O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 31

– A gente fez um estrago, ainda bem que Javel tem um sono pesado e não pegou a gente lá! – Disse Bianca risonha. As outras duas balançaram a cabeça concordando, sorrindo.

Seth parecia um pouco perdido. Aparentemente entendia o que elas estavam falando, mas não sabia o que falar. Suas mãos estavam no bolso e ele parecia casualmente colocado no meio de mulheres.

– Ai, que bom! – Disse e sorri. Bianca parecia bem melhor do que no dia anterior, quando parecia choramingar por qualquer coisa. Agora, parecia ter renascido das cinzas para não ficar mais choramingando por homem algum. Fiquei feliz por ela.

– Pena que você nos abandonou. – Disse Marina fazendo beicinho, mas logo voltou os olhos para Seth como se compreendesse o motivo de meu sumiço. Tentei não corar diante dos olhares incriminadores das meninas, principalmente de Marina.

– Ah, eu estava morrendo de sono. – Tentei desconversar, mas as meninas continuavam encarando descaradamente Seth. Comecei a me sentir no meio de uma Guerra Fria e, para minha surpresa, Seth decidiu agir naquele momento.

– Seth. Amigo de Agnes. – Ele conseguiu falar num português bem arrastado. Não pude deixar de achar engraçado as caras e bocas que as meninas fizeram olhando boquiabertas para ele e depois para mim e mais uma vez para ele, piscando e tentando entender se aquele boy realmente era real.

– Ele é brasileiro? – E pelo visto Joana não tinha notado o sotaque de Seth, porque perguntou boquiaberta.

– Não, não. – Disse me intrometendo. – Ele é árabe. Estou ajudando ele a ir comprar um anel para a noiva dele. – Tentei enfatizar isso. Por que a verdade era: Seth estava comprometido e as meninas estavam se jogando deliberadamente em cima dele.

– Eu sei dividir. – Disse Marina piscando para Seth e ele abriu um gracioso sorriso.

– Ainda posso ter mais três esposas. – Ele disse em português se gracejando para o lado das meninas. Quase ouvi Bianca suspirar pensando em outro homem para pôr em seu coração ferido.

– Não pode não. – Sentia que uma das veias da minha testa podia explodir a qualquer momento. – Nadirah vai te matar se você voltar casado antes de a tê-la. – Disse e Seth deu uma adorável gargalhada.

– Vocês viram, meninas. Tenho uma chatinha do meu lado. Aparentemente ela não quer dividir um Seth com mais ninguém. – Dessa vez Seth disse em alemão. Aparentemente não o conseguia falar em português. Senti as minhas bochechas corarem violentamente enquanto eu tentava empurrar Seth pelos ombros para longe delas. Mas ele era mais forte, e nem saiu do caminho. Já as meninas, para a minha surpresa, pareceram entender o que ele dizia.

– Aí, Ag. Que safada. – Disse Marina gracejando numa risadinha. Eu já estava começando a ficar com raiva de todo mundo estar me chamando assim. Eu não queria Seth! Hello pessoal?

– Não. – Disse revirando os olhos. – Não quero ninguém. Já tenho namorado. – Enfatizei. – Seth só é um amigo babaca. – Disse e as meninas riram.

– Um babaca lindo. – Comentou Joana. Sério meninas, podemos parar?

– Obrigado, meninas. – Disse Seth em português dando uma piscadinha. Eu quase dei um tapa no ombro dele. Ele só podia estar querendo atrapalhar o meu serviço por ali. – Agora temos que ir, antes que Agnes me jogue no lago mais próximo. – E eu juro que pensei seriamente em fazer isso. Contudo, certamente não teria forças e Seth continuaria intacto, sem se mexer um milímetro, para minha irritação total. Dessa vez, Seth tinha dito em alemão. Algumas coisas, pelo visto, ele realmente não tinha capacidade para falar em português.

– Tchau, Seth. – Disseram as três meninas plantadas na frente dele como se fossem bonecos de posto de gasolina dando tchau. Finalmente, Seth decidiu se mexer e facilitar o meu trabalho e conseguimos então ir até o hotel. Por hoje, ao menos eu esperava, a humilhação tinha acabado.

*

Não tinha acabado não.

Mal cheguei no meu quarto e comecei a receber um monte de informações no celular, pois agora eu tinha internet e podia observar as novidades. Havia um monte de áudio de Fernanda e, embora, eu tentasse esconder o barulho de vibração que o meu celular fazia, logo percebi que Seth abria a porta do meu quarto e arqueava a sobrancelha perguntando:

– Ta famosa, hein? – Ignorei a sua presença ali e dei de ombros. Mas não mexi no celular. Não ia abrir os áudios de Fernanda na frente de Seth. Vai saber o que ela vai falar. Na verdade, vai saber o que eu falei.

Por algum motivo obscuro, eu não lembrava de nada do que eu tinha dito para Fernanda, muito embora soubesse que tinha mandado áudio para ela. Pelo visto, a humilhação via áudio tinha sido tão grande que até o meu cérebro estava querendo fazer com que eu esquecesse.

– Não vai ver? – Perguntou Seth intrometido deitando deliberadamente na minha cama. Fiquei observando a sua cara de pau gigantesca ainda tentando entender o que tinham feito com Seth. Onde estava o Seth que ficava atônito por estar na presença de uma garota num quarto sozinho com ela? O que o mundo ocidental estava fazendo com Seth, meu Deus?

Ele pareceu compreender os meus pensamentos – ou era vidente mesmo – e suspirou colocando as duas mãos atrás na nuca enquanto continuava olhando o teto.

