O Egípcio romance Capítulo 7

— Allah! Quem é você para falar do meu povo? — ele diz, duro. — Meu povo é cheio de princípios. E presunção e vaidade não fazem parte do nosso vocabulário.

— Eh? Sua irmã me disse o contrário.

— Raissa não é referência. Nasceu neste país. Eu não, morei no Egito até os 18 anos — Deus, isso explica o sotaque.

Sua voz é tão nostálgica, sofrida, que me atinge. Sinto meu corpo reagir, enquanto desço os olhos por seu rosto, sua expressão de enlevo, sua boca tão sensual. Meu coração acelera e meu sangue se torna como lava líquida nas minhas veias, rápido e denso.

— Hassan, foi um prazer te conhecer. Bem, vou procurar Raissa.

Tento passar por ele, mas Hassan é muito rápido e se coloca na minha frente. Seus olhos procuram os meus. Ele tem genes notáveis no departamento de olhar sedutor. É uma pena que seja tão cafajeste, e eu tenho que me lembrar disso uma e outra vez.

— Você não me disse seu nome.

Eu tento controlar minha respiração.

— Karina.

— Karina, lindo nome — ele repete meu nome. Na boca dele, com aquele sotaque, fica mais lindo. Ele, então, respira fundo e diz: — Karina do quê?

Eu não respondo, tenho medo dele. Essa é a verdade, e digo:

— Olha, Hassan, foi um prazer dançar com você, mas preciso procurar Raissa. Ela deve estrar estranhando meu sumiço.

Ele se coloca novamente na minha frente quando faço menção de sair.

— Você está com medo de mim?

— Eu… Não!

Ele sorri.

— Não? Que bom! Então quero que saiba que gostaria de te conhecer melhor. Eu sei que nossa atração é mútua. Eu senti isso, e sei que você sentiu também.

Eu ofego. Droga! Não consigo me mover nem piscar. Tudo o que faço é olhar para ele, um calor se espalhando lentamente. Dentro de mim, o coração bate agitado, se enchendo de sentimentos inexplicáveis. Eu luto para me defender de tanta sensualidade. Não posso deixar a brandura tomar conta da raiva, preciso me apegar a ela para me defender.

Não queria ser tão transparente. Resolvo atacá-lo.

— O que foi, Senhor Hajid? Sou o seu entretenimento para esta noite? — pergunto, secamente.

Ele me bebe com seu olhar, sorri, um sorriso frio, e se aproxima mais de mim.

Deus! O perfume dele é muito bom!

— Se você fosse meu entretenimento para esta noite, o que menos faríamos é conversar — ele diz, sua voz é baixa e rouca.

Minha respiração se atenua com sua declaração dita de forma tão clara, e minhas bochechas se aquecem, por puro choque! Enquanto uma minúscula parte de mim concentra-se em lutar contra seu charme.

Eu ofego.

Deus! Ele é rápido nas palavras e nas reações. Toda vez que tento deixá-lo sem graça ele vem com uma resposta que me faz me sentir pior.

Preciso me apegar à inconstância dos sentimentos de Hassan e ao jeito como ele envolve as mulheres por meio de sutilezas. Não posso me deixar me envolver por um homem aventureiro como ele. Pensando nisso, aumenta a minha raiva. Mas não quero passar isso, e sim indiferença.

Eu balanço a cabeça, tentando sufocar a minha irritação. Não quero mostrar o quanto ele me abala e dou risada na cara dele.

— Hassan, desculpe-me, estou lisonjeada, mas eu não estou interessada.

Tento sair de sua presença novamente. Se havia um botão, eu acionei. Hassan me pega pelo braço e me puxa para os seus. Eu ofego. A respiração alterada dele sopra em meu rosto.

— Mulher alguma riu de mim. Você está me provocando com esse sorriso de pouco caso. E pretendo tirar esse seu sorriso agora mesmo.

Deus, eu o encaro como um coelho assustado. Hassan cobre a minha boca com a dele em um beijo possessivo. Na hora sinto o poder da atração que ele tem sobre mim. Forço-me a não corresponder. Ele, muito experiente, me puxa mais perto e me provoca com sua língua. Deus! A experiência é agradável, agradável demais.

Há uma grande excitação se revolvendo dentro de mim. A vontade que eu tenho é agarrá-lo e corresponder ao beijo. Mas me seguro, e fico como uma boneca de pano em seus braços, embora tenho uma vontade enorme de sentir a textura de seus cabelos.

Deus! Fica firme. Melhor é fingir desinteresse.

Ele se afasta, ofegante.

— Linda Karina. Sensações assim, tão intensas e cruas, assustam. Sei que se segurou, sei que está assustada… — Hassan afirma, com voz branda.

Ele, então, me afasta e espera minha resposta com olhos febris. Eu o encaro e limpo minha boca como se o beijo dele fosse algo desprezível.

— É esse seu melhor beijo?

Hassan fica de todas as cores. Graças a Deus eu ouço a voz de Raissa.

— Ah aí estão vocês — ela abraça o irmão pela cintura e, sorrindo para ele, pergunta: — Você conheceu minha amiga? Fiquei surpresa por escolhê-la para a dança.

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