Mais do que paquera romance Capítulo 27

- Eu te conheço de algum lugar? - perguntou Kristofer para Andreia. - Você me parece muito familiar.

Andreia olhou para ele e balançou a cabeça.

- Mas senhor, eu não te conheço.

- Não conhece mesmo? Olhe mais um pouco para mim - disse Kristofer apontando para o próprio nariz, botando a cara mais perto dela.

Andreia se afastou um pouco para trás, um pouco embaraçosa.

- Senhor, eu realmente não te conheço.

Sua memória era muito boa, era impossível não o reconhecer se tivesse visto antes.

- Como isso é possível? - murmurou ele franzindo a cara.

Ele realmente achava essa mulher familiar.

Mas não conseguia se lembrar de jeito nenhum onde a viu antes.

- Dani, por que esse titio fica perguntando para mamãe sem parar se ela conhece ele ou não? Será que ele gosta de mamãe, e quer ser nosso papai? - Giovana perguntou bem baixinho para seu irmão, fitava em Kristofer com vigilância.

Ela se lembrava que aqueles loiros estrangeiros flertavam com sua mamãe dessa mesma forma, e queria se casar com sua mamãe para ser seu novo papai.

Daniel analisou Kristofer de cima a baixo com um olhar de desdém enquanto afagava o próprio queixo, e então respondeu:

- Eu não quero que ele seja nosso papai, não me dá nenhuma sensação de segurança. Eu prefiro titio Raviel.

Raviel ouviu o cochicho das crianças atrás de si e sorriu levemente, seu humor ficando muito melhor de repente.

- Eu também gosto do titio Raviel, você é tão parecido com ele, Dani - disse Giovana mordendo o dedo.

E essas palavras fizeram pequeno Daniel pensar muito.

O QI do Daniel era muito mais alto do que as crianças da mesma faixa etária, e ele sempre sabia que o pai deles estava no país, e não no exterior.

Uma vez, ele escutou sem querer sua mamãe conversando com o padrinho.

Padrinho perguntou para mamãe se ela iria procurar pelo pai verdadeiro deles se voltasse para o país. E sua mamãe respondeu que nem sabia quem era o pai deles.

E agora, encontrou um titio tão parecido com ele.

Pensando até aqui, os olhos de Daniel giraram, ele já tinha tido uma ideia.

Ele precisava dar um jeito de conseguir uma amostra de DNA de titio Raviel.

Quando seu padrinho voltar do exterior, ele iria pedir para ele o ajudar com um teste de paternidade.

E do outro lado, Kristofer já tinha terminado de verificar os ferimentos e de embrulhar o pé de Andreia em bandagens.

Assim que terminou, Kristofer a entregou um cartão de visitas, e disse:

- Não deixa seu pé tocar em água esses dias. Esse é o endereço do hospital em que eu estou, amanhã venha tomar a vacina de tétano, e aproveitarei para trocar suas bandagens.

- Entendi, obrigada, Dr. Kristofer - agradeceu Andreia pegando cartão de sua mão.

Kristofer pegou uns lenços de papel para limpar as mãos enquanto analisava os dois pequenos, e perguntou:

- Você é a mãe deles?

- Sim - disse Andreia os abraçando e afagando a cabeça deles.

- São muito fofos, principalmente esse pequeno aqui - disse Kristofer olhando para Daniel. - Ele é simplesmente igualzinho a Ravi. Se eu não soubesse que Ravi não tem crianças, chegaria a acreditar que são pai e filho.

- É realmente muita coincidência - disse Andreia olhando na direção de Raviel.

Da primeira vez em que encontrou Raviel, Andreia já tinha achado que ele se parecia demais com seu filho. Mas ela sabia que era impossível que ele fosse o pai das crianças.

Porque o homem com quem transara cinco anos atrás, era supostamente um velhote de quase cinquenta anos.

- Ah, ainda não perguntei seu nome - disse Kristofer jogando o lenço no lixo.

- Andreia Hofmann - respondeu ela.

- Andreia Hofmann... Hofmann... - Kristofer ficou repetindo seu sobrenome, e então parecia que levara um raio, sua expressão se tornando apavorada. - Ravi, está errado! Estamos errados nisso tudo!

- O que está errado? - perguntou Raviel friamente.

Kristofer o puxou para o lado e disse baixinho:

- Ravi, você ainda se lembra do tratado de noivado entre você e Srta. Hofmann?

- O que tem a ver com Judite? - Raviel olhou para ele.

Kristofer sorriu amargamente e disse:

- Aí está o problema. A noiva do trato não é Judite, é ela!

