Além do horizonte romance Capítulo 53

Nos dias que seguiram Atílio sempre ia ver o filho e Guadalupe na fazenda.

–Temos que marcar logo a data do nosso casamento, mal posso esperar para te os dois comigo. – Atílio falou para Guadalupe.

–Eu também quero muito Atílio, mas vamos esperar pelo menos mais alguns dias. Não fica bem que eu tenha enterrado o marido e a poucos dias já me case novamente.

– Me perdoe por intervir, mas todos na vila sabem as circunstâncias que te levaram a se casar com Igor. Não acho que tenha que se preocupar com falatórios. – Ester disse sorrindo, queria ver logo a filha feliz.

– Certo, vamos marcar a data para daqui a um mês. – Guadalupe escolheu a data e todos ficaram felizes.

–Espero que esse mês passe muito rápido. – Atílio exclamou.

–Dona Ester, temos mais uma visita. – Nádia anunciou a chegada de Luíza.

– Bom dia Lupe!

– Finalmente veio me ver. – Guadalupe falou sorrindo e Sebastião logo os cumprimentou também.

– Patrão, bom dia.

– Agora que tudo ficou esclarecido e olhando bem, Benjamin se parece com Atílio. – Luíza falou deixando Atílio ainda mais feliz e ele respondeu.

– Mas tem os olhos lindos da mãe.

Luíza

E algo nele me parece familiar, ele tem a mesma pinta no pescoço que Amélia tem. Sempre achei estranho todo o cuidado dela com Atílio, será que ela é...mãe dele?

Não, não poderia ser!

– Atílio e Guadalupe vão se casar de novo. – Leonel anunciou.

– Nossa separação foi um grande equívoco, mas nada que não possa ser consertado. Dentro de um mês eu terei a minha vida de volta. – Atílio disse.

Guadalupe sorriu e Luíza colocou a pequena nos braços dela.

– Ela e Benjamin serão bons amigos.

– Sim Lupe e decidimos chama-la de Isabela. – Luíza revelou o nome da filha.

– Lindo nome!

Sebastião

Era bonito ver como Benjamin já estava apegado a Atílio, era como se os laços de sangue gritassem mais alto do que qualquer outra coisa.

– E estamos aqui para convidar os dois para serem os padrinhos de nossa filha.

– Claro Sebastião, claro que aceitamos. – Atílio concordou, mas Ester pediu que esperassem um pouco mais.

– Mas o batismo precisa acontecer depois do casamento deles.

– Por que esperar tantos dias mamãe?

– Não dá boa sorte Lupe.

– Então por favor esperem, já chega de tantos problemas. – Atílio pediu.

É claro que vamos esperar! – Luíza sorriu ao concordar.

Delegado

Celina é jovem e bela demais para passar a vida na cadeia, não seria justo, mesmo que me custe o cargo, eu vou ajudar ela a sair dessa situação e tem que ser logo.

Jamile estava em casa cuidando do filho e muito feliz com a gravidez, iria contar para o pai hoje mesmo durante o jantar. Haviam convidado ele e Guadalupe, dona Ester e Leonel iriam juntos, pois eles ainda não estavam casados novamente.

Ouvi baterem na porta, fui abrir enquanto Héctor brincava no chão com seus cavalinhos de madeira. Era uma moça, quase da minha idade e parecia estar bem nervosa.

– Vim buscar o meu filho! – Aquela jovem disse, mas Jamile não se intimidou.

– Héctor é meu, deram ele para que eu pudesse cuidar. – Jamile gritou.

– Mas é meu filho e eu vim buscar.

– Só por cima do meu cadáver. – Jamile respondeu tomando uma atitude.

Peguei ele do chão e abracei forte, aquela mulher não estava sozinha e o homem que estava com ela me apontou uma arma. Eu comecei a chorar e aquela mulher horrível pegou ele dos meus braços, Héctor chorava assim como eu.

– Para o seu bem, não venha atrás de nós! – Sofia avisou para Jamile e ela ficou desesperada.

– Por favor, não.

Eles foram embora em cima de uma charrete, eu queria não me sentir tão covarde e inútil. Por que Deus permitiu que me tirassem ele assim? Não é justo e eu tenho que agir. Montei no cavalo de Gabriel, ele havia deixado ele ali para trabalhar com meu pai e estava usando o carro dele.

