Amor além do tempo romance Capítulo 45

Eu já tinha ocupado a minha cabeça de todas as formas, almocei com a minha vó, depois fui lavar as minhas roupas que estavam sujas que eu não havia lavado ainda, ela foi pro quarto dela descansar e eu fui pro meu.

Eu tentei não chorar, mas não consegui.

A minha cama era o único lugar onde eu podia expressar toda a minha dor.

Eu tinha apenas um dia pra revelar pra minha vó sobre o meu casamento, e teria também que falar toda a história que vivi com o Rafael nesses quatro anos que passei com ele.

Tenho certeza que ela ficará magoada por eu não ter dito que estava namorando na época, e o fato de eu magoá-la, fazia o meu coração doer mais ainda.

Decidi dormir, pro tempo passar mais rápido, não havia nada que eu pudesse fazer, além de esperar.

Quando acordei, já estava de noite, então decidi ver se a Lúcia havia chegado pra que eu pudesse ligar pro tio Paulo e falar sobre o ultimato do Rafael.

Infelizmente eu teria que falar tudo pra minha vó sem a presença dele, ou teríamos que dar adeus a essa casa.

- Dilan, como eu queria poder me explicar pra você, falei pra mim mesma.

Assim que eu estava chegando na porta pra ir atrás da Lúcia, o meu celular tocou.

Poucas pessoas ligavam pra mim, e as que ligavam, estavam todas dentro de casa, exceto o...

- Dilan, corri pra ver se era ele, mas também podia ser o meu tio.

Quando peguei o celular e olhei a tela, não tive tempo nem de pensar, atendi na mesma hora.

Agradeci a Deus por ser o Dilan, tentei me explicar, mas ele logo me interrompeu, pedindo pra eu o ouvir.

Confesso que durante toda a minha vida, eu nunca pensei que eu pudesse viver tantas emoções assim.

O Dilan tinha uma segurança na voz, que fazia com que eu o obedecesse, e apesar de eu questioná-lo diversas vezes sobre as informações que ele estava me passando, foi impossível manter a calma.

O homem que eu amava, estava do outro lado da linha, me passando a segurança que eu desejei ter durante os piores dias da minha vida.

Ele estava deixando a vida dele, a empresa dele, a família dele, pra lutar por mim, e estava trazendo junto a minha susposta irmã e o meu pai.

Um pai, que até pouco tempo, estava morto pra mim.

E junto deles, estava o meu tio, o mesmo tio prepotente, arrogante e irresponsável, que me mostrou que é possível alguém se tornar uma pessoa melhor, e ele estava dando tudo dele, pra me proteger.

Senti o meu coração perder algumas batidas, eu chorei como se o peso do mundo estivesse sendo tirado das minhas costas.

Senti uma mistura de medo, ansiedade, adrenalina e gratidão, por não me sentir mais sozinha.

Eu ouvi tudo o que o Dilan me falou, e confiei em um plano que eu nem conhecia direito, mas que eu tinha certeza que daria certo.

A voz do Dilan pedindo pra eu ter calma, e dizendo que já estava vindo ao meu encontro, foi o empurrão que eu precisava pra reagir.

Afinal, era da minha vida que estávamos falando, era a minha chance de finalmente ser feliz ao lado do homem que eu amo.

Depois de toda conversa, e toda a explosão de sentimentos que eu estava sentindo, fiz o que o Dilan mandou e liguei pro Rafael.

Rafael: Olha só quem resolveu me ligar...espero que já tenha falado pra sua vó Kyra, não estou com muita paciência pra ficar esperando a sua boa vontade de falar não.

Respirei fundo, tentando colocar segurança na minha voz pra não comprometer o plano.

- Na verdade, eu não falei nada pra ela Rafael e nem vou falar.

Rafael: Como assim não vai falar? perdeu a noção do perigo garota? ou você fala Kyra, ou eu ligo agora mesmo pro meu advogado e mando expulsarem você daí amanhã mesmo.

Lembrei do que o Dilan disse, a intenção era fazer ele realmente reabrir o processo, então eu o faria reabrir.

- Faça o que você quiser Rafael, eu não vou casar com um lixo como você, que só pensa no próprio umbigo, que não tem nenhum respeito pelas pessoas, seu pai deve ter morrido de desgosto, por ter um filho tão desprezível feito você.

Rafael: Cala a porra dessa boca Kyra, você não tem a mínima ideia do que está falando, disse aos gritos do outro lado da linha.

- Fica aí com os teus fantasmas, a única coisa que você terá de mim a partir de agora, é o meu desprezo.

Desliguei na cara dele, sem dar a chance dele me responder.

Senti medo, mas eu não iria recuar, se o Dilan falou que tudo iria ficar bem, era nisso que eu deveria acreditar.

Saí do quarto e encontrei a minha vó na sala, tomando uma xícara de chá com biscoito.