Ele seguiu apontando na direção de Andreia.

Andreia inclinou a cabeça de leve.

Eles pareciam estar falando sobre ela.

- Você sabe do que está falando? - os olhos de Raviel se cerraram, encarando Kristofer com ameaça.

- Eu sei, eu não disse agora a pouco que eu a achava familiar né? - falou Kristofer apertando as têmporas. - Isso é porque ela é sua verdadeira noiva. Seu vovô já te mostrou uma foto dela na época, mas você não quis olhar, e eu estava lá, por isso eu olhei, a pessoa naquela foto é justamente ela!

Ele ainda se lembrou de ter elogiado a beleza dessa Srta. Hofmann.

- E a Judite? - agora a cara de Raviel não estava nada boa.

Kristofer era seu melhor amigo desde pequeno.

Ele confiava nele plenamente.

Por isso, a família Hofmann mentiu para ele!

- Eu não sei, mas eu tenho a certeza de que sua verdadeira noiva não é Judite, e a identidade de Srta. Hofmann provavelmente tem problemas.

Pelo que todos sabiam, a família Hofmann tinha apenas um herdeiro legítimo e apenas uma herdeira legítima, os quais tinham o direito aos títulos de Sr. e Srta. Hofmann. Os filhos bastardos não podiam usar esse título.

Se a foto daquela época era de Andreia, então ela era a legítima Srta. Hofmann.

Logo, a identidade de Judite tinha grandes suspeitas!

Eles pensaram juntos, então Raviel andou em direção de Andreia e perguntou:

- Você é a legítima herdeira da família Hofmann?

As pupilas de Andreia se contraíram, como se estivessem surpresos por ele saber disso.

- Então realmente é você? - Raviel questionou novamente, suas mãos segurando em punho.

Mas o olhar de Andreia pareceu perder a cor ao dizer:

- Não sou mais.

- Como assim? - Raviel apertou os lábios.

- Não posso te dizer. - Andreia balançou a cabeça e sorriu amargamente.

- Não pode me dizer... - Raviel não estava nada satisfeito com essa resposta.

Mas ele não a iria forçar a falar.

Já que ela não podia falar, então ele ia descobrir por si mesmo!

Ele ia investigar até o fim sobre a identidade de sua verdadeira noiva!

Pensando nisso, Raviel pegou o celular e saiu do restaurante.

- Mamãe, a família Hofmann que titio Raviel estava falando é o lugar em que você cresceu? - perguntou Daniel.

- Vanna também quer saber - disse Giovana piscando os olhos.

Ela afagou a cabeça das crianças e não disse nada.

Ela nunca falou da família Hofmann para eles, e nem pretendeu falar sobre ele. Aquele era o lugar que sua mãe e seu irmão mais novo guardavam suas memórias mais doloridas.

Depois de tanto tempo, ela nem se lembrava mais que ela era um membro dos Hofmann.

Nessa hora, um carrinho foi empurrado até eles por aquele gerente de terno de veludo.

Tinha todo tipo de caixas de presentes sobre o carrinho e, sobre eles, ficava aquele grande urso de pelúcia.

Vendo aquele urso gigante, os olhos de Giovana brilharam.

- Senhorita, esses são presentes que nós preparamos para vocês por causa do acidente, esperamos que aceite esse nosso pedido de desculpas - disse o homem cheio de sinceridade.

- Aceito esses presentes de bom grado, mas eu também preciso ir agora - disse ela acenando com a cabeça.

Assim que Raviel terminou a ligação e voltou para dentro, ouviu Andreia dizendo isso, então jogou a chave em direção a Kristofer e disse:

- Traga o carro.

Kristofer compreendeu rapidamente o que ele queria fazer, então pegou a chave e foi procurar pelo carro.

Depois que ele se afastou, ele se voltou para Andreia:

- Eu levo vocês para casa.

- Muito agradecida, presidente Raviel - disse ela sorrindo educadamente.

Se ela não estivesse machucada, ela o recusaria.

Mas como não conseguia andar, foi claro que não seria besta a ponto de pedir um táxi com as duas crianças.

Raviel a pegou de novo no colo e foi em direção à saída do restaurante.

As duas crianças andando de mãos dadas atrás deles, essa cena parecia mesmo uma família.

E nessa hora, um homem estava numa moita discreta próxima à porta do restaurante, e ele reconheceu Raviel D’Angelo. Uma máquina fotográfica estava pendurada em seu pescoço. Vendo que ele tinha uma mulher no colo, e que subiu no carro com ela e com duas crianças, o homem levantou a câmera extasiado e tirou uma foto da cena.

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