Achei que Davi ficaria furioso, que me acusaria de estar exigindo demais. Mas, para minha surpresa, ele apenas fez uma breve pausa antes de responder:
— Certo, nos vemos à noite.
Há três anos, nós dois fundamos uma marca de roupas chamada Lustre & Gala, que hoje é um verdadeiro sucesso.
Na época, Davi entrou com o capital, e eu entrei com a expertise criativa, como sócia técnica. Agora, a empresa está avaliada em centenas de milhões, pronta para abrir capital na bolsa. O futuro é promissor. Mas, para ficar com Clara, ele está disposto a me entregar tudo. Parece que isso é o que chamam de amor verdadeiro, não é?
Olhei para a casa abarrotada de itens do casamento e senti um nojo que me corroía. Tudo parecia tão ofensivo aos meus olhos que, por um instante, desejei tacar fogo em tudo. Chamei uma equipe de mudanças e dei ordens claras: que empacotassem tudo que fosse relacionado a Davi e levassem embora.
Graças a Deus! Ainda bem que eu sempre insisti em esperar pela noite de núpcias para consumar a relação. Pelo menos não precisei pagar com minha dignidade. Isso seria ainda mais nojento.
Com a casa finalmente arrumada, troquei de roupa e fiz uma maquiagem impecável. Assim que terminei, ouvi o som do motor de um carro no jardim.
Davi tinha chegado. E, para minha surpresa, ele não estava sozinho. Veio acompanhado da mãe, Eduarda Castro.
Fiquei levemente surpresa. Talvez ela estivesse com medo de que o filho saísse perdendo e, por isso, veio pessoalmente negociar comigo?
— Chegou. — Sentei-me no sofá, de forma elegante, sem fazer nenhum movimento para cumprimentá-los. Depois de um breve aceno para Davi, lancei um olhar para Eduarda. — Então você também veio, Sra. Eduarda.
Eduarda, visivelmente desconfortável, forçou um sorriso e disse:
— Já deveria estar me chamando de "mãe", não? Por que voltou a me chamar de Sra. Eduarda?
Sorri, mas fui direta:
— Minha mãe faleceu há anos.
A mensagem era clara: você não é digna desse título.
O rosto de Eduarda ficou lívido, como se tivesse levado um tapa. Toda a expressão desapareceu de sua face num instante.
Davi também ficou com a expressão tensa. Ele se aproximou e tentou suavizar a situação:
— Kiara, quem errou com você fui eu. Não coloque a culpa na minha mãe.
— "Filho sem educação, culpa dos pais." Você está dizendo que a culpa é do seu pai, então?
— Kiara! — Davi aumentou o tom de voz, claramente irritado.
Eu dei de ombros, com um sorriso irônico, demonstrando que aquilo não me afetava em nada.
Eduarda puxou Davi pelo braço, sussurrando:
— Fale direito. Não briguem.
Davi respirou fundo, tentando se controlar, e sentou-se na poltrona ao meu lado. Tirou um documento da pasta que trazia e o colocou na mesa diante de mim:
— Aqui está. Como você pediu, toda a empresa agora é sua. E o nosso noivado está oficialmente cancelado.
Estendi a mão para pegar o contrato e comecei a folheá-lo.
— Empresa é empresa. Mas você levou meu vestido de noiva. Vai pagar por ele, não vai? — Ergui os olhos para ele, com um tom frio e calculado.
Davi franziu a testa, claramente não esperava que eu fosse tão meticulosa:
— Quanto custa o vestido?
— Preço de amiga: um milhão.
Eduarda, incrédula, quase engasgou:
— Kiara, isso é um roubo!
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