Amor além do tempo romance Capítulo 11

Eu não queria entrar na pousada, mas como a Kyra aceitou trabalhar comigo, eu precisava entrar e falar com a Dandara.

- Eu vou precisar entrar, você vai querer ir na frente novamente?

Kyra: Acho melhor né Dilan?

- Kyra, a Cris vai ficar sabendo de qualquer jeito, e você trabalhando comigo a gente vai precisar andar juntos muitas vezes, o fato de você evitar que ela nos veja juntos agora só vai retardar o que é inevitável. De todas as formas ela vai se magoar.

Kyra: Tudo bem Dilan, vamos.

Eu sabia que ela estava sendo obrigada a isso, mais eu não posso continuar agindo como se eu ainda fosse comprometido com a Cris, isso não tem lógica.

Assim que eu e a Kyra chegamos na recepção, a Cris me encarou com um ódio nos olhos que eu nunca tinha visto antes.

Ela nem olhou pra kyra, apenas ficou parada querendo me fuzilar.

A Dandara olhou pra mim também, mas o olhar dela foi diferente, foi um olhar de força. A minha irmã sabia que eu não estava cometendo erro algum.

Eu precisava me impor, e a Cris não pode me tratar como se eu devesse alguma satisfação da minha vida pra ela.

- Dandara, preciso que você imprima um comunicado e cole na frente da pousada falando que amanhã as 07:00hrs estarei fazendo uma entrevista com quem se interessar em trabalhar com artesanato.

Coloca o endereço lá de casa.

A Kyra vai trabalhar comigo, ela tá precisando de trabalho, e eu de pessoas pra trabalhar, então nós vamos nos ajudar. Falei olhando pra Kyra que riu, mas logo depois parou de rir, quando percebeu que a Cris estava quase chorando.

- Porra. Ela tem que parar de agir assim. Eu não posso deixar de viver a minha vida. Pensei.

Dandara: Pode contar comigo Dilan. Vou fazer isso agora mesmo.

Você sabe de quantas pessoas vai precisar contratar?

- Ainda não sei exatamente, mas eu vou pra casa agora fazer uns cálculos pra ter essa resposta daqui pra amanhã. Eu estou na correria, então eu já vou indo.

Olhei pra Kyra, que estava com o olhar baixo, totalmente incomodada com as reações da Cris, mas eu não podia recuar.

- Kyra, você quer ir comigo? eu aproveito e te mostro como trabalho, daí você já me ajuda com as entrevistas amanhã.

Ela olhou pra Cris, como se precisasse da aprovação dela.

- Kyra, olha pra mim.

Ela olhou pra mim novamente.

- Você vem ou não?

Kyra: Dilan, por favor, para com isso.

Falou me repreendendo, mas ela foi interrompida pela Cris.

Cris: Pelo visto a Kyra tem mais consideração por mim do que você Dilan.

Desde que eu e a Cris terminamos, ela não trocou mais nenhuma palavra comigo.

Mas bastou a Kyra chegar, que ela resolveu abrir a boca.

- Eu tenho consideração por você Cris, eu só não vou ficar pisando em ovos como se eu dependesse da sua aprovação pra seguir a minha vida.

Minhas palavras atingiram a Cris em cheio. Ela não conseguiu conter as lágrimas, e eu não fiz nenhum esforço pra evitá-las, pois eu sei que estou no meu direito.

Kyra: Vocês me desculpem, mas eu vou pro meu quarto, eu não vou fazer parte disso.

Ela falou já dando as costas e indo em direção aos quartos.

- Kyraaa? a chamei, mas ela ignorou.

Quando eu estava indo atrás dela, fui interrompido pela Cris.

Cris: Já vai atrás dela?

Dandara: Amiga, por favor. Não faz isso.

Minha irmã tentou impedir da Cris fazer uma cena.

- Eu não vou cair na sua pilha Cris. Coloca uma coisa na sua cabeça, eu e você terminamos, e o que eu faço ou deixo de fazer da minha vida não é da sua conta. Entendeu?

Falei de forma ríspida. E ela voltou a chorar novamente.

Dei as costas pra ela e fui atrás da Kyra.

- Kyra, abre a porta por favor?

Não precisei insistir, ela abriu e eu entrei fechando a porta.

- Porquê você saiu daquele jeito?

Kyra: Você não está vendo o quanto ela está sofrendo Dilan? é desumano fazer isso com alguém que fez parte da sua vida.

- Tá bom, está na hora da gente ter essa conversa Kyra.

Ela sentou na cama e esperou eu continuar.

- Quando a Cris começou a trabalhar aqui, a gente se aproximou, de início como amigos, mas depois ela foi querendo algo a mais.

Desde o princípio eu deixei claro que eu tinha um certo bloqueio com relacionamentos, e que talvez eu não fosse o cara certo pra ela, mas ela disse que eu era maravilhoso, e que queria tentar construir algo bacana.

Então começamos a sair, e depois começamos a namorar. Nunca ouve um pedido de namoro da minha parte nem da dela, mas a gente se tratava como namorados.

Com o passar do tempo, ela começou a fazer planos de morar comigo, de ter filhos, de construir uma família, mas eu sempre falava pra ela que esse não era os meus planos, que eu não queria morar com ninguém.

Um dia eu fui dormir na casa dela, e ela tocou nesse assunto de família mais uma vez e acabamos brigando.

E ela começou a perceber uma mania minha.

Toda vez que eu e ela discutíamos por esse motivo, eu tirava um lenço do meu bolso e ficava segurando.

Ela não percebeu isso antes porque não tínhamos o costume de brigar.

Mas depois que passamos a ter esse costume, ela começou a perceber que eu fazia isso.

Kyra: Espera, esse lenço é o mesmo que...

- Deixa eu continuar Kyra.

Certo dia, ela foi desabafar com a Dandara, e disse que não sabia o motivo de eu não querer fazer planos com ela, e que toda vez que ela tocava nesse assunto eu agia de uma maneira estranha, e ficava tirando um pano do bolso.

A Danda deixou escapar que o pano era um lenço do meu amor de infância.

A Cris surtou, quis saber que amor era esse, a Danda tentou desconversar, mas já era tarde, a Cris pediu pra ela contar tudo, e por elas serem amigas a Danda não mentiu pra ela.

Kyra: Você ainda guarda o meu lenço?

Perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

Eu tirei o lenço do meu bolso e segurei.

Ela se levantou, e se aproximou de mim, pegando o lenço das minhas mãos.

- Eu levo esse lenço pra todos os lugares que vou, igual você com esse anel no pescoço.

E quando eu estou passando por um momento difícil, eu seguro o lenço como se fosse você me passando forças.

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