Seis meses depois…
Domingo à noite…
No terraço, a lua crescente ilumina o céu, lançando reflexos prateados sobre a propriedade. Está uma noite muito agradável.
Eu admiro a vista com os braços em torno de minha barriga. Estou esperando um menino. Já temos até o nome: Kaliq.
Respiro o ar gostoso. A brisa suave do verão traz o cheiro do jasmim, das rosas, da dama-da-noite.
Ouço Hassan entrando no quarto e caminho até ele. Vamos agora na casa de Raissa. Exatamente hoje ela completa três meses de casada.
— Está pronta?
— Estou.
Ele passa os olhos pelo meu vestido azul-marinho e os fixa na minha barriga, que já está bem grandinha, e depois corre até meus olhos.
— Está linda.
— Obrigada.
— Tem certeza de que quer ir? Zaina falou que você passou mal hoje à tarde.
— Por causa do calor. Mas agora eu estou bem, a noite está fresca.
Hassan circuncida a minha cintura e me traz para junto dele.
— Tem certeza? Raissa vai entender se ficarmos.
— Imagina. Raissa está eufórica com sua gravidez. É normal que queira a família reunida para comemorar. Nós fizemos isso, lembra?
— Não, meu anjo. Você anunciou que estava grávida para todos.
— Mas não deixa de ser uma comemoração! — completei, com um sorriso.
— Está certo, então vamos! Se sua língua está afiada, já sei que está bem.
Eu sorrio para ele e recebo um beijo na testa com muito carinho.
O sol da tarde se põe no horizonte, compondo um espetáculo de cores no céu, deixando-o com tons avermelhados. Hassan está quieto, só admirando nosso filho mamando em meus braços. Ele olha em um misto de orgulho, ternura e êxtase.
Cada dia me enterneço com o marido e pai exemplar que Hassan tem sido. Seu passado está ali, mas hoje não o assombra mais.
Eu trabalhei até o último mês de gestação. Com o nascimento do nosso filho, parei de trabalhar. Tenho conversado com Hassan de quando ele ficar grandinho eu montar minha própria grife.
Graças a Deus Vitor sumiu. Desde aquele dia em que falei com ele quando invadiu a loja, ele desapareceu. Segundo minha mãe, viajou para o Alasca, onde assumiu a diretoria de uma empresa. Eu o queria longe, mas ele bateu o recorde de afastamento.
Que seja feliz! Espero realmente que ele encontre uma mulher que o ame. Quem sabe ele derreta o coração de uma esquimó.
Eu rio.
— Do que você está rindo?
Deus! Com Hassan não passa nada!
— Pensando na vida, de como eu sou feliz.
Kaliq para de mamar, eu o ergo e dou umas batidinhas em suas costas para ele arrotar. Ele já está com seis meses, está bem pesado já.
— Posso pegá-lo? — Hassan pede.
Hassan é todo desajeitado para pegar o filho, geralmente eu o coloco no colo dele.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....