– Algumas regras são um pouco absurdas. Eu não vou te agarrar se estiver num quarto conversando com você. Você é só minha amiga, não minha namorada. Estar no mesmo quarto que Nadirah, okay, acho que isso não é certo. Mas que uma amiga? – Ele riu. – Acho que eu sei respeitar a minha noiva. Mesmo que eu saiba que você está caidinha por mim. – Brincou Seth piscando e eu senti minhas bochechas arderem.

Okay. Eu não estava caidinha por ele. Mas ouvir isso em voz alta só me fazia sentir vergonha. Dei um tapa no braço dele para demonstrar a minha irritação, o que o fez rir ainda mais. Depois, instantaneamente, acabei pensando em nosso quase beijo e em como o que Seth disse não fazia sentido nenhum para a minha mente que lembrava dessas antigas cenas.

Por um segundo, voltei meu olhar para a porta e fiquei realmente a pensar em como seria melhor que Seth fosse embora. Ele continuava alheio às minhas preocupações. Fernanda interrompeu o meu pensamento mandando outra mensagem e dessa vez, Seth se levantou. Arqueei uma sobrancelha, desconfiada.

– Não vai olhar as mensagens? Está com vergonha de eu ouvir? – Seth levantou uma sobrancelha como se estivesse me incitando a fazer. – Já sei, você ficou a noite falando como sou gostosão e está com medo de eu ouvir Fernanda concordando? – Se eu estivesse bebendo algo, juro que engasgaria. Estava sem acreditar que ele estava falando isso. Mas, vai saber. Eu não tinha lembranças das mensagens. Vai que meu eu bêbada tinha feito isso? – Se bem que a Fer vive me mandando snap dizendo isso. – Ele comentou casualmente e eu arregalei os olhos.

– Ela faz isso? – Perguntei sem acreditar. Seth deu de ombros.

– Às vezes sim. Mas acho que na maioria das vezes ela está bêbada. – Ele refletiu. Meu Deus! Com uma amiga dessas, pagando mico assim, porque não me importar com seus áudios, não é mesmo? – É isso não é mesmo? – Ele continuou e eu bufei irritada.

– Claro que não! – Disse tentando convencer a ele, por que a mim eu só conseguia pensar o quanto eu queria não ter sido louca a esse ponto. – Pare de achar que é a última rosquinha do pacote, chato! – Fiquei pensando. – Como é chato em árabe? – Seth gargalhou alto.

– Mamal, Amira. – Disse Seth risonho. Franzi o cenho.

– Não está falando lindo, não é mesmo? – Ele revirou os olhos.

– Não, Ag. – Riu. – Mas eu devia ter tido essa ideia antes de você. – ´Refletiu, por fim.

Revirei os olhos. Só Seth mesmo. Contudo, para minha grande surpresa, Seth se levantou num pulo e começou a andar na minha direção. Fiquei na retaguarda esperando o que quer que ele fosse fazer.

– Vamos Ag. Se você não for abrir os áudios, eu vou fazer isso por você. – Ele ameaçou. Neguei com a cabeça. Não ia deixar Seth fazer isso, ainda que ele parecesse bem-disposto a isso. Olhei de soslaio para o banheiro e então instantaneamente passei a correr para a suíte. Seth seguiu ao meu encalço logo atrás. Fechei a porta prestes a trancar ela, mas Seth foi mais rápido e usou o seu corpo tentando abrir a porta. Comecei a rir da cena que estávamos fazendo enquanto tentava empurrar com toda a força que havia em mim para que Seth não entrasse no banheiro. Não fui rápida o suficiente.

Seth empurrou a porta o suficiente para que ele conseguisse passar pelo vão e quando o fez, parou de empurrar a porta. Eu que continuava na pressão para ver se a porta prendia nele e ele parava com a criancice, fui com tudo junto com a porta que se fechou num barulho terrível. Odiei Seth naquele instante. Estávamos sozinhos no banheiro. E brigando, para variar.

Então, ainda não terminando o show que tínhamos começado, Seth, para minha surpresa começou a tentar agarrar o meu celular que estava na minha mão, fazendo cócegas para que eu largasse. Senti meus olhos arderem enquanto eu soltava o meu celular e caía na gargalhada e Seth então se tornou o vitorioso com o meu celular na mão.

– Eu não vou falar a senha. – Disse e Seth me olhou como se eu estivesse dizendo um ultraje. Sorri. Agora eu era a vitoriosa. Não ia contar a minha senha nem morta. Ri de vitória e felicidade. Seth bufou.

– Agnes, vou fazer cócegas em você até você me dizer qual é a senha do seu celular. – Disse Seth se aproximando lentamente de mim. Arregalei os meus olhos de surpresa. Okay, com essa eu não contava. Ainda não podia ter cantado vitória.

Na iminência de fugir de Seth, tentei abrir a porta com tudo para fugir do cômodo, mas Seth encostou a mão na porta – tão simples para ele – me impedindo de sair. Comecei a entrar em desespero ao saber que ele ia fazer cócegas em mim e então virei-me de frente a ele prestes a implorar.

– Por favor, Seth. Eu não quero ouvir os áudios dela. Não seja criança e queira que todos façam sua vontade. Pelo menos não ago... – Disse, mas Seth não esperou que eu continuasse a falar, fazendo cócegas em mim. Se Seth soubesse como eu odiava cócegas! Eu me tornava um boneco sem movimento ordenado, socando e chutando e tapeando tudo o que tinha na minha frente enquanto tentava me livrar do motivo das cócegas! Comecei a gargalhar enquanto batia em tudo o que estava na frente, num ritmo frenético de loucura até o momento que acertei o nariz de Seth e ele parou com as cócegas, mas segurou o nariz com uma raiva contida.

Agora sim eu estava ferrada. Zilena com certeza me demitiria por ter acertado o nariz de Seth. Eu era realmente uma negação.

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