Casada por acidente com o CEO romance Capítulo 129

Edineide Santos da Rosa

Recebi uma ligação da Luana, mas foi só para me estressar:

— O quê? Como assim, que aquela vaca fez tudo isso?

— Sim, Edineide. A bailarina estava envolvida, elas eram primas...

— PRIMAS? SÓ PODIA, TER ENVOLVIMENTO DAQUELA MARRECA NEGRA DO SATANÁS! SE EU TIVESSE AÍ, TERIA ENTERRADO VIVA AQUELA VACA DA JENNIFER! — cheguei a sentar para não engasgar com o suco.

O Ulisses chegou perto, mas eu o empurrei.

— Espera, Ulisses! Agora não... preciso ouvir tudo, faço questão de ir lá ajudar a resolver o assunto! — me olhou desanimado, enquanto a Luana continuava contando:

— Agora o pior já passou, todos ficaram bem, embora a Elisa...

— Vai me dizer que...

— Sim, ela morreu...

— Deus ouviu as minhas preces, aquilo lá é enviada do coisa ruim, minha filha! Agora você vai ter paz!

— Sim, espero que sim.

— E, o Louis? Conseguiu se resolver? Acordou pra vida?

— Coitado, Edineide... O que você tem, que está irritada, hoje? — fui saindo de perto do Ulisses, e fui ao jardim para reclamar.

— Ah, menina! Eu estou desconfiada com uma coisa...

— Que coisa, Edineide?

— Eu ainda não sei, mas vou descobrir!

— Ai, Edineide...

— Ulisses começou a sair todos os dias no mesmo horário. Um pouco antes do almoço ninguém encontra o fujão. Tipo... ele faz de tudo para a gente almoçar cedo e depois vira mágico!

— Mágico?

— É, desaparece! — ela gargalhou.

— Ele está morando aí com você?

— Não, mas quando fica aqui, ele sai no mesmo horário e some por quase duas horas, volta suado e vai tomar banho, estou ficando irritada.

— Não perguntou a ele sobre isso?

— Eu não! Até parece que vou dar a ideia, prefiro investigar por mim mesma, sou muito desconfiada.

— Acha que ele tem outra?

— Minha filha, se tiver, mas olha... eu arrebento esse homem! Vai levar uma surra de camiseta molhada, que vai ser bonito de ver!

— Jesus, Edineide... por isso o Igor é desconfiado até quando ouve o seu nome!

— É bom, mesmo! Ele tem sorte que nem vi ele mais!

— Não brigue com ele...

— Luana, o Ulisses vai sair... a gente almoçou cedo como de costume, e ele tá saindo, vou atrás! Beijos...

— Beijos. Boa sorte, Edineide! — desliguei a ligação.

Eu me escondi atrás daquela velha árvore da casa do Louis, estava com o meu coração batendo forte no peito. Tinha certeza de que algo estava errado, de que o Ulisses estava me traindo. Vi quando ele saiu de casa apressado, com um olhar esquisito, e aquilo acendeu um alerta em minha mente, olhava para os lados o tempo todo.

Segui-o sorrateiramente, mantendo uma distância segura. Ele caminhou por ruas familiares, mas logo entrou em um beco esquisito que fica logo na rua de trás ao condomínio sofisticado em que eu trabalho. A adrenalina percorria as minhas veias enquanto eu o via conversar com um homem no final da rua. Eles trocaram algo, uma grande sacola que me fez arregalar os olhos. Minha mente rapidamente conectou os pontos: drogas, ou traição? Aquele filho duma égua, me paga!

Eu me encolhi ainda mais, as sombras do beco me protegiam enquanto eu observava. Meu corpo tremia, parte de mim querendo confrontá-lo ali mesmo, outra parte me implorando para descobrir mais. Ulisses e o homem se separaram, e eu decidi segui-lo mais uma vez.

Ele parou no meio da rua, e quase me joguei atrás do primeiro carro parado que eu vi, mas para o meu azar, pisei num prego, e mesmo colocando a mão na boca, saiu um gemido.

