A Escolhida Do Alfa Ilha do Corvo Capítulo 35

Dimitri

O navio fez uma longa viagem até Abdullah.

E durante todo o caminho não dormi direito, Leon só falava comigo o necessário, e ainda assim eu podia ver o esforço que ele fazia, não podia dizer que me importava com o desconforto que ele sentia perto de mim, ele sentia o cheiro dela em mim, mais fraco agora, por causa do tempo, mas ainda assim me envolvia como um perfume suave, e quando olhava em seus olhos via o quanto ele me odiava por isso, porque eu não era um lobo e sim uma serpente, um bastardo, mas um bastardo que possuía o perfume suave da mulher que muito provavelmente ele amava.

Eu quase senti pena dele por estar sempre sozinho, na noite anterior a nossa chegada a Abdullah eu o vi no convés, debruçado sobre a amurada olhando a escuridão das ondas, a lua brilhando, na noite anterior ele havia se trancado na cabine e tomado uma poção de Servin, uma espécie de sedativo de lobo, isso mantinha sua transformação sobre controle.

Eu me aproximei devagar e olhei para o mar, pela minha visão periférica eu o vi me olhar de soslaio.

— Não basta poluir toda a nossa cabine, quando eu venho em buscar de um ar puro, longe de você... simplesmente vem atrás. — exclamou com desprezo.

O navio que pegamos estava com todas as cabines ocupadas, e tivemos que dividir uma, eventualmente Leon tentou trocar de cabine com outros tripulantes, mas os homens humanos o achavam muito intimidantes e não concordaram.

— Se você não fosse tão feio talvez alguém quisesse dividir uma cabine com você. — alfinetei e virei o rosto para olhar sua reação. Ele estava furioso.

— Você poderia ter procurado outra! — exclamou.

Eu ri de sua reação exagerada, era tão fácil deixa-lo com raiva, isso me fazia ficar mais descontraído, me fazia esquecer a importância da missão que tínhamos a frente, a missão que John confiou em mim, de resgatar seu irmão de Alcateia, ele podia ter escolhido um lobo no meu lugar, mas me escolheu, e eu sabia o motivo, John queria que eu tivesse êxito e ganhasse o respeito da Alcateia, apesar do que eu era, um bastardo com uma anomalia que me dava a capacidade de controlar as mentes dos humanos e de alguns Alshins, não de lobos é claro, a vontade deles era forte demais. Por isso eles me desprezavam, eu podia entrar nas mentes da pessoas através do meu sangue... Eles acreditavam que meu sangue era amaldiçoado pelos deuses.

— Poderia sim, mas não quis arriscar, eu sendo um sujeito tão bonito assim poderia correr perigo, meu charme ameaça até a masculinidade desses pobres humanos, afinal quem os culparia se não resistissem a mim? eu não dormiria em paz! — falei e passei as mãos nos cabelos tirando algumas mechas dos olhos de modo sensual, fiz isso para implicar com Leon, sorri para ele e pisquei.

Ele me encarou boquiaberto.

Eu sabia exatamente o que ele estava esperando de mim nessa viagem, que eu fosse feroz e impulsivo, e com sorte ele poderia me matar em uma briga, o que ele não esperava era que eu seria charmoso, isso o deixou desconcertado, embora eu não tivesse qualquer interesse em homens, os deuses sabiam como eu apreciava estar dentro de uma bela mulher, eu sabia exatamente como jogar e manipular, então foi extremamente engraçado ver Leon engolir em seco e desviar o olhar constrangido.

— Você tem olhos bonitos Leon. — provoquei.

Sua reação foi imediata, ele me acertou um soco no nariz que me fez perder o equilíbrio e cair de costas no chão, eu levei as mãos no nariz que sangrava profusamente e olhei para cima, para ele que me encarava com os olhos meio ensandecidos, os punhos cerrados ao lado do corpo.

— Você. Só. Pode. Estar. querendo. morrer. — ele disse isso pausando em cada palavra, a respiração ofegante, seu peito subia e descia e seu rosto assumiu um tom avermelhado.

Ele me sentei no chão tentando parar o sangramento e alguns homens se aproximaram de nós, olhando a cena receosos.

— Você é muito temperamental Kane. — falei com a voz afetada, e me levantei ficando de frente para ele, agora eu usava uma parte do pano da camisa que eu rasguei para tentar conter o sangramento.

Ele me encarou, seu olhar perigoso, então cuspiu na minha cara.

Que surpresa...

Quando desembarcamos na cidade de Bandeshi, em Abdullah ela estava repleta de pessoas com roupas estranhas, ou melhor o que era estranho era a falta de roupas!

Era uma cidade barulhenta, com muitos mercados, bastante comércio, as pessoas se esbarravam ao caminhar pelas ruas estreitas, estávamos seguindo para a estalagem onde Thomas ia se instalar, quando atravessamos a rua uma mulher de pele bronzeada passou por nós, ela tinha cabelos escuros e lisos, seus olhos estavam pintados de preto, ela vestia uma saia de um tecido fino, era rosa escuro e brilhava um pouco, principalmente sobre o sol forte, a única coisa que cobria seus seios era uma blusa fina preta, com algumas joias penduradas, ao passar por nós não foi para mim que ela olhou, e sim para Leon, que ficou constrangido.

Que puritano ele era, não me surpreendia em nada que não tenha conseguido nada com Lina.

— Por favor! Senhorita! — eu a chamei e ela rapidamente se virou, seu olhar recaindo em Leon o avaliando, depois voltou para mim atenta ao que eu ia dizer.

Eu lhe dei um sorriso amistoso e mostrei o mapa que segurava, apontei para o nome da cidade Bandeshi, e com voz preocupada perguntei:

aqui certo? — tentei fazer uma voz insegura, e pela sua expressão ela acreditou que eu estava completamente perdido, o que eu não estava.

relaxou os músculos, e suspirou e retribuiu o sorriso, isso um bom sinal, quando os humanos faziam isso eles baixavam a guarda, quando ela olhou para nós novamente viu apenas dois rapazes bonitos e

bem que a língua local não era muito diferente da

estão em Bandeshi senhores, estão perdidos não é? — perguntou com um forte sotaque, seus olhos se desviaram para Leon que abriu a boca para responder que não estávamos e estragar meus planos, mas eu falei mais rápido que ele.

De modo vergonhoso admito, me chamo Dimitri Sidorov, e esse aqui é Leon Kane — eu puxei Leon para mais perto da moça e ele me olhou chocado por eu ousar em toca-lo. — Estamos procurando a estalagem chamada Samira, sei que leva o nome da dona, e foi muito bem

olhar dela se prendeu em Leon, avaliando-o.

Meu nome é Jade Jamal. Eu conheço essa estalagem — então seu olhar se desprendeu de Leon e se voltou para mim. — Por acaso Samira é minha mãe.

comemorei por dentro, meu plano estava indo melhor do que eu imaginei.