Saí perguntando por Gabriel a todos que eu via, ele precisava ir buscar nosso filho das mãos daquelas pessoas cruéis. Acabei fazendo o cavalo correr demais...

Um dos peões de Atílio viu Jamile caída no meio da estrada, eles a levaram para a casa do patrão.

– Vá atrás do patrão agora mesmo Josué, ele está na fazenda de Guadalupe. E Paulo vá buscar Gabriel e rápido. –Jacinto pediu desesperado.

– O que aconteceu? – Amélia perguntou, vendo a moça ser carregada por um deles para dentro de um dos quartos.

– A encontramos caída no meio da estrada, ela caiu do cavalo de Gabriel.

– Meu Deus, Jamile está grávida e não pode ter acontecido o pior. – Amélia falou preocupada.

– Então é melhor que a senhora comece a rezar.

Josué chegou bem rápido na fazenda e Ester pediu que ele entrasse.

– O que aconteceu? – Atílio perguntou para Josué.

– Sua filha senhor, ela caiu do cavalo e Jacinto a levou para sua casa.

– Vá buscar o médico na cidade e rápido. – Atílio pediu e seu coração estava acelerado de pavor.

– Á cavalo não ele irá demorar demais, você sabe dirigir? – Guadalupe avisou e Josué respondeu.

– Não senhora.

– Então pegue o carro Atílio e iremos buscá-lo.

– Sim Lupe, por favor Sebastião e Luíza vão até minha casa e cuidem dela.

– Claro, claro que vamos. – Sebastião concordou e Ester se prontificou a cuidar das crianças.

– Eu fico com os bebês!

Logo Paulo encontrou Gabriel e ele ficou desesperado e foi direto para a casa de Atílio. Jamile ficou desacordada por horas e nem com álcool Amélia conseguiu despertá-la, até que Atílio e Guadalupe chegaram com o médico.

– Vou subir para ver como ela está. – O médico avisou, Gabriel e Atílio foram com ele.

– Eu vou com o senhor.

– Espere aqui princesa, eu vou com eles. – Atílio pediu que Guadalupe esperasse e ele subiu as escadas com o médico e Gabriel.

– Volte depois para nos dar notícias.

– Claro que sim princesa. – Atílio respondeu.

Os três subiram o médico fez alguns exames e tentou mais uma vez despertá-la com uma solução de odor forte e dessa vez conseguiu.

– Está me ouvindo Jamile?

– Sim doutor!

– Isso é um bom sinal e ela sabe com quem está falando.

– Você é inconsequente, sabendo do seu estado e que está no início da gravidez. O que diabos queria andando a cavalo? – Gabriel brigou e Jamile pediu para que ele trouxesse seu filho.

– Levaram nosso filho embora Gabriel, você tem que buscar ele para mim!

– E por causa de um menino que sequer tem nosso sangue, você se arriscou assim? – Gabriel questionou, deixando Atílio irritado.

– Saia do quarto, agora! Se não quer dar paz a minha filha que precisa se recuperar, saia. – Atílio gritou e o médico reforçou o pedido.

– Gabriel, por favor não pode deixar a moça nervosa.

Gabriel saiu irritado.

– Não fique nervosa filha, eu vou trazer seu filho de volta. Mas agora você tem que ficar tranquila.

– Jura para mim pai, ele foi chorando. Ele me ama como eu o amo também. – Jamile chorou ao se lembrar.

– Eu juro!

– Mas agora me deixe realizar os exames. – O médico comunicou e Atílio iria se retirar.

– Sim, vou deixar os dois a sós e esperarei aqui na porta do quarto.

– Sim senhor. – Jamile concorda.

Atílio saiu e estava muito preocupado com ela, não queria nem imaginar como seria se ele tivesse perdido o filho.

– Atílio, entre. Eu já a examinei.

– E? – Atílio perguntou para o médico.

– Ela teve uma hemorragia pequena, mas felizmente não perdeu o bebê.

– Graças a Deus! – Atílio exclamou.

– Jamile deve seguir em repouso e sem preocupações.

– Sim, cuidaremos dela doutor.

Atílio pagou pela consulta e desceu as escadas com o médico para avisar a todos que ela e o bebê estavam bem.

