Virgindade Leiloada romance Capítulo 11

Virgínia

Diante do horror evidente no rosto da Mariana, concordei com o seu desejo e decidimos que o melhor a ser feito era mesmo ir embora da boate. Já aproveitamos bastante e se eu não queria ter que ver o Murilo, entendia perfeitamente bem que ela não queria o mesmo e ficar frente a frente com o homem do leilão também.

— Vou apenas avisar ao Luan que estamos indo embora. — Mariana disse. — Ele está do outro lado do salão. Você me acompanha?

— Preciso ir ao banheiro. Você se importa em ir sozinha? — Falei com receio, mas precisava realmente ir.

— Não, sem problemas. — Mariana concordou e parecia mais tranquila. — Nos encontramos no bar?

Confirmei, pois, sabia que ela não queria continuar ali, na área VIP, correndo o risco de que o homem a visse, algo que, por muita sorte nossa, só não havia acontecido ainda por ele estar totalmente alheio ao que acontecia ao seu redor, tão entretido ele devia estar com seu grupo de amigos, que pareciam estar em sintonia com o grupo de mulheres, entre as quais algumas famosas, que estava na mesa ao lado deles.

Nos separamos, a Mariana e eu, e cada um foi em uma direção diferente. Eu segui na direção das placas indicativas, as quais sinalizavam a localização do banheiro e logo me vi em um extenso corredor, que seguia o mesmo padrão da casa noturna em iluminação, com suas luzes difusas e que mal se podia observar o rosto das pessoas, apenas olhando com bastante atenção.

Caminhei sem ao menos olhar para as pessoas que passavam por mim, vindo de todas as direções e quando estava prestes a entrar no banheiro, novamente aquela sensação estranha tomou conta de mim e olhei em torno, em busca do que poderia ter despertado aquela reação estranhamente inquietante, percebendo vários casais recostados pelo corredor, alguns apenas conversando, outros mais afoitos, aos beijos e abraços.

Mesmo parecendo estranho a quem me via, continuei olhando atentamente para as pessoas que estavam por ali, até encontrar o responsável por me deixar naquele estado de nervos louco e confuso e, para o meu desgosto, ele ainda estava agarrado a atriz famosa, seus corpos colados um ao outro e o clima era quente.

Constatei então que apenas o fato de estar no mesmo ambiente do homem que eu suspeitava ser o Murilo já era suficiente para me deixar daquele jeito confuso e, olhando com bastante atenção para o casal encostado na parede, trocando beijos quentes e talvez algo, além disso, comprovei que aquele era, com toda a certeza, o mesmo Murilo que arrematou a minha virgindade no clube Season Hot.

Ele estava de costas para os que passavam e a distância entre a porta do banheiro feminino e o lugar em que ele estava com a atriz famosa poderia ser enganadora, mas ao ver seus movimentos em direção ao corpo da mulher, a maneira como ele estava com uma das mãos segurando em sua cintura, enquanto a outra segurava a cabeça dela, me deu mais uma indicação de que seria o Murilo. Eu lembrava perfeitamente de como a sua pegada era intensa e enlouquecedora.

Apesar de já fazer quase dois meses e de eu o ter visto apenas uma vez, aquela foi suficiente para marcar aquele homem na minha memória e eu sentia arrepios de excitação só de me imaginar no lugar daquela mulher.

— Desculpe! — Uma garota, aparentemente da minha idade, falou, ao esbarrar em mim. — Fica parada no meio do caminho!

A olhei estarrecida, ao receber primeiramente um pedido de desculpas e, logo em seguida, um desaforo. Mas ela estava certa e eu estava realmente parada praticamente no meio da porta de entrada para o banheiro feminino, atrapalhando o fluxo de pessoas que entravam no lugar e decidi entrar logo de uma vez.

Antes, no entanto, olhei mais uma vez para o local em que o casal estava nitidamente fazendo sexo, sem se incomodar com mais nada além do desejo entre eles, mas eu imaginei que ter plateia não deveria ser problema para Lavínia Moura, pensei com cinismo, ao recordar de alguns papéis que ela já atuou e que em alguns, a sua personagem fazia coisas daquele tipo.

Sentei em um dos reservados e, apenas quando senti uma lágrima cair em meu colo, foi que notei estar chorando, sem nem mesmo perceber que o fazia. Mas a verdade é que estava doendo ver o Murilo daquela forma com outra mulher, que não eu. Doía ter que evitar encontrar o homem com o qual vivi momentos maravilhosos, pois aquilo não foi um encontro normal, algo comum, como acontecia diariamente.

