O Amor Perdido romance Capítulo 23

Quando Credence chegou ao hospital municipal, chovia forte, com trovoadas e relâmpagos. Ao fundo, o som ansioso dos médicos que tentavam resgatar Rosalie...

"Rápido, peça ao banco de sangue para preparar bolsas de sangue Rh negativo!"

"A frequência cardíaca da paciente está baixa! Prepare o oxigenador e o desfibrilador. Rápido!"

Assim que Credence se aproximou da sala de cirurgia, ouviu Linda chorando e gritando. "Por que... Por que isso está acontecendo? Ah Rosie, querida, por favor, abra os olhos e olhe para mim. Médicos, eu imploro, por favor, salvem minha filha. Ela ainda é tão jovem. Acabou de fazer vinte e três... Minha única filha biológica. Por favor... Não importa quanto custe, contanto que vocês possam salvá-la! "

Rosalie entrara em choque.

Além de ter sido estuprada pelos bandidos, no estacionamento, foi atingida com muita força na cabeça. Ela tinha lutado pela vida por um dia e uma noite. Devido à perda excessiva de sangue, ela talvez não aguentasse mais. O hospital emitiu vários avisos de estado crítico.

Ouviram-se passos apressados do corredor vazio, até pararem ao lado de Linda. O corpo de Credence tremia sem parar. Ele confortou Linda: "Rosalie vai ficar bem!"

Linda chorava profundamente. A luz, do teto, iluminava seu rosto bem cuidado, que naquele momento parecia abatido e pálido.

Quando ergueu o olhar e viu Credence, era como se aquela fosse sua última esperança. Jogou-se sobre ele, agarrando seu braço, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

"Credence, eu sei que você é bem próximo de Jonathan Stanton. Por favor, peça que ele arranje os melhores médicos para salvar Rosie! Ela é tão doce, não ofendeu ninguém. Por que ela está sofrendo com ferimentos tão terríveis?

"Diga-me, foi tudo culpa de Dorothy? Sim, só pode ser! Ela deve estar com ciúmes do seu relacionamento com Rosie. Do seu amor por Rosie... Ah Deus, o que eu fiz de errado? Eu a adotei do orfanato e a tratei como minha própria filha. Eu a criei por vinte e seis anos e é assim que ela me retribui?"

"Dorothy, sua maldita ingrata! Você terá uma morte horrível por tratar Rosie desse jeito!"

Linda começou a chorar e gritou, histérica. O corredor vazio foi preenchido com suas imprecações.

Credence abaixou a cabeça devagar e entregou um lenço de papel limpo a Linda. "Madame Arnold, não se preocupe. Não vou deixar que nada aconteça com Rosalie!"

Naquele momento, o médico abriu a porta e saiu apressado. "Sr. Scott, o sangue Rh negativo do hospital está acabando. A Srta. Rosalie ainda precisa de cerca de 400ml. O que faremos?"

Aquele tipo de sangue era extremamente raro.

Havia centenas de médicos e enfermeiras naquele hospital, mas nenhum de seus tipos sanguíneos era Rh negativo.

Mesmo se quisessem doar sangue para Rosalie, nenhum deles poderia fazer isso.

O olhar de Credence congelou. Ele ficou calado por alguns segundos antes de perguntar: "Quanto tempo nós temos?"

"Uma hora. Quanto antes, melhor!"

"Certo."

Credence assentiu de leve e abriu a porta. Olhou pela janela de vidro para Rosalie, deitada imóvel sobre a mesa de cirurgia. Cambaleou e cobriu o rosto, escondendo suas feições profundas e as lágrimas que de repente surgiram do canto dos olhos.

Pelo que sabia, não havia muitas pessoas ao seu redor com sangue Rh negativo. Dorothy era uma delas.

Já que Rosalie estava à beira da morte por causa dela, nada mais justo que Dorothy doar seu sangue.

.....

Chovia torrencialmente. Além disso, trovões ensurdecedores acompanhados de relâmpagos pareciam rasgar o céu.

Dorothy apertou a barriga, com dor, o cabelo bagunçado grudado nos lábios. Estava tão fraca que não conseguia abrir os olhos. "Credence, não fui eu... não fiz nada com Rosalie. Não machuque meu filho. O bebê também é seu..." murmurou.

Alguém se abaixou, pegou sua mão e a confortou: "Não tenha medo. Está tudo bem. Seu bebê está bem..."

Logo depois, Dorothy gemeu de dor. Uma grande quantidade de sangue jorrou do inferior de seu corpo.

"Socorro! Salve meu bebê!"

.....

"Ah... como dói!"

De repente, sentiu uma dor aguda no abdômen e acordou do sonho, suando frio.