– Graças a Deus! – Luíza falou com as mãos postas.

– Ela não vai desistir de ter o menino de volta.

– E por que você não vai atrás dele e o trás de volta, Gabriel? – Sebastião pergunta.

– Não sei onde procurar. – Gabriel respondeu e Luíza logo completou.

– Mas eu sei, sei onde Diane mora e ela vai nos dizer para onde levaram o menino.

– Vamos agora mesmo! Mas antes preciso pegar uma coisa. – Atílio falou se levantando.

Todos ficaram com medo de que fosse a arma, mas não. Atílio foi até o escritório e abriu o cofre pegando uma boa quantia.

– Agora vamos. – Gabriel falou.

Longe dali

– Esse garoto não para de chorar, vai me deixar maluca com tantos gritos.

– Deve estar sentindo falta daquela moça que cuidava dele.

– Então vamos levar de volta Alonso!

– Que espécie de mãe é você Sofia? Ele é nosso filho, não vou deixar que se desfaça dele dessa forma.

Atílio, Gabriel e Luíza foram de carro até a casa de Diane.

– Por favor, me diga onde os pais biológicos de Héctor moram?

– Ela eu não sei Luíza, mas ele tem uma cabana no fim da estrada de terra. Quase atrás da igreja e não é nada difícil de encontrar. – Diane respondeu.

– Obrigada! – Luíza agradeceu.

Eles não tinham tempo para explicar o que estava acontecendo e forma bem rápido para lá. Ao longe ouviram o choro do menino.

– Não podemos ser agressivos, vamos tentar convencê-los a entregar o garoto. – Luíza os avisou que deveriam ir com calma, mas Atílio já tinha um plano para abordar aquelas pessoas.

– Isso pode deixar que eu vou fazer!

Gabriel e os dois foram até lá, bateram na porta e Alonso ficou na defensiva ao ver aquelas pessoas bem vestidas na porta de sua humilde casa e Atílio respondeu.

– O que querem? – Alonso perguntou e Atílio respondeu.

– Conversar e é sobre o menino.

– Ele é nosso filho!

– Sim, nós sabemos disso. Queremos apenas conversar amigavelmente com vocês dois. – Atílio falou em um tom de voz mais suave.

O garoto reconheceu Luíza e correu para os braços dela, sempre estavam juntos na escola.

– Está bem, mas sejam breves! – Sofie concordou em ouvir a proposta deles.

– Minha esposa e eu nos apegamos muito a ele. Amamos o filho de vocês de todo o nosso coração e demos tudo o que ele precisa no tempo em que esteve conosco. – Gabriel falou e Alonso respondeu.

– Mas agora as coisas mudaram e eu quero ficar com ele.

– Sim eu entendo, mas acho os dois são muito jovens para ter uma responsabilidade tão grande assim. Precisam aproveitar a vida e quem sabe fazer uma viagem por todo o condado. – Atílio usou as palavras ao seu favor.

– Para isso é necessário muito dinheiro senhor Atílio! – Sofie entendeu onde precisaria chegar para conseguir o que queria e Atílio mostrou a ela.

– Acho que isso, ajudaria a começar.

Ele colocou o dinheiro sobre a mesa, os olhos dos dois brilharam. Alonso logo começou a contar.

– Suponhamos que a gente aceite... – Alonso ironizou.

– Não sou um homem de suposições, essa é só uma parte do dinheiro. Se aceitarem, iremos até o tabelião para que Jamile e Gabriel passem a ser pais dele perante a lei. Não levem a mal, mas só para garantir que a grande quantia que vou dar a vocês, seja o bastante.

– Eu aceito. – Sofie respondeu para Atílio.

Alonso não queria parecer tão claramente que estava vendendo o filho, mas apenas acenou positivamente com a cabeça. Luíza ficou tão feliz em poder sair dali levando o filho da amiga de volta. Eles saíram e antes de entrarem de novo no carro com o garotinho.

– Não sei o que dizer diante da sua hombridade Atílio, quisera eu, ter sua sensibilidade e astúcia. Ainda tenho muito o que aprender nessa vida!

– E vai aprender Gabriel, o que fiz hoje aqui é apenas uma amostra do que sou capaz de fazer pelas pessoas que eu amo. Vamos para casa levar o pequeno para Jamile. – Atílio respondeu.

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