- Oi vó, como a senhora está?

Vó: Estou bem minha filha, tome aqui um biscoitinho.

- Não precisa vó, eu não estou com fome. A Lúcia já chegou?

Vó: Sim, ela deve está na cozinha.

Fui até a cozinha e ela estava preparando uma sopa.

Lúcia: Oi Kyra, você está melhor?

Eu olhei pro corredor pra ver se a minha vó não estava vindo e depois contei tudo pra Lúcia que ficou estarrecida em saber que o meu pai estava vivo, e estava vindo pra me ajudar.

- Você sabia que o tio foi atrás do Dilan?

Lúcia: Sabia, mas não podia te contar Kyra, você não iria deixá-lo ir, você estava com medo e não iria conseguir pensar direito.

Kyra: Obrigada por não ter me contado, eu iria surtar mesmo.

Lúcia: Eu sei que tem sido difícil pra você Kyra, mas se você for olhar com cautela pra essa situação, você vai ver que era necessário você passar por isso, pra que o seu pai pudesse ser procurado.

No momento em que você se viu sem saída, foi o momento que outra porta estava sendo aberta, e agora o seu pai está vindo ao seu encontro.

Tudo era necessário pra que esse encontro acontecesse.

Ouvindo ela falar isso, me lembrei do sonho que o meu tio teve, a minha mãe pediu pra ele não interferir nas minhas escolhas, ele não interferiu, mas as minhas escolhas o fizeram agir de uma outra forma que me ajudou.

Fechei os meus olhos, e agradeci a minha mãe mentalmente, apesar de ser um pouco incrédula quanto a isso, eu sabia que existia algo de sobrenatural conduzindo toda essa situação.

Quando terminamos de conversar, a vó apareceu na cozinha pra deixar a xícara.

Vó: Eu vou deitar um pouco, minhas costas não estão me dando descanso.

Eu dei um beijo nela e ela foi pro quarto dela.

A cada minuto que passava, a minha ansiedade só aumentava.

Eu olhava no relógio a cada cinco minutos, então com um tempo decidi ir pra sala, quando escutei alguém abrindo a porta, me levantei do sofá e quando o meu tio entrou, eu vi o Dilan logo atrás dele, e eu corri pra abraçá-lo.

Parecia que eu estava saindo de um enorme pesadelo.

Chorei de alívio e felicidade, ao sentir o toque dele, o cheiro dele, e a paz que só ele era capaz de me transmitir.

Ele disse que ficaria tudo bem, e eu acreditei fielmente nisso.

Depois eu fui até o meu tio, e o agradeci por ter feito isso por mim, e depois eu olhei pra Cris.

Ela estava toda recolhida perto da porta, como se tivesse com vergonha ou medo também, eu me aproximei dela, e ela estava chorando muito, e eu também não contive a emoção ao perceber através do olhar dela, que ela já sabia de tudo.

Quando eu a perguntei se ela já sabia, e ela confirmou, eu a abracei.

Foi um abraço diferente, com vários significados, ela era a minha irmã, e eu nem precisava confirmar nada pois eu já sentia.

Eu prometi que nunca mais a deixaria sozinha, e ficamos abraçadas, chorando, sentindo o coração uma da outra por um longo tempo, até sermos interrompidas pela minha vó fazendo piada, perguntando quem tinha morrido.

Foi impossível não rir.

Vó: Quem é esse povo bonito aqui na minha humilde casa?

Todos nós nos olhamos, e eu vi que a partir dali, era necessário iniciar a conversa.

- Vó, esse é o Dilan.

Olhei pra ele pensando no que ele era meu, pois nossa relação já havia passado da amizade, então complementei.

...Meu namorado.

Ele me olhou surpreso, mas abriu um enorme sorriso.

Vó: Então você é o responsável por balançar o coração da minha neta? falou sorrindo e depois o abraçou.

Dilan: Sou eu mesmo, é um prazer conhecer a mulher que cuidou tão bem do amor da minha vida.

A minha vó olhou pra mim, e soltou as pérolas dela.

Vó: Se você não casar com ele, eu caso Kyra.

Todos nós voltamos a rir.

Depois ela olhou pra Cris, e se aproximou dela, e pegou no rosto dela, como se já a conhecesse.

Vó: Essa daqui nem precisa falar quem é.

Você tem os olhos do seu pai.

Isso fez com que a Cris começasse a chorar, e a minha vó a abraçou.

Vó: Você pode não ter uma vó decente minha filha, mas eu posso ser sua vó se você me aceitar como uma.

Isso deixou todos nós emocionados.

A minha vó tinha um coração enorme, e não importa o quanto ela foi dura com os meus pais no passado, o tempo a deixou de uma forma doce e amável.

Mordendo a isca 1

Mordendo a isca 2

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