Depois da consulta com o doutor Clifford, onde o médico tentou me tranquilizar sobre as minhas alterações drásticas de humor e a montanha russa de sentimentos que se apossaram de mim nos últimos dias, eu me senti menos confusa com tudo o que estava acontecendo.
O médico foi bastante gentil durante todo o tempo, assim foi atencioso e disse que aquilo tudo que eu vinha acontecendo comigo se devia aos hormônios da gravidez e que era completamente normal o que eu estava sentindo.
— Para que vocês consigam lidar melhor com essas oscilações de humor da Virgínia, o mais interessante a ser feito é algo simples e pode ser feito de maneira fácil por vocês dois. — O médico nos disse durante a consulta.
— E o que seria, doutor? — Murilo perguntou.
— O diálogo entre o casal vai ajudá-los nessa primeira fase da gravidez, que é a de adaptação à gestação e a todas as mudanças que ela trás. — Ele explicou.
Murilo participou de modo ativo durante toda a consulta, tirando todas as suas dúvidas e até mesmo aquilo que eu ainda não havia parado para pensar, ele perguntou ao doutor Clifford.
Agora que estávamos no carro do Murilo, após sairmos do consultório médico, tudo o que eu queria era a minha casa, a minha família e a minha cama.
Mas, tudo o que eu poderia ter era a minha cama, pois a casa, o meu pai fez questão absoluta de deixar bastante claro que não era minha.
— Eu não gostei daquele médico desde o primeiro momento em que ele pôs os olhos sobre você, mas preciso admitir que ele foi bastante claro em suas informações durante a sua consulta. — Estava bastante claro que dizer aquilo foi algo realmente difícil para o Murilo.
— Pois eu gostei bastante do doutor Clifford. — Eu fiz questão de alardear mais uma vez. — Ele é muito gentil e educado.
— Eu também sou gentil e educado, Virginia. Mas não a vejo me elogiando.
Murilo pareceu um menino birrento ao dizer aquilo e eu não consegui conter o sorriso com a sua cara de cachorrinho que caiu da mudança.
— Eu sei que não tenho sido uma pessoa fácil, mas farei tudo o que o médico me orientou e vou realmente me esforçar para ser mais controlada a partir de hoje. — Eu disse em tom de promessa.
O Murilo usou a sua mão livre para segurar a minha e me encarou com o seu olhar repleto de carinho.
Naquele momento, o carro parou em um sinal vermelho e ele aproveitou para falar enquanto me encarava com atenção.
— Eu sei que essa gravidez não estava nos seus planos e que a forma como nos conhecemos te deixa totalmente na defensiva, mas vamos fazer aquilo que disse? Viver um dia de cada vez, sem pré julgamentos?
Antes que eu pudesse responder, o sinal abriu e ele soltou a minha mão, voltando toda a sua atenção para o trânsito movimentado do meio do dia.
— Eu sei que é o melhor realmente. — Eu concordei. — Mas não tenho colocado as minhas próprias palavras em prática, não é verdade? — Eu dei um sorriso sem graça, lembrando dos meus rompantes e me sentindo constrangida.
Ele me olhou com um sorriso lindo, que somente o Murilo conseguia dar e meu coração deu um pequeno salto no peito.
Aquele homem lindo, gentil e carinhoso estava me oferecendo o mundo e tudo o que eu fazia era criar obstáculos e dificultar a nossa relação. Aquilo precisava mudar. Eu precisava mudar.
— Não deve se preocupar comigo, Virgínia. — Murilo falou. — Como o médico disse, você está passando por grandes transformações nesse primeiro trimestre da gravidez e as coisas ficam um pouco confusas mesmo.
Mesmo que ele não estivesse olhando para mim nesse momento, eu estava atenta ao seu perfil e percebi que ele estava sorrindo e acabei sorrindo também.
— O que você acha de fazer as aulas de yoga e hidroginástica que aquele médico metido a seguro sugeriu que você fizesse? — Ele perguntou. — Acredito que ele possa estar certo e você se sinta melhor praticando exercícios leves.
— Vou pensar com calma. — Eu preferi não me comprometer com nada mais em que eu pudesse não cumprir.
Seguimos o restante do caminho em silêncio e quando chegamos a minha casa, mais um problema se colocou à nossa frente.
— Eu não acho uma boa ideia você sozinha nessa casa, sentindo esses mal estar repentinos.
Nós não havíamos conversado sobre isso e acredito até que o Murilo tinha acabado esquecendo sobre a situação atual.
Mas agora que estávamos em frente a casa dos meus pais, o assunto se apresentou com força total e até eu mesma não me sentia segura para ficar sozinha naquele momento.
— Eu poderia ficar com a Mariana, mas ela precisa cuidar da loja. — Comentei com pesar.
Como se já não bastasse o fato de eu não conseguir ajudar na administração do nosso tão sonhado empreendimento, eu ainda levar para a minha amiga ainda mais preocupação não seria nada justo.
Eu e o Murilo estávamos ainda dentro do seu carro, parado em frente a minha casa e ele me olhava com atenção, mas seus pensamentos pareciam estar analisando a situação, tentando buscar uma saída.
— Você poderia ficar comigo, em meu apartamento. — Ele sugeriu.
Quando ouvi a proposta do Murilo, a primeira coisa que me veio à minha cabeça foi que aquilo era impossível! Ficar no apartamento de uma pessoa totalmente desconhecida?
