de etiqueta sua humaninha mal educada. / Diz calmo, acho que está brincando.
- me leva para cavalgar? / Pergunto olhando ele.
Danilo - a branca não está em condições agora.
- eu pedi para você me levar, não para cavalgar comigo. / Falo sorrindo.
Danilo - claro, minha dama.
- obrigado, meu mestre. / Falo brincando com um sorriso no rosto.
(...)
Sentir o vento gelado em meu rosto é tão bom, a paisagem de Vincell é linda, é tão calmo. Estou abraçada em Danilo para não cair do cavalo enquanto ele passa pelas montanhas próximas do Castelo.
Danilo - o que aconteceu entre você e o David? / Queria saber como ele sabe de tudo.
- como sabe? É vidente?
Danilo - eu sinto que algo desestabilizou ainda mais David, ele estáva olhando para o nada pensando, ele nunca pensa.
- Davi me beijou, não entendo o motivo, acho que irritei ele. / Acho que realmente irritei ele.
Danilo - não esqueça, ficar virgem até os vinte anos.
- não cansa de me lembrar disso não? Eu sei que devo ficar virgem mesmo não sabendo o motivo.
Danilo - acho melhor voltarmos, vai escurecer logo. / Vejo o por do sol.
- sim, obrigada por isso.
Danilo - estou cuidando de você, como prometi.
Voltamos para a área do castelo, desço do cavalo, vejo Diana vindo em nossa direção.
Diana - onde estava Danilo?! / Odeio essa cobra.
Danilo - cavalgando. / Diz friamente.
Diana - tem como parar com a ignorância? Sou sua irmã.
Danilo - só vai até uma pessoa quando quer algo.
Diana - eu só queria passar mais tempo com você, mas se gosta da companhia dessa humana tudo bem. / Vejo ela sair irritada.
- acho que deveria ir atrás dela, provavelmente também está mal por causa da mãe.
Danilo - ela tem o David e o Derick, ela nunca me tratou como irmão, na época que ela nasceu todos já sabiam sobre eu ser um bastardo. / Não imagino a dor que ele sentiu.
- ainda assim, ela é sua irmã, vocês podem se aproximar.
Danilo - pensarei nisso, já pode ir se quiser. / Diz me olhando.
- sim, obrigada pelo passeio mestre. / Falo e vou em direção ao castelo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Adotada Por Um Vampiro