Pela janela de vidro, podia ver que estava escuro lá fora e chovendo forte, com trovões e relâmpagos aterrorizantes.

Ela lentamente desviou o olhar e encarou o quarto branco. Só então se lembrou de que estava em uma ala VIP do hospital. Ao relembrar o pesadelo, seu coração se apertou. Estava com tanta dor que mal conseguia respirar.

No dia da cirurgia, o médico olhou para o minúsculo embrião mergulhado em um recipiente, e disse com pesar: "Que pena, Srta. Fisher. Ele era um menino muito saudável."

Se não fosse sua fraqueza, seu filho ainda estaria em seu ventre, crescendo de forma saudável.

Depois de uma gestação completa, ele viria para este mundo e poderia conhecê-la.

Mas agora...

A criança partira. Ele foi morto por seu próprio pai, nada menos que isso!

Ela queria ficar longe de Credence, o assassino de seu filho, tanto quanto podia.

Seu coração doía um pouco mais cada vez que o via.

Não queria vê-lo nunca mais!

Naquele momento, Dorothy lembrou que foi Credence quem providenciou aquela enfermaria para ela. Ela empalideceu. Removeu com um movimento brusco o lençol branco e pulou da cama descalça, como se estivesse sendo perseguida por um monstro.

"Senhora, qual o problema? O Sr. Scott me pediu para alimentá-la com um pouco de sopa quando você acordasse."

Naquele momento, Maria saía do banheiro. Percebeu que Dorothy estava com uma expressão incomum. Pensando que ela pudesse estar com medo dos trovões e relâmpagos, puxou-a de volta para a cama e enrolou seu corpo trêmulo no lençol. "Seu corpo está fraco e o tempo está esfriando. Por favor, cuide-se bem e não pegue um resfriado. Não sei o que aconteceu com o Sr. Scott nos últimos tempos. Ele vinha do escritório várias vezes ao dia para cuidar de você... Senhora, o Sr. Scott é um homem bonito e poderoso. Muitas mulheres querem se aproximar dele. A senhorita Rosalie Fisher é apenas mais uma, não é? Sem falar que ela é sua irmã..."

"Se o Sr. Scott realmente mudar de ideia, você deveria apenas viver uma boa vida com ele. Opa... desculpe. Falei demais."

Abraçando os joelhos, Dorothy balançou a cabeça dolorida. Então fechou os olhos e suspirou. "Você não entende. Se eu realmente tivesse um lugar no coração dele, Rosalie não poderia fazer nada."

Acontece que a gentileza que sentira no sonho não era de Juelz e sim de Credence.

Mas... E se fosse Credence?

Sempre havia uma vida inocente entre eles. Não importava o que acontecesse, ela não poderia perdoá-lo.

Maria então serviu a Dorothy a sopa que ela trouxera.

No entanto, ela não conseguia sentir o gosto de nada. Depois de tomar menos de meia tigela, perdeu o apetite. Deslizou, fraca, e se aninhou na cama. Sua cabeça estava enevoada quando disse: "Maria, você pode, por favor, sair um pouco? Quero ficar um tempo sozinha".

Maria assentiu e saiu em silêncio.

A porta da enfermaria se abriu de uma vez e se fechou em seguida. Junto com o som de um trovão, os passos do homem eram firmes e furiosos. Aproximando-se cada vez mais de Dorothy até parar ao lado da cama.

Dorothy podia sentir uma rajada de vento frio em seu rosto. Virou a cabeça e abriu os olhos lentamente. Com a visão turva, encarou o homem que de repente apareceu diante dela.

Ninguém menos que Credence, o homem que ela mais amava.

Do lado de fora, o vento uivava e a chuva batia impiedosamente contra a janela, produzindo um som aterrorizante.

Ainda assim, era incomparável com o horror que Credence a provocava naquele momento.

Dorothy sentia que a luz estava muito forte, então mantinha apenas um abajur aceso. Sob a luz fraca, ela olhou para Credence, que parecia abatida e sombria. Seu rosto estava sombrio e seu peito subia e descia violentamente. Todo o seu corpo parecia conter uma onda de raiva incontrolável.

Ele a lançou um olhar frio e cruel, que ela nunca tinha visto antes. Ele parecia não querer nada além de matá-la naquele instante.

O tempo foi passando devagar.

Dorothy encarou imóvel o olhar malicioso dele. Recusou-se a mostrar qualquer sinal de fraqueza.

Por fim, Credence disse entre dentes, "Rosalie está morrendo. Satisfeita?"

Dorothy sentia uma dor lancinante no peito, mas não disse qualquer palavra. Tudo o que ela deu a ele foi seu silêncio.

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