À medida que os ponteiros do relógio se aproximam do horário do almoço, Raissa fica mais nervosa. Já tínhamos previamente orientado os seguranças com a entrada do carro dos Akhenaten.
— Você acha que estou bem mesmo neste vestido?
Eu balanço a cabeça com um sorriso.
— Você está perguntando para a pessoa errada, eu sou suspeita para opinar. Lembre-se de que esse vestido tem a minha assinatura. E você está linda. Como não estaria? Eu que fiz!
Risos descontraídos.
O vestido é preto, todo bordado, com lindos detalhes em branco nas pontas, nas mangas e no decote canoa.
Raissa, então, solta o ar e vai até o espelho da sala de jantar e se olha novamente. Ajeita as madeixas negras. O cabelo dela está solto. Está comprido, um pouco abaixo dos ombros.
Hassan entra na sala vestido como um árabe que ele é. Está usando um kandoora branco e sandálias nos pés. Ele passa os olhos apreciando meu vestido azul-marinho de “mulher recatada”, que não marca meu corpo, de meia manga e decote canoa.
A casa cheira à essência que sai dos dois Bakhoor de bronze acesos. Tudo pronto para recebê-los.
Hassan me abraça. É nítido que ele está feliz.
— Por favor, me diga que esse tipo de relacionamento dá certo! — suplico a ele.
— Raissa já vem sendo preparada para esse tipo de relacionamento. Ela está feliz, não percebe? Esse seria o papel do meu pai, arrumar uma boa família para ela, mas com a morte dele transfere para o irmão mais velho.
Eu assinto, mas, ainda cheia de dúvidas, pergunto:
— E essa família? Segue os costumes? São muito rígidos?
— Não, minha irmã não aguentaria se eles fossem muito religiosos. Os chamados verdadeiros muçulmanos ou islâmicos. Os dois termos são a mesma coisa. Se eles fossem assim, ela estaria usando o véu agora.
Soltei o ar aliviada.
A campainha toca.
— São eles — Raissa diz, e corre para o meu lado. Hassan vai até a porta recebê-los.
A família entra. Eu me surpreendo com a aparência deles. O senhor grisalho é elegante. Usa um terno negro, camisa branca, gravata preta e colete cinza. A senhorinha é muito simpática, logo que nos vê abre um sorriso. Ela se veste com elegância. Um vestido com um corte bonito, preto, por cima um casaco preto com a gola feita de pele.
Então entra o rapaz. Rasaf Akhenaten.
Hum, charmoso.
Ele é magro, da mesma estatura de Raissa. A pele morena-oliva. O cabelo negro brilha e está muito bem penteado para trás. Ele olha para nós duas, mas seus olhos se fixam em Raissa. Ela não tem os traços do seu povo. Seu rosto é bem inglês, mas com certeza ela é mais parecida com uma árabe do que eu.
Hassan toma a minha cintura e nos apresenta para eles.
— Essa é Karina Hajid Addull Ala, minha esposa. E minha irmã Raissa.
O rapaz se aproxima dela e se inclina com um sorriso.
— Encantado. Sou Rasaf Akhenaten. E esses são meus pais, Zair Akhenaten e Yunet Akhenaten.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....