— Merda... — a desgraça do prego furou o meu chinelo, e ainda precisei puxar o maldito, gemendo outra vez. Aquilo doía demais, como pode um negócio tão pequeno, causar uma dor tão grande?

— Tem alguém, aí? — Era ele... Puts! Só pode que ouviu e desconfiou. “Pensa, Edineide... pensa!“ Ele não pode descobrir agora... não agora, que você está tão perto da verdade.

— Miau... miau! — miei como uma gata e fiquei quase sem respirar, esperando que ele deixasse passar e continuasse, assim eu poderia descobrir o que ele esconde.

Fiquei aliviada quando ouvi o barulho dos passos dele outra vez, que continuou andando. Esperei um pouquinho, levantei parte do corpo, e quase morri de dor no pé ao pisar, mas eu precisava continuar, então levantei a cabeça e vi quando dobrou a esquina e me apressei em ir atrás.

Finalmente, ele parou em frente a um edifício abandonado. Esperei, contando os segundos, antes de decidir me aproximar com cuidado, aos poucos. Minhas mãos suavam, meu coração estava quase saindo pela boca. Abri a porta com cuidado e entrei, encontrando uma cena que me deixou sem palavras.

Lá estava Ulisses, cercado por crianças sujas e descalças, todas olhando para ele com sorrisos radiantes. Ele estava distribuindo comida, roupas e brinquedos que havia trazido naquela sacola. Os meus se olhos encheram de lágrimas... sou chata, mas também sentimental... enquanto eu observava o verdadeiro motivo por trás de suas ações.

A vergonha me atingiu como um soco no estômago. Eu havia deixado a minha desconfiança e insegurança me cegarem completamente. Ulisses estava longe de me trair; na verdade, ele estava ajudando aqueles que mais precisavam. Percebi o quanto o amava naquele momento e o quanto eu precisava aprender a confiar mais nele. Depois de tudo o que passei na vida, tenho muita dificuldade em confiar, mas isso precisa mudar.

Saí do esconderijo e me aproximei devagar. Ele me viu e seus olhos se arregalaram por um instante, antes de um sorriso gentil se espalhar por seu rosto.

— Edineide, deixei você preocupada? — ele disse suavemente. Eu apenas balancei a cabeça, sem conseguir conter as lágrimas. Nos abraçamos ali, naquele lugar improvável, onde minhas suspeitas infundadas se dissiparam diante do verdadeiro caráter de Ulisses.

— Sim, fiquei preocupada...

— Podemos fazer isso, juntos. E, olha, essas crianças adorariam conhecer você, a mulher que me inspira todos os dias.

— Eu adoraria conhecê-las também. E me desculpe por duvidar de você... eu pensei várias coisas!

— Isso não importa! Vem dar um oi para eles.

— Você que é a Edineide? — uma pequena perguntou e eu a respondi.

— Sim, anjinho! Sou eu...

— Vem ver o carrinho que eu ganhei, tia! — um menino se aproximou. Havia uma pequena que se preocupou apenas com a comida, e outra me abraçou pela cintura, deveria ter no máximo dois anos.

— Tem bebê na barriga dela, tio! Eu vou abraçar...

— Não tem nada, aí! Pode sair, criança! — fiz sinal, mas a criancinha invocou com a minha barriga. Manquei para sentar até uma cadeira velha, e ela foi atrás, toda amorosa, abraçando ali, e só então o Ulisses arregalou os olhos quando viu o meu pé.

— Edineide, você tomou a vacina antitetânica?

— Não lembro...

— Então vou buscar o carro, a gente precisa ver isso, olha só como está!

— Eu acho bom buscar o carro, está doendo pra andar! — choraminguei.

— Fica com eles que eu já volto...

— Tá... — sorri amarelo, ainda estava bem sem graça.

Ulisses ao passar por mim, se aproximou bastante do meu ouvido e sussurrou:

— Eu volto logo, minha gata manhosa! — Piscou, e então percebi que ele já sabia que eu estava ali... droga! Que vexame!

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