Shantelle ainda se acostumava com sua nova rotina. Nos últimos três dias, seguia levando Lucas para a escola e tinha algumas horas para descansar, em casa, antes de acordar novamente para buscar o filho e então ir direto para o trabalho.
O que temia, no entanto, era a aproximação do final de semana. Ela iria contar a Lucas sobre seu pai e não tinha certeza se estava pronta para aquilo.
Shantelle tinha acabado de chegar ao hospital e andava rápido em direção ao seu consultório quando Eana, a assistente de seu pai, esbarrou nela.
― Shanty, finalmente te achei ― chamou Eana.
― Eana, pensei que você estava de férias. Por que você está aqui? ― Shantelle perguntou. Como seu pai estava sempre trabalhando nos últimos anos, Eana raramente fazia uma pausa, também. Assim, como William estava de férias, Eana também pedira licença.
― Shanty, recebi uma ligação do Centro de Transplante e disseram que um paciente queria ser reavaliado. O paciente precisa muito de um transplante de coração. Deixei o arquivo na sua mesa, e ah... ― Ela franziu os lábios, dizendo: ― Há um representante do paciente, já esperando por você. ―
Eana deu de ombros e acrescentou:
― Acho que eles mal podiam esperar. ―
É verdade que, quando Shantelle chegou ao consultório, um homem de terno preto a esperava. Mal a jovem se acomodou e o homem disse:
― Doutor Shant, meu nome é Peter Haris. Represento a paciente Briana West. Acredito que o perfil dela já esteja em suas mãos. ―
― Desculpa, eu acabei de chegar e ainda não revisei as pastas ― disse Shantelle. ― Você pode me deixar seu número de contato e eu ligo quando terminar. ―
― Desculpa, doutora, mas é uma questão de vida ou morte ― disse o homem, educado, mas incisivo. ― Por favor, considere revisar... agora. ―
O homem era exigente, mas Shantelle entendeu. Ela presumiu que a paciente devia estar muito doente.
Levou meia hora para Shantelle revisar completamente a condição da paciente e por fim, se lembrou de como a mesma mulher havia sido internado várias vezes no hospital devido a uma cardiopatia congênita.
Parecia a Shantelle que a paciente precisava de um transplante urgente; no entanto, outros pacientes da lista também precisavam. Alguns estavam até em piores condições. Shantelle suspirou e disse ao homem:
― Com base na minha avaliação, receio que a senhorita West permanecerá na mesma posição, na lista de espera. ―
― Por quê? Nós temos dinheiro. Podemos pagar para que ela tenha prioridade. Quanto você quer? Que tal cinco milhões de dólares? ― O homem disse, perdendo qualquer escrúpulo e traço de educação e Shantelle teve que se conter para não responder da mesma maneira.
― Senhor Haris, a lista de transplante e prioridade não é sobre quem é mais rico. É sobre quem se inscreveu para a lista de antemão e muitos outros fatores envolvidos. Muitos pacientes esperam por doadores. Na verdade, uma média de vinte pacientes em todo o mundo morrem a cada dia, esperando por um doador. Temos que ser justos com os outros ― disse Shantelle. ― E não, você não pode me subornar, isso é crime. ―
― Doutora Scott, devo dizer-lhe que o namorado da senhorita West é um homem poderoso. Você não quer fazer inimigos ― disse o homem, fazendo Shantelle franzir a testa.
― Isso é uma ameaça? ― Shantelle disse de volta. ― Também devo explicar que, embora eu possa recomendar que ela seja priorizada, essa decisão será repassada à administração e ao Centro de Transplante de Órgãos. De qualquer forma, eles anularão minha proposta, porque também são competentes e perceberão que ela não tem prioridade sobre os outros pacientes. Mais importante, outros pacientes acima da senhorita West estão esperando, há anos. Não podemos furar a fila assim! Não é justo com eles! ―
A cirurgiã respirou fundo e se recompôs, antes de concluir:
― Sinto muito, mas tenho que ir. Por favor, faça a senhorita West tomar seus remédios, conforme prescrito e encoraje-a a seguir uma dieta saudável, para que consiga viver o suficiente para que um coração fique disponível ― recomendou Shantelle.
Sem vacilar, a médica deixou seu consultório, com uma posição firme. Se houvesse órgãos disponíveis para todos os pacientes, por que não? No entanto, não havia doadores de órgãos suficientes para salvar todas as vidas, e essa era a dura verdade.
***
Enquanto isso, em um quarto do Hospital de Warlington, os Thompson já haviam se instalado.
Erick estava conectado a um monitor cardíaco, descansando na cama, enquanto sua esposa, Clara, anotava as instruções do enfermeiro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A ex-mulher do CEO é uma médica de renome
Triste tava tão boa a história agora não consigo mais lê, ao consegui até o capítulo 10, tem que pagar, o medo é de pagar e não dá certo 😔...
ei amiga escritora please mais capitulos por favor...