Um mês e meio depois…
Hoje é quinta-feira. Daqui a uma semana é aniversário de Hassan. Raissa e eu estamos combinando de fazer uma festinha surpresa para ele. Ela está super animada. Só chamaremos amigos de quem ele realmente gosta, tem intimidade e se sente bem. Só que tem um porém: os egípcios não fazem festa de aniversário. É algo mundano para eles.
Raissa ficou de fazer a lista de convidados. É claro que os Akhenaten estão na lista. Chega daquelas festas extravagantes que Helena adorava dar para satisfazer seu ego junto à sociedade. Hassan concorda comigo, ele tem se mostrado um homem de família, sei que ele adora cultivar as verdadeiras amizades, pois ele é muito verdadeiro.
Acerto alguns detalhes com Raissa. Ela me escreve, então:
“Eu detesto escrever aqui.” “Só essa festa mesmo para me motivar a tocar essas teclas pequeninas.”
Eu sorrio com seu comentário. Quando vejo Hassan, imediatamente me despeço dela e apago tudo. Ele não pode saber da festa.
Hassan
Allah! Clamo no meu interior.
Eu me sinto inquieto. Karina não é aquelas garotas que ficam pegando o celular toda hora, mas quando eu entro no quarto ela está sorrindo, vendo alguma mensagem nele.
Ela está trocando mensagens com alguém e fingindo que é com Raissa?
Minha irmã detesta escrever no aparelho, ela é muito preguiçosa.
Allah! Mas elas podem estar falando de Rasaf. Pode ser coisa de mulher apaixonada.
Quando Karina me vê, fica séria. Sinto minha pressão sanguínea subir e percebo que preciso dar um basta nisso.
— Com quem você estava falando agora?
Ela pisca, aturdida. Karina não me trairia.
— Eu te disse, com Raissa.
— O que falavam? — pergunto, estudando sua expressão.
Karina fica vermelha.
— Do namorado dela.
— Posso ver? Acho que sou o maior interessado que esse relacionamento dê certo.
Karina mexe nos cabelos.
— Eu apaguei.
Allah! Isso não é bom.
— Por que você apagou?
Ela fica um momento calada, então diz:
— Porque ela pediu.
— Para eu não ver?
Ah, se Karina estiver trocando mensagem com um homem, Allah. Eu nem sei o que sou capaz de fazer.
Ofego.
— Hassan, o que está pensando, hein?
Eu fungo.
— Como não posso ler a mensagem que você apagou, é natural que estou pressupondo um monte de coisas, e isso não é bom para um relacionamento.
Ela solta o ar e se levanta da cama. Vem até mim com aquela camisola negra sexy.
Eu estou cego como meu pai?
Só enxergo o que eu quero ver?
— Hassan, eu não estou te traindo. É isso que passou nessa sua cabeça torturada? — ela me pergunta olhando bem nos meus olhos. — Sei que é paranoico por tudo que aconteceu. Mas confie em mim quando digo que você nunca vai precisar se preocupar com meus sentimentos. Eu te amo. Sempre te serei fiel. Tudo o que vejo é você, habibi.
Vejo tanta verdade em seus olhos, que vou relaxando. Eu a abraço forte.
Allah!
É claro que não!
Sinto seu cheiro, e isso me acalma.
Não gosto de duvidar dela.
Eu a amo tanto. Meu coração é muito pequeno para caber tanto amor, me sinto transbordado. Ela é o meu único amor. Jamais senti por alguém o que sinto por Karina.
Ela é o meu agora e para sempre…
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