Mas eu senti raiva e ciúmes ao ver ele daquela forma, mesmo assim. Claro que aquilo era uma loucura e eu não deveria pensar daquela forma, quando eu mesma não queria que ele me visse e, muito pior, que me reconhecesse. Ainda mais se considerar que eu não sabia realmente nada sobre ele, além de que era bastante rico, ao ponto de pagar quinhentos mil reais por uma virgem.

Isso, por si só, já era um motivo forte o suficiente para que eu não criasse expectativa alguma em relação ao Murilo, pois éramos pessoas de mundos totalmente diferentes e eu nem conseguia me imaginar nos mesmos ambientes que ele deveria frequentar.

Lembrei que a Mariana deveria estar à minha espera no bar, enquanto eu sofria por uma coisa que eu mesma já havia decidido que não tinha chance de acontecer. Saí do reservado às pressas, tal qual um furacão, sem nem mesmo ter feito aquilo para o qual fui até lá. Ao sair, evitei olhar na direção que eu sabia que o casal estava, mas no último instante, não me contive e me virei de costas para olhar para eles.

Para minha total consternação ele, que ainda estava abraçado a Lavínia Moura, mas não mais em “movimento”, estava olhando coincidentemente na mesma direção em que eu estava, agora parada, em choque, pois aquele homem era, de fato, o mesmo Murilo com o qual perdi a minha virgindade algumas semanas atrás!

— Summer!? — Mas li em seus lábios, que ouvi propriamente o meu nome e, sem saber o que fazer, apenas me voltei em direção à saída do corredor e… caminhei a passos largos, fugindo daquele confronto.

Caminhava me questionando, como, em uma cidade enorme do jeito que São Paulo era, eu e a Mariana encontrávamos os homens com os quais tivemos nossa primeira noite de sexo, de forma tão pouco comum?

— Vamos embora daqui, amiga. — Disse para a Mariana, ao encontrá-la sentada em um dos bancos do bar.

Vi que ela aparentemente estava tomando uma bebida, só me dando conta do fato naquele exato instante e franzi o cenho, estranhando aquilo, tendo em vista que ela havia pedido para ir embora, mas agora parecia desejar continuar na boate.

— Eu… — Começou a falar, mas logo se interrompeu e eu a olhei confusa, sem conseguir entender mais nada, ao presumir que ela iria pedir para ficar.

— Você mesmo não estava pedindo para ir embora? — Falei de maneira direta, pois eu queria ir embora, mas também não poderia deixar a minha amiga sozinha.

— Não fique chateada comigo, amiga. — Mariana disse, me deixando com a certeza de que ela realmente queria ficar e estava com vergonha de dizer aquilo de maneira clara.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, olhei ao redor e notei o homem sentado no banco ao lado da Mariana, visivelmente atento a nossa conversa. Estava prestes a falar um desaforo para o curioso, pois estava nítido que ele ouviu o que falávamos, mesmo ele sendo lindo e aparentemente educado, quando de repente o reconheci como sendo um dos homens que estava na mesa e despertou a brusca mudança de comportamento, assim como a súbita vontade de ir embora da Mariana.

Olhei novamente para a minha amiga, já começando a entender o que estava acontecendo, mas me sentindo um pouco traída.

— É o que estou pensando? — Perguntei, olhando de um para o outro.

— O Jean pediu para conversar comigo e eu aceitei. — Mariana explicou e nenhuma outra palavra foi necessária, pois eu compreendi toda a situação.

— Eu vou chamar um táxi. — Falei, já conformada com a situação

Pensei em como a Mariana mudou do horror para o estado de encantamento em que parecia estar, dentro de apenas poucos minutos. Peguei o celular na bolsa apenas para conferir o horário, pois teria que pegar um táxi, sozinha, e dependendo do horário, eu não me sentiria muito segura fazendo aquilo.

Percebo então alguém parando exatamente ao meu lado, já segurando em meu pulso com uma intimidade apavorante, mas que não foi de medo, pois meu corpo reconheceu aquele toque. Foi horror, pois ao que tudo indicava, havia chegado o momento em que eu teria que enfrentar o homem com o qual passei uma noite maravilhosa, mas que eu não desejava nunca ter que estar frente a frente.

— Summer! - Ele disse, parecendo ter corrido até chegar ali. — Preciso falar com você.

— Está louco. Eu não sou Summer. — Falei, tentando um último recurso, ao fingir que não o conhecia. — Solta o meu braço.

— Por favor, não finja que não sabe quem eu sou. — Ele pediu, parecendo triste.

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