— Não acho uma boa ideia, Murilo. — Falei de imediato.
Mas tão logo as palavras saíram da minha boca, eu me arrependi. Precisava parar e pensar, antes de sair recusando tudo o que o pai do meu filho me propunha com a melhor das intenções.
E eu também não poderia dizer que ele é um completo desconhecido, quando nem mesmo quando ele era realmente aquilo, eu me senti ameaçada por ele.
— Eu sei que você ainda não se sente totalmente à vontade comigo e que ficar em meu apartamento é apenas mais uma coisa que não estava nos seus planos. — Murilo disse, demonstrando, como sempre, ter bastante tato. — Mas pense bem, Virginia. Ficar sozinha aqui não é a melhor opção agora.
É claro que o Murilo estava certo. Só me restava tentar fazer o melhor diante da situação na qual eu me encontrava.
Apesar de tudo estar aparentemente bem com a minha saúde, conforme os exames preliminares que o doutor Clifford pediu e que eu fiz hoje em sua clínica médica, eu poderia voltar a sentir tonturas e mesmo que hoje eu ainda não tenha sentido enjoos, isso não queria dizer que eles não voltariam mais.
— Eu vou arrumar as minhas coisas.
Acabei reconhecendo que ele estava totalmente certo no que ele disse e abri a porta do carro para fazer aquilo que falei.
Mas antes de chegar ao portão da frente da minha casa, Murilo já estava caminhando ao meu lado.
— Vou ajudá-la a fazer as malas. — Ele explicou, quando o olhei sem entender.
Eu realmente não tinha parado para pensar sobre isso, mas eu teria imaginado que alguém tão rico e importante como o Murilo, não iria se disponibilizar para fazer algo tão mundano como arrumar as malas de outra pessoa.
Mas, como ele estava disposto a isso, aceitei de bom agrado a sua ajuda e juntos começamos a tarefa de organizar tudo o que eu precisaria levar para o seu apartamento.
— O que você está fazendo? — Perguntei horrorizada.
Murilo estava com a gaveta das minhas calcinhas abertas e com uma delas esticada em suas mãos, a olhando com visível admiração.
— Larga a minha calcinha! — Eu puxei a que ele estava segurando e fechei a gaveta com um movimento brusco.
— Você tem certeza de que essa peça que estava em minhas mãos é realmente sua, Virginia? — Ele perguntou com divertimento.
— Eu gosto de calcinhas maiores, porque são ideais para algumas ocasiões. — Expliquei a contragosto.
— Aquilo não era uma calcinha maior… aquilo era uma calçola que cabia duas de você dentro. — Ele brincou, soltando uma gargalhada sonora.
Eu não gostei da sua brincadeira e tentei fingir que não me importei, mas antes que eu percebesse, uma lágrima já estava descendo dos meus olhos, assim como um soluço sofrido.
— Mas o quê… — Murilo perguntou, estacando ao ver as lágrimas descendo por minha face.
Foi algo que eu não pude controlar, e sem mais nem menos, o pranto descia descontrolado por meu rosto, sem que eu conseguisse fazer cessar o choro, ocasionado por um motivo tão tolo, mas que causou em mim uma grande comoção.
Após ter ficado momentaneamente sem ação, se aproximou de mim, me abraçando forte e segurando a minha cabeça de encontro ao seu ombro.
— Desculpa, meu amor. — Pediu, parecendo realmente arrependido. — Eu não tive intenção de te fazer chorar. Foi apenas uma brincadeira.
Eu não consegui responder nada, pois os soluços eram constantes e ininterruptos.
— Eu prometo que nunca mais irei fazer nenhum tipo de brincadeira como essa. Eu juro!
Eu sabia que estava sendo exagerada e dramática, mas era algo incontrolável.
— As suas calcinhas "maiores" são lindas. — Ele falou, enquanto massageava os meus cabelos.
Logo ele estava distribuindo vários beijos, que começaram por meus cabelos, depois em meu rosto e agora ele estava em meu pescoço.
— Você é linda, Virginia. Muito linda. — Ficou repetindo, entre um beijo e outro. — E eu sou completamente louco por você.
Aquela declaração conseguiu realmente mexer comigo e senti o coração disparar dentro do peito, tamanha a emoção que tomou conta de mim.
Segurei o seu rosto entre as minhas mãos e procurei os seus lábios com os meus, beijando com fome e desejo, sentindo todo o meu corpo em ebulição.
— Eu quero você, Murilo.
— Eu amo você, Virginia.
Ele falou aquilo sem sombras de incertezas ou dúvidas, parecendo totalmente convincente, enquanto eu só criava mais e mais obstáculos em minha cabeça paranóica.
Sua boca pressionou a minha com firmeza e sua língua me invadiu, buscando a minha e me levando ao delírio, com a forma como ele chupava e mordia meus lábios, imitando aquilo que ele havia feito em uma outra parte do meu corpo e que tinha conseguido me levar ao orgasmo várias e várias vezes na noite anterior.
Não havia mais lágrimas, nem muito menos dúvidas agora, apenas desejo e fome de mais daquilo que ele estava me oferecendo.
Eu queria aquele homem para mim.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Virgindade Leiloada
Quando vai lança a história do Ethan e Mariana,já estou ansiosa para lê essa história deles....
Bom livro.ja tem história da Mariana e Ethan?...
A